AS FILHA DO AMOR DIVINO (FDC), são chamadas a viverem intensamente
a experiência do Pai que Jesus revela e do amor que Ele, como Filho, testemunha.
É este o Filho do Amor Divino, o Divino Padecente, o Amor Divino Crucificado que
a Serva de Deus, Madre Francisca Lechner, contemplou na face de suas Filhas,
suas seguidoras e na chaga social do seu tempo, a problemática das jovens camponesas
da Viena de outrora.
Irmã Vilma Lúcia, FDC |
É este chamado que nos faz ser o que ainda não
somos e nos capacita para fazermos a vontade do Pai. Equipa-nos para o serviço,
o trabalho que nos foi confiado. Capacitar, equipar significa, também, consertar,
assim como remendar uma rede rasgada (Mat. 4,21) ou reparar algo quebrado.
Portanto, capacitar e equipar cada FDC refere-se ao preparo, ao treinamento que
nos torna aptas para o atendimento das necessidades no serviço para o qual
somos chamadas.
O chamado a sermos FDC é mantido, sustentado pela comunidade
que vive e reza com e em todas, na partilha dos anseios apostólicos,
missionários e na diferença de cada uma. No dia a dia ajudando-nos a sermos atentas
aos sinais dos tempos. Vivifica-nos na convivência fraterna, na busca de seus
fundamentos, na intimidade com a Mãe Três Vezes Admirável, ao pé da Cruz e na
presença viva do Amor Crucificado e Ressuscitado na Eucaristia e em cada gesto
de ternura, de presença amorosa e gratuita.
As alegrias, as realizações, os desafios, as dificuldades
de cada uma são de todas, são apelos para a riqueza e fortalecimento da
comunhão. Convoca-nos à integração das diferenças como parte do processo da unidade neutralizador dos
humanos fatores que ocasionam a divisão. Os especialistas dizem que a unidade
entre judeus e gentios não é mito, é uma realidade e serve como apelo para que nos
conduzamos de modo digno da vocação a que
fomos chamadas (Ef. 4,1).
A alegria, a ternura, a solicitude, a maternidade, a
filialidade, a audácia, a simplicidade, o acolhimento, a oração contemplativa,
a caridade efetiva e afetiva são características inconfundíveis no caminho
espiritual de nossa Fundadora. São expressões de sua resposta ao chamado e a
prova de seu grande amor a Deus, na pessoa da mulher operária do seu tempo,
fato que se efetiva em uma especial capacitação, a profunda interação entre sua
feminina vida de consagrada e de missionária.
O nome que ela deu à Congregação, Filhas do Amor Divino, é um
atual caminho para que todas construam, sobre as ruínas acumuladas pelo ódio,
pela violência, pela inveja, pelos desequilíbrios emocionais, pela
discriminação, a civilização do amor, o reino do Coração de Jesus. A FDC, sensível ao apelo da Ternura Divina, assume
os sofrimentos da Congregação, da Igreja, da humanidade, também, na pessoa de
cada coirmã e os apresenta ao Pai no abraço e na oração; une ao sacrifício de
Cristo a oferta de si, lembrando as palavras do Apóstolo: Agora eu me
regozijo nos meus sofrimentos por vós, e completo, na minha carne, o que falta
nas tribulações de Cristo, pelo seu corpo que é a Igreja (Col. 1,24), no empenho
pela restauração do Reinado de Cristo no coração dos homens e das mulheres.
Em
outras palavras e na prática, nestes cento e quarenta e quatro
anos de vida de nossa Congregação, noventa e dois anos de Brasil, setenta e quatro
anos de Província, como empregamos esta herança em favor da promoção da mulher,
jovens, crianças e idosos? O que fizemos e fazemos hoje, para promover a
dignidade, o respeito e o potencial de cada mulher na pessoa nossas coirmãs?
Somos profetizas porque
anunciamos com nossas vidas, as inspirações, a profecia de Deus Pai e Mãe para
a Igreja de nosso tempo e não de outros tempos. Madre Francisca, Teresina Werner receberam uma
graça única do Espírito Santo. Suas inspirações vêem de suas experiências com e
de Deus Pai e Mãe atentas aos sinais dos tempos. É algo que as "domina" e que as
arrasta irresistivelmente. Elas não se contêm! Embora de maneira misteriosa a liberdade
de cada uma é tocada pela graça.
Este toque da graça
tem ao menos cinco características fundamentais (Ef 4,1-2) para aperfeiçoar os
santos e santas em vista do ministério e para a edificação do Corpo de Cristo,
como afirma Ef 4,12: 1ª - a Humildade; 2ª - a mansidão ou gentileza; 3ª –
a longanimidade ou paciência; 4ª – o suportar uns aos outros ou a tolerância
mútua e por fim a 5ª - a paz.
Para os cristãos a humildade é
sinal de força, embora para o mundo Greco–romano fora considerada um sinal de
fraqueza, no entanto, é o oposto do orgulho. Sabemos que o orgulho é o dínamo
da desunião, enquanto a humildade é o que impulsiona a reconciliação, como na
encarnação e na cruz (Flp 2, 2-8). A mansidão ou a gentileza, diante das
ofensas, em geral procura não reagir e faz de tudo para neutralizar certas
emoções. Não se prende a auto-afirmação por saber que é o oposta da mansidão e
por acreditar nos ditos de Jesus: os
mansos possuíram a terra (Mat 5,5). A longanimidade ou a paciência é a
característica do Amor Divino (II Ped 3.9). Significa que não vingamos as
injustiças que sofremos e não abrimos mão da esperança de consertarmos as
redes, as relações interrompidas. Suportar umas as outras, significa nossa
tolerância mútua (Ef 4.2), a compreensão da outra, o entendimento das diferenças
e a disposição para o perdão. Assim, estas graças têm em suas raízes o Amor que
preserva as relações, promove a paz e a unidade.
Disto podemos extrair
um possível perfil para deixar o nosso carisma sempre sintonizado com os apelos
dos nossos dias: 1 - forte sentido de comunhão (Espírito e fim da nossa
Congregação, Const. 1ss); 2 - ser imagem da comunhão com Deus como Pai e
abertura aos irmãos ( Const. 42ss e Dir.Prov 58.1); 3 - centralizar a
espiritualidade em Cristo contemplando o mistério pascal (Const 4); 4 - viver
na presença de Deus (Const. 29); 5 - sensibilidade à pobreza (Const. 18); 6 - forte amor à Congregação, à Igreja e
à mulher ( Const. 6, 56 e 61); 7 - sentido de Comunidade (Const. 41 e 84).
Cada FDC é o corpo
institucional que até então continua funcionando, porém a alma carismática que é
a animação deste corpo, talvez sinta, neste momento, alguma dificuldade que
impede a identificação da face do Filho do Amor
Divino, o Divino Padecente, o Amor Divino Crucificado que a Mãe do nosso carisma
outrora contemplara e que hoje tem novas expressões.
Atentas ao
chamado reafirmemos, portanto, a vontade de encontrarmos a Divina Face, em
nosso hoje, em nossas comunidades e vivamos generosa e antenadamente o ideal de
FDC, alma de nossa específica resposta. Se do nosso lado existe a fragilidade,
do lado do Senhor existe um amor forte, fiel, constante, que nos dá a docilidade,
a devida abertura, a audácia de confiantes simplesmente avançarmos, indo
adiante com o nosso atual, belo e eclesial FDC carisma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário