Realizou-se ontem, dia 18.12.11, a Primeira Caminhada Vocacional para Jovens, da Paróquia Irmã Lindalva, Cohab – Assu/RN. A caminhada iniciou com a Celebração Eucarística, presidida pelo Padre Jerônimo, às 17:30h e após encerramento deu-se início a caminhada, descendo pela Avenida Senador João Câmara com Trio Elétrico e grande arrastão. Durante a caminhada houve três paradas para testemunhos: um casal, Irmã Ana Regina (Religiosa) e um jovem, com o objetivo de despertar vocações jovens para a Igreja. O encerramento da caminhada aconteceu por volta das 20:30h, na quadra do Educandário Nossa Senhora das Vitórias, com a apresentação teatral, ao vivo, da história das Mártires do Drina, encenada pelos Associados e a Infância Amor Divino de Assu/RN, cujo texto segue abaixo:
A cidade de Assu renova desde o mês de setembro, a mesma alegria que sentiu quando viu Irmã Lindalva ser Beatificada. Ainda estamos envolvidas por um clima de alegria, louvor e ação de graças a Deus pela Beatificação das cinco Mártires do Drina, Irmãs da Congregação das Filhas do Amor Divino. Sua memória faz referência a Jesus Cristo, elas também viveram a Paixão por cinco dias, doando suas vidas por amor ao Cristo Crucificado. Queremos hoje, vivenciar esses cinco dias de Martírio vividos pelas nossas Irmãs, seguindo seus passos, para que o testemunho deixado por cada uma delas renove nossa fé e amor a Jesus. Não devemos olhar para sua história como mulheres heroínas, mas como mulheres consagradas que doaram suas vidas a Deus e ao próximo, numa aliança de sangue com o povo a quem serviam. Cheias de amor e fé elas souberam carregar a cruz com dignidade e amor. Que a exemplo das Mártires do Drina também nós, possamos carregar nossa cruz com fidelidade e amor, pois sem sacrifício a fé enfraquece.
ENCENAÇÃO
CENÁRIO – Foto de Madre Francisca Lechner, Quadro das Mártires do Drina, Velas acesas, uma cruz grande com pano vermelho.
Era o ano de 1941, Bósnia, povoado de Pale, ali foi fundada a comunidade “Casa de Maria”, da Congregação das Filhas do Amor Divino. As Irmãs eram: (Entrada das Irmãs que se dirigem ao altar da Mãe Três Vezes Admirável) Irmã Berchimana (a mais idosa, com 76 anos), Irmã Jula (a superiora da casa), Irmã Antonija, Irmã Krizina e Irmã Bernadeta. Pale, era ponto de apoio para os viajantes que iam e vinham de Sarajevo. As Irmãs atendiam a todos os necessitados que batiam à sua porta. Na segunda Guerra Mundial a Bósnia vivia conflitos entre os Sérvios, mulçumanos e Católicos da Bósnia Oriental. As duas facções políticas, cetnik e sérvios viviam atritos violentos, atacavam as populações civis católicas e mulçumanas, e mantinham campo de concentração onde sacrificavam os opositores. As Irmãs viviam em meio a esses conflitos e experimentavam a dor de um povo indefeso e inocente, fazendo sua opção preferencial pelos pobres e necessitados.
As Irmãs rezando em frente ao altar.
1)Quarta-feira, 10 de dezembro de 1941, os soldados cetnik invadiram, saquearam e incendiaram o convento das Irmãs levando-as junto com o Padre Mesko que se encontrava no convento como prisioneiros (os soldados entram onde as Irmãs estão). Elas tiveram que enfrentar uma longa caminhada de quatro dias entre as montanhas, num frio de 25 graus negativos, caminhavam sem parar noite e dia (os guardas arrastam as Irmãs em caminhada). A primeira parada foi numa pousada de uma família ortodoxa, que defenderam as Irmãs e pediram para serem libertadas, mas não adiantou. Juntaram a elas um grupo de mulheres mulçumanas e croatas católicas (entrada das mulheres e adolescentes que se unem às Irmãs). Após meia noite chegaram a outro povoado, mas o dono não aceitou, elas ficaram do lado de fora da casa e retomaram o caminho.
JESUS CARREGANDO A CRUZ (Ofegante) – No caminho do calvário Jesus experimenta a dor causada pelo peso da cruz. Fragilizado pela violência, cai (Jesus cai). As Mártires do Drina também caíram em sua caminhada, mas sempre uma mão amiga as ajudava (as Irmãs caem e uma pessoa ajuda a levantar).
No caminho doloroso de Jesus, acontece o encontro de Nosso Senhor com sua mãe, a Virgem do silêncio (Jesus encontra Maria e um grupo de mulheres). Maria tem seu coração transpassado de dor ao ver Seu Filho ferido injustamente. A inocência do Filho é acolhida por aquela que o gerou . Ao acolher a missão, acolhe também as conseqüências da injustiça e condenação. Se o Filho sofre, a mãe sofre com ele. Foi isso que nossas Irmãs testemunharam, sofreram junto aos marcados para morrer pela ambição e desrespeito humano.
2)Quinta-feira, 11 de dezembro de 1941, o grupo de prisioneiras estavam na metade da montanha Rakovac, a aurora já apontava, quando o olhar de todos se voltou para trás e viram a “Casa de Maria” em chamas (As Irmãs em caminhada olham para trás, abaixam a cabeça tristes e continuam a caminhada). Continuaram a caminhada durante todo o dia e chegaram a uma pousada, mas o dono não aceitou, pois estava cheia de bêbados e criminosos. Sob ameaça dos soldados retomaram o caminho (soldados empurram as Irmãs com força). Ali foram separadas do grupo das mulheres que retornaram ao seu lar (mulheres saem da caminhada e se separam das Irmãs).
3)Sexta-feira, 12 de dezembro de 1941, as Irmãs caminharam até amanhecer, foram acolhidas numa outra casa e ficaram trancadas no sótão com muitas crianças (Grupo de crianças do IAD sentadas no chão), ali aproveitaram para cumprir sua missão, brincaram com elas e falaram de Jesus (as Irmãs abraçam as crianças, fazem carinho e falam com elas, que ficam felizes), comeram pela primeira vez em três dias. Foram interrogadas por dois oficiais e uma mulher (dois homens e mulher diante das irmãs, interrogando-as), acusadas do assassinato de duas crianças e de passarem informações aos croatos por telefone. As Irmãs nada falaram, apenas silenciaram e rezaram (as Irmãs rezando unidas). Por volta do meio-dia retomaram a caminhada rumo a Romanija (as Irmãs caminham devagar), caminharam quatro horas e chegaram a uma casa, mas o pessoal não aceitou a presença das Irmãs e do Padre. Retomaram o caminho e chegando a uma casa velha os guardas tiveram compaixão e permitiram que repousassem sobre uma palha (local com palhas onde as Irmãs deitaram sobre ela e repousaram).
JESUS CAMINHA CARREGANDO A CRUZ – No caminho do Calvário (Jesus entra em cena carregando a cruz), Jesus tem suas dores amenizadas pela solidariedade de Simão Cirineu que empresta seus ombros, ajudando-O a carregar a cruz (entrada de Simão Cirineu que carrega a cruz para Jesus). O sofrimento compartilhado pela presença de um irmão é penetrado pela luz do Amor Divino. Indo ao encontro do irmão que sofre, ajudamos Nosso Senhor a carregar a cruz. Jesus estava desfigurado, Sangue e dor cobrem Seu rosto (Canto: Eu vim para que todos tenham vida...).
No caminho do calvário a piedade manifesta-se na atitude de uma mulher corajosa, Verônica solidária ao sofrimento do Senhor oferece um lenço a Jesus (entrada de uma jovem com um lenço, enxuga o rosto de Jesus e apresenta o pano com seu retrato em vermelho). É a única imagem que Jesus quis nos deixar, a foto do servo sofredor. Assim como Jesus as Mártires do Drina experimentaram a solidariedade daqueles que as acolheram. Mas, também foram solidárias com muitas pessoas que tiveram seus rostos desfigurados pela violência e injustiças daquele lugar. A solidariedade de Cirineu e Verônica nos lembra que devemos ser solidários com os nossos irmãos necessitados.
4)Sábado, 13 de dezembro de 1941, a ordem é retomar o caminho. A Irmã Berchmana, com 76 anos, não consegue mais ficar de pé (a Irmã mais velha cai e os guardas a retiram das outras irmãs, que olham para trás tristes). Os soldados decidem deixá-la ali até conseguirem outro meio de lavá-la. As quatro irmãs seguiram adiante (as Irmãs caminham), caminharam por cinco horas e chegaram à sede do comando cetnik. Ali o sacerdote Mesko foi libertado (Padre é libertado e sai do grupo das irmãs). Novamente as Irmãs foram interrogadas, apenas choravam e rezavam (as Irmãs unidas, chorando e rezando). Pernoitaram numa saleta do alojamento (as Irmãs deitam no chão dormindo).
5)Dominho, 14 de dezembro de 1941, exaustas e com dificuldade de caminhar (as Irmãs caminham mancando), são levadas a Praca e de lá pararam num vilarejo chamado Brdo Bare, pernoitaram numa casa onde se fortaleceram (as Irmãs deitam no chão). Aquela seria a última noite com vida.
6)Segunda, 15 de dezembro de 1941, ao amanhecer partiram em direção a Gorazde (as Irmãs caminham), chegaram por volta das 16h, onde foram conduzidas ao quartel militar dos cetnik, ficaram trancadas num quarto no 2º andar que dava para o Rio Drina (as Irmãs são conduzidas a um local afastado). Os soldados foram jantar (soldados se retiram), após algumas horas retornaram ao local onde as Irmãs estavam e ameaçando tentaram abusar delas (os guardas vão ao local onde as Irmãs estão e as empurram tentando abusá-las). Fiéis aos votos de castidade, pobreza e obediência, começando pela superiora, Irmã Jula, que disse: “Jesus, salva-nos”, decidindo pular pela janela do 2º andar e as demais a seguiram (as Irmãs gritam: “Jesus, salva-nos” e pulam, caindo no chão). Os soldados enfurecidos com a atitude das Irmãs, feriram-nas mortalmente e com chutes as jogaram no Rio Drina (os soldados atacam as Irmãs, que caem no chão mortas e eles as empurram até o rio).
FINAL
Em profundo silêncio somos convidados a olhar para essas mulheres heroínas da fé. Graças a testemunho como estes é possível acreditar que o amor é mais forte do que a morte, pois “Só quem tem uma razão para morrer, tem uma razão para viver”. Elas alcançaram a experiência da dolorosa agonia do Cristo Crucificado. Que a fecundidade dessa memória se enraíze em nossas vidas e floresça, iluminando o brilho da glória Pascal para tornar visível o Amor de Deus no mundo, nosso carisma. A Ele a glória e honra de toda a Congregação das Filhas do Amor Divino através de nossas Mártires, riqueza e santidade para toda Igreja (cantado o hino das Mártires do Drina).
Texto Rosa Montenegro.
Encenação da Via Sacra 2010 – Rosa Montenegro.
Via Sacra Caminhada dos cinco dias das Mártires do Drina.
Carta de Irmã Vilma Lúcia de Oliveira – FDC, Mártires do Drina e o Brilho da Glória Pascal.
