segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Papa Francisco: não há paz sem a cultura do cuidado


Todos remando juntos no mesmo barco, cujo leme é a dignidade da pessoa e a meta, uma globalização mais humana.

Em síntese, esta é a ideia que o Papa Francisco expressa na mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2021, celebrado em 1° de janeiro.

O texto foi publicado esta quinta-feira pela Sala de Imprensa da Santa Sé, cujo título é “A cultura do cuidado como percurso de paz”.

Solidariedade às vítimas da pandemia

A mensagem não deixa de analisar a marca deste 2020: a pandemia. A crise provocada pelo novo coronavírus “se transformou num fenômeno plurissetorial e global, agravando fortemente outras crises inter-relacionadas como a climática, alimentar, econômica e migratória, e provocando grandes sofrimentos e incômodos”.

O pensamento do Pontífice foi às pessoas que perderam um familiar ou uma pessoa querida ou a quem ficou sem emprego. E um agradecimento especial a quem trabalha em hospitais e centros de saúde, com um renovado apelo às autoridades para que as vacinas sejam acessíveis a todos.

Sou o guardião do meu irmão? Com certeza!

No longo texto, o Papa faz uma “gênese” da cultura do cuidado desde os primórdios da criação, como narram vários episódios bíblicos. No Antigo Testamento, talvez o mais emblemático seja a relação entre Caim e Abel, e a famosa resposta depois do assassinato: Sou eu, porventura, o guardião do meu irmão? “Com certeza”, responde o Papa sem pestanejar.

Já no Novo Testamento, Jesus encarna o ápice da revelação do amor do Pai pela humanidade. “No ponto culminante da sua missão, Jesus sela o seu cuidado por nós, oferecendo-Se na cruz e libertando-nos assim da escravidão do pecado e da morte.”

Esta cultura do cuidado se aprimorou na Igreja nascente com as obras de misericórdia corporal e espiritual, que no decorrer dos séculos ficaram visíveis em hospitais, albergues para os pobres, orfanatos, lares para crianças e abrigos para forasteiros.

O Cristianismo, portanto, ajudou a amadurecer o conceito de pessoa, a ponto que hoje podemos dizer que “toda a pessoa humana é fim em si mesma, e nunca um mero instrumento a ser avaliado apenas pela sua utilidade: foi criada para viver em conjunto na família, na comunidade, na sociedade, onde todos os membros são iguais em dignidade. E desta dignidade derivam os direitos humanos.”

Bússola para um rumo comum

Se o ser humano tem direitos, tem também deveres, como o cuidado dos mais vulneráveis e também da criação.

Para Francisco, todos esses princípios elucidados na mensagem constituem uma bússola para dar um rumo comum ao processo de globalização, “um rumo verdadeiramente humano”.

“Através desta bússola, encorajo todos a tornarem-se profetas e testemunhas da cultura do cuidado, a fim de preencher tantas desigualdades sociais.”

Aqui o Papa chama em causa um “forte e generalizado protagonismo das mulheres na família e em todas as esferas sociais, políticas e institucionais”.

Como converter nosso coração?

O Pontífice recorda que esta “bússola dos princípios sociais” vale também para as relações entre as nações. E pede o respeito pelo direito humanitário em conflitos e guerras. “Infelizmente, constata o Santo Padre, muitas regiões e comunidades já não se recordam dos tempos em que viviam em paz e segurança.”

“As causas de conflitos são muitas, mas o resultado é sempre o mesmo: destruição e crise humanitária. Temos de parar e interrogar-nos: O que foi que levou a sentir o conflito como algo normal no mundo? E, sobretudo, como converter o nosso coração e mudar a nossa mentalidade para procurar verdadeiramente a paz na solidariedade e na fraternidade?”

Mais uma vez o Santo Padre lamenta o desperdício de dinheiro com armamentos, quando poderia ser utilizado “para prioridades mais significativas”, relançando a ideia de São Paulo VI de criar um “Fundo mundial” com a utilização dos recursos da corrida armamentista para o desenvolvimento dos países mais pobres.

Outro elemento fundamental para a promoção da cultura do cuidado é a educação. Neste projeto, estão envolvidos famílias, escolas, universidades e os líderes religiosos. Francisco se dirige a quem trabalha neste campo “para que se possa chegar à meta duma educação «mais aberta e inclusiva”, fazendo votos de que neste contexto o Pacto Educativo Global “encontre ampla e variegada adesão”.

Não há paz sem a cultura do cuidado

Toda a mensagem do Pontífice, enfim, é estruturada para afirmar o princípio de que não há paz sem a cultura do cuidado.

“Neste tempo, em que a barca da humanidade, sacudida pela tempestade da crise, avança com dificuldade à procura dum horizonte mais calmo e sereno, o leme da dignidade da pessoa humana e a «bússola» dos princípios sociais fundamentais podem consentir-nos de navegar com um rumo seguro e comum. Como cristãos, mantemos o olhar fixo na Virgem Maria, Estrela do Mar e Mãe da Esperança.”

“Não cedamos à tentação de nos desinteressarmos dos outros, especialmente dos mais frágeis”, é o apelo final do Papa.

Via Vatican News

Como se preparar em família para o Natal


Todos comentamos que o tempo está passando rápido demais. Mas pode ser que nós temos feito coisas demais a ponto de não saborear cada momento de nossa vida. Fato é que, de repente, nos assustamos ao ver que o Natal novamente se aproxima. Enquanto o comércio só pensa em “terminar bem o ano” batendo recordes de vendas, nós temos a oportunidade de “começar bem o ano”, acolhendo Jesus em nosso meio. É por isso o ano litúrgico começa com o Advento, para que nos preparemos bem para acolhê-lo.

Um Natal nunca pode ser igual aos outros, pois o menino Jesus sempre tem algo muito novo, uma renovação interior, para trazer ao nosso coração.

O tema – Como se preparar em família para o Natal – provocou em mim uma boa reflexão, me fazendo pensar em nossa prática familiar nos anos anteriores e como poderíamos aprofundá-la neste ano. A Igreja nos insere no contexto do Advento com as leituras onde se destacam o apelo de João Batista, as profecias de Isaías e o grande sim de Maria, mas também com a cor utilizada nas celebrações, as músicas e a vivência da modéstia e silêncio, reservando para o dia de Natal nossa expressão de alegria. Mas como levar esta preparação para dentro de nossas casas?

Reconheço que não é muito fácil viver o Advento fora da igreja, pois a época do ano nos oferece “pratos cheios” para desviar nossa atenção, principalmente das famílias com filhos em idade escolar. O encerramento do ano letivo, estudos de recuperação, vestibulares, formaturas. Mas temos também as intermináveis compras de presentes de lembrancinhas de Natal e, em nosso país, os preparativos para as férias que acontecem em Janeiro.

Com o avanço do Advento e quanto mais se aproxima o Natal, mais profunda deveria ser a nossa reflexão e maior o tempo dedicado à preparação. Mas tem acontecido justamente o contrário. O Natal vai chegando e nossa correria vai aumentando. Esquecemos esse e aquele presentinho! E as dezenas de amigos ocultos? (nem sabíamos que tínhamos tantos amigos!) Já ia me esquecendo da ceia, da comilança, da bebida. A roupa? Não posso ir com a mesma roupa que fui no ano passado… Parece que estamos correndo para desarmar uma bomba relógio. E onde entra o Advento e Natal no meio dessa correria?

Caro amigo leitor, já faz algum tempo que esse ritmo popular de “tempo de Natal” muito me incomoda. Não aguento andar pelas ruas do centro, lotadas e com a Simone cantando “Então é Natal, a festa cristã…”, onde de cristão não tem nada, pois não passa de armação para nos sentirmos bem e comprarmos mais e mais.

Há alguns anos decidimos viver o Natal de forma diferente e quero partilhar isso com você. São coisas simples, porém desafiadoras, que temos feito contra a “correnteza” para viver melhor o Natal como novena com as crianças, a questão dos presentes, comemorações e amigos ocultos, tempo para os sacramentos (especialmente a confissão), as reuniões de família no dia 24 e 25, a vigília e dia do Natal etc. Como você vive estas questões em sua família? Estas atitudes, para minha família, são também respostas para a vigilância que nos é proposta no primeiro domingo do Advento: “Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer” (Mc 13,35).

André Parreira

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Hoje a CNBB promove a primeira live da Novena de Natal 2020


Tem início nesta quarta-feira, 16 de dezembro, a primeira live que a Editora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Edições CNBB, promove como forma de ajudar as pessoas a celebrarem a Novena de Natal 2020 em seus lares. Os nove episódios, com cerca de 25 minutos cada, serão transmitidos em forma de lives de 16 a 24 de dezembro, através das redes sociais da Editora (@edicoescnbb) e da CNBB (@cnbbnacional), sempre às 20h. A transmissão também será feita pela Canção Nova, por meio da TV e rádio, às 17h30.

A Novena

A Novena do Natal de 2020, publicação da Edições CNBB, convida as comunidades a contemplar o primeiro pilar proposto nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE): a Palavra de Deus. A temática da Novena de 2020 também está em consonância com a reflexão que será feita na 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em abril de 2021.

A Novena convida-nos à catequese em nossas casas, a reunir todas as pessoas que estavam distantes. Com a ternura materna de Maria e o silêncio oblativo de José, acolhemos, protegemos, promovemos e integramos em nossa casa todas as famílias para a festa da Encarnação do Verbo de Deus. Com este livreto da Novena, vamos percorrer o caminho litúrgico do Advento na unidade eclesial, refletindo, com simplicidade doméstica, a chegada do Menino Deus que sempre vem ao nosso encontro para nos salvar e garantir a vida!

Conforme o bispo de Castanhal, no Pará, dom Carlos Verzeletti, a Novena de Natal 2020 convida-nos à catequese em nossas casas, a reunir todas as pessoas que foram distanciadas neste tempo longo da pandemia. “Com a ternura materna de Maria e o silêncio oblativo de José, acolhemos, protegemos, promovemos e integramos em nossa casa todas as famílias para a festa da Encarnação do Verbo de Deus. Nosso Deus está conosco! Ele está em nossa casa para ser o nosso caminho, a nossa verdade e a nossa vida em abundância. Ele é a Palavra da Salvação!”

“No há nada mais prático e importante do que encontrar-se com Deus, do que apaixonar- se por sua Palavra, do que viver com Cristo, por Cristo e em Cristo. Apaixona-te! Permanece no amor! Tudo passará a ser diferente. Feliz Natal! Abençoado Ano Novo!”, afirma dom Carlos.

 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Arquidiocese realiza Assembleia de Pastoral de forma online

 


A 60ª Assembleia de Pastoral da Arquidiocese de Natal será realizada de forma online,  no próximo dia 18, das 9h às 17 horas. A assessoria será do Padre Espedito Caetano da Silva, coordenador de pastoral da Diocese de Patos (PB).

Para essa assembleia, que será dirigida pelo arcebispo Dom Jaime Vieira Rocha, participarão os vigários episcopais, vigário judiciais, os coordenadores e articuladores de zonais, padres, diáconos permanentes, representantes dos religiosos e de comunidades de vida e membros do Conselho Pastoral Arquidiocesano.

Segundo a coordenação arquidiocesana de pastoral, alguns momentos da assembleia, como a parte de espiritualidade e a palestra de abertura, assim como os encaminhamentos, no final,  serão abertos para todas as pessoas que tiverem interesse em participar, transmitidos pelas páginas da Arquidiocese no Youtube e no Facebook, epelas páginas das paróquias no Facebook. Haverá momentos também exclusivos para os convocados para a assembleia, que participarão online, através da plataforma Meet.

 

Vaticano anuncia que começará a vacinar contra COVID-19 no início de 2021


O novo diretor da Diretoria de Saúde e Higiene do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, Andrea Arcangeli, anunciou que a campanha de vacinação contra a COVID-19 neste território terá início nos primeiros meses de 2021.

Segundo informou o Vatican News, em 11 de dezembro, o “plano de vacinação, lançado pelo Fundo de Assistência à Saúde e pela Diretoria de Saúde e Higiene do Governatorato, afetará os cidadãos, os funcionários, mas também os familiares que dependem da assistência de saúde vaticana.

O convite, dirigido aos administradores do Estado da Cidade do Vaticano e da Santa Sé, é para conscientizar todos de que a vacina não é apenas para proteger a própria saúde, mas também a de outras pessoas, afirma o meio vaticano.

“Achamos muito importante que também na nossa pequena comunidade comece, o quanto antes, a campanha de vacinação contra o coronavírus. De fato, somente com uma ampla imunização podemos obter benefícios concretos, em termos de saúde pública, no controle da pandemia”, disse Arcangeli em uma entrevista ao Vatican News.

“Por isso, é nosso dever oferecer a todos os residentes, colaboradores e familiares a oportunidade de ser imunizados contra esta terrível doença”, acrescentou.

Sobre o tipo de vacina selecionada, comentou que “decidimos começar com a vacina produzida pela farmacêutica Pfizer, a primeira a ser introduzida em âmbito clínico, que se mostra eficaz aos 95%”.

“Atualmente, esta é a única vacina em fase de aprovação pelas autoridades no campo da saúde europeias e americanas. Como se sabe, a campanha de vacinação com este produto já começou na Inglaterra. Depois, outras vacinas poderão ser produzidas, com métodos diferentes, e utilizada, após avaliação da sua eficácia e total segurança”, explicou.

Arcangeli disse que “é compreensível que possa haver temores e rumores sobre uma vacina, desenvolvida em pouco tempo, mas os testes de segurança realizados são muito rigorosos e as autoridades no campo da saúde no mundo, antes de dar a autorização para a sua utilização no mercado, garantem com estudos específicos e rígidos”.

“Além do mais, devemos levar em consideração que todas as vacinas podem causar efeitos colaterais”, afirmou.

“Em relação à vacinação de menores de 18 anos ainda não foram feitos estudos que incluem esta faixa etária. Por isso, não foram incluídos no programa de vacinação. Mas, para os alérgicos, recomenda-se sempre uma avaliação médica antes de qualquer tipo de vacinação”, concluiu Arcangeli.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

Via ACI Digital


quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

VATICANO LANÇA SITE DEDICADO À ENCÍCLICA “FRATELLI TUTTI” SOBRE A FRATERNIDADE E A AMIZADE SOCIAL


O Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano lançou um site dedicado à última encíclica do Papa Francisco ‘Fratelli Tutti’, sobre a fraternidade e a amizade social, lançada em 4 de outubro de 2020.

O site tem como objetivo divulgar a mensagem de amizade e fraternidade humana, em três línguas e com atualizações constantes. A página entrou no ar nesta terça-feira, 1º de dezembro e pode ser acessada através do link www.fratellitutti.va

De acordo com o Dicastério, o site é um espaço interativo uma vez que, através do espaço ‘Iniciativas’, todas as contribuições que igrejas, comunidades e indivíduos queiram divulgar serão recebidas e compartilhadas para colocar em prática a mensagem contida na Encíclica.

Apesar da página estar disponível, por enquanto, em três idiomas – italiano, espanhol e inglês – ela possui diversos recursos também em outros idiomas, entre eles francês, português, árabe e chinês.

Em relação a conteúdo, o site traz uma introdução sobre a encíclica e o documento para download em diversos idiomas, reflexões com comentários e análises, notícias e recursos como infográficos e materiais de aprofundamento.

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Papa: despertar do sono da mediocridade e da indiferença com oração e amor

 


“Senhor, fazei-nos sentir o desejo de rezar e a necessidade de amar.” Com esta invocação, o Papa Francisco concluiu sua homilia ao presidir à Santa Missa na Basílica de São Pedro neste I Domingo do Advento.

Concelebraram com o Pontífice os cardeais criados ontem no Consistório Ordinário Público. Ao comentar as leituras do dia, Francisco ressalta duas palavras: proximidade e vigilância.

Proximidade de Deus e vigilância nossa

O Advento, afirmou, é o tempo para nos lembrarmos da proximidade de Deus, que desceu até nós. O primeiro passo da fé, explicou, é dizer ao Senhor que precisamos Dele, da sua proximidade. E a primeira mensagem do Advento e do Ano Litúrgico é também reconhecer Deus próximo.

“Façamos nossa esta invocação caraterística do Advento: «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20). Podemos dizê-la ao princípio de cada dia e repeti-la com frequência, antes das reuniões, do estudo, do trabalho e das decisões a tomar, nos momentos importantes e de provação: Vem, Senhor Jesus!”

Invocando assim a sua proximidade, treinaremos a nossa vigilância. Esta palavra, aliás, é repetida quatro vezes no Evangelho deste domingo. É importante permanecer vigilantes, porque na vida é um erro perder-se em mil coisas e não se dar conta de Deus. Arrastados pelos nossos interesses e distraídos por tantas vaidades, corremos o risco de perder o essencial. Vigiar é não se deixar dominar pelo desânimo, é viver na esperança.

A fé é o contrário da mediocridade

Para o Pontífice, dois sonos nos ameaçam: o sono da mediocridade e o da indiferença.

A mediocridade sobrevém quando esquecemos o primeiro amor e avançamos apenas por inércia, prestando atenção somente a viver tranquilos.

“E isto corrói a fé, porque a fé é o contrário da mediocridade: é desejo ardente de Deus, audácia contínua em converter-se, coragem de amar, é caminhar sempre para diante. A fé não é água que apaga, mas fogo que queima.”

A vigilância da oração é o que pode nos despertar do sono da mediocridade. A oração oxigena a vida: tal como não se pode viver sem respirar, assim também não se pode ser cristão sem rezar.

Não se pode ser cristão sem caridade

Já quem dorme o sono da indiferença vê tudo igual, não se interessa por quem está perto dele. “Quando orbitamos apenas em torno de nós mesmos e das nossas necessidades, indiferentes às dos outros, a noite desce sobre o coração”, disse o Papa.

Trata-se de um sono que atualmente acomete a muitos e só poderemos despertar com a vigilância da caridade.
“A caridade é o coração pulsante do cristão: tal como não se pode viver sem pulsação, assim também não se pode ser cristão sem caridade.”

Ajudar os outros não é ser perdedor; pelo contrário, é ser vitorioso, pois é com as obras de misericórdia que nos aproximamos do Senhor.

“Rezar e amar: aqui está a vigilância. Quando a Igreja adora a Deus e serve o próximo, não vive na noite. Ainda que esteja cansada e provada, caminha rumo ao Senhor.”

O convite final do Papa é para fazer a seguinte invocação: “Vinde, Senhor Jesus! Vós sois a luz: despertai-nos do sono da mediocridade; despertai-nos das trevas da indiferença. Vinde, Senhor Jesus! Tornai vigilantes os nossos corações distraídos: fazei-nos sentir o desejo de rezar e a necessidade de amar.”

Via Vatican News

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Jesus, Rei dos Reis

 


Jesus afirmou que é Rei, mas não deste mundo. Quando Pilatos o interrogou, “És porventura rei?”, Ele respondeu: “Sim, eu sou rei!” (Jo 18,37). Mas, “meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado, para que eu não fosse entregue aos judeus” (Jo 18,36). O Reino de Cristo é o Reino dos Céus; que Ele veio inaugurar, e disse que “já estava no coração” dos homens. Ele quer reinar em nós, não no mundo. Ele quer o nosso coração, nada mais.

Cristo não reina na glória e no poder dos homens, mas nos corações dos “pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. Ele reina nos mansos, nos pacíficos, nos construtores da paz, nos puros de espírito, nos misericordiosos, nos que sabem perdoar, enxugar as lágrimas dos irmãos, dos aflitos, dos que têm sede e fome de justiça, dos que são perseguidos por causa Dele.

Ele é Rei porque venceu; não no triunfo do poder humano, mas na vitória contra o Mal e contra o pecado e morte: “Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o Nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor” (Fp 2,8-11).

Logo no início o livro do Apocalipse revela a Majestade do grande Rei: “Jesus Cristo, testemunha fiel, primogênito dentre os mortos e soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados no seu sangue e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai, glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém. Ei-lo que vem com as nuvens. Todos os olhos o verão, mesmo aqueles que o traspassaram. Por sua causa, hão de lamentar-se todas as raças da terra. Sim. Amém. Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, Aquele que É, que era e que vem, o Dominador” (Ap 1,5-8).

“O seu rosto se assemelhava ao sol, quando brilha com toda a força… Eu sou o Primeiro e o Último, e o que vive. Pois estive morto, e eis-me de novo vivo pelos séculos dos séculos; tenho as chaves da morte e da região dos mortos” (Ap 1,16-18).

Ele é Aquele que “segura as sete estrelas na sua mão direita” (Ap 2,1); “que tem a espada afiada de dois gumes” (2,12); “que tem os olhos como chamas de fogo” (2,18); “Aquele que tem a chave de Davi – que abre e que ninguém pode fechar; que fecha, e ninguém pode abrir” (3,7); “o princípio da criação de Deus” (3,14). “Ele é Leão da tribo de Judá, o descendente de Davi” (5,5).

Os anjos cantam sem cessar: “Digno é o Cordeiro imolado de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a glória, a honra e o louvor” (5,12). “E todas as criaturas do céu e da terra, debaixo da terra e no mar, e tudo que contém, clamam: “Aquele que se assenta no trono e ao Cordeiro, louvor, honra, glória e poder pelos séculos dos séculos. Amém!” (5,11-14). Por isso o povo canta com alegria: “Ao que está assentado no trono e ao Cordeiro seja o louvor, seja a honra, seja a glória, seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!”

Esse é nosso Rei e Senhor; um Rei diferente. Seu reinado é diferente; seu berço foi um cocho; sua casa foi um buraco na rocha; seu púlpito um barco, sua corte a natureza, seu veículo um jumentinho, sua glória é servir e seu trono é a Cruz. Que Rei diferente! Mas é Dele o Reino dos Céus, que “olhos humanos jamais viram, ouvidos humanos jamais ouviram e coração humano jamais sentiu, o que tem preparado para os que o amam” (1 Cor 2,9).

Mas, por ser o “Rei dos Reis”, Ele é exigente, e tem que ser mesmo. Como o seu Reino se assenta em nosso coração, Ele não aceita dividi-lo com outros reis. Ele exige a renúncia ao nosso eu que quer tomar o Seu lugar no trono do nosso coração. “Renuncie a ti mesmo, tome a cruz a cada dia e me siga” (Lc 9,23). Perca a sua vida para ganha-la. É um Rei que sabe o que quer; e sabe que nos quer dar o melhor; a alegria eterna e infinita; por isso arranca dos nossos corações os falsos reis.

Esta é a nossa grande decisão: a que rei vamos entregar o nosso coração?

Prof. Felipe Aquino

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

O Papa aos jovens: tornamo-nos aquilo que escolhemos, tanto no bem quanto no mal


O Papa Francisco celebrou a missa na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, na Basílica de São Pedro, na manhã deste domingo (22/11), ocasião em que os jovens do Panamá entregaram aos jovens de Portugal os símbolos da Jornada Mundial da Juventude.

“A página que acabamos de ouvir é a última do Evangelho de Mateus antes da Paixão: antes de nos doar o seu amor na cruz, Jesus transmite-nos suas últimas vontades. Ele nos diz que o bem que fizermos a um dos seus irmãos mais pequeninos, famintos, sedentos, estrangeiros, necessitados, doentes e encarcerados, será feito a Ele”, disse o Pontífice no início de sua homilia.

Segundo o Papa, “deste modo o Senhor nos entrega a lista dos dons que deseja para as núpcias eternas conosco no Céu. São as obras de misericórdia que tornam eterna a nossa vida. Cada um de nós pode interrogar-se: coloco-as em prática? Ajudo alguém que não me pode restituir? Sou amigo de uma pessoa pobre?”. “Eu estou ali”, diz Jesus, nos pobres. Eu estou ali, diz Jesus também aos jovens que “procuram realizar os sonhos da vida”.

Realizar os sonhos de Deus neste mundo

Eu estou ali: disse Jesus, séculos atrás, a um jovem soldado. Era um jovem de dezoito anos, ainda não batizado, que cortou o seu manto e deu metade ao pobre, suportando a zombaria de alguns ao redor. Esse jovem era São Martinho que teve um sonho e viu Jesus com a parte do manto que ele tinha coberto o pobre. “São Martinho era um jovem que teve aquele sonho porque o viveu, mesmo sem saber, como os justos do Evangelho de hoje”, sublinhou o Papa. A seguir, Francisco disse: Queridos jovens, queridos irmãos e irmãs, não renunciemos aos grandes sonhos. Não nos contentemos com o que é devido. O Senhor não quer que restrinjamos os horizontes, não nos quer estacionados nas margens da vida, mas correndo para metas elevadas, com júbilo e ousadia. Não fomos feitos para sonhar os feriados ou o fim de semana, mas para realizar os sonhos de Deus neste mundo. Ele tornou-nos capazes de sonhar, para abraçar a beleza da vida. E as obras de misericórdia são as obras mais belas da vida. As obras de misericórdia vão ao centro de nossos grandes sonhos. Se você tem sonhos de verdadeira glória, não da glória passageira do mundo, mas da glória de Deus, esta é a estrada; pois as obras de misericórdia dão mais glória a Deus do que qualquer outra coisa. Ouçam bem isto: as obras de misericórdia dão glória a Deus mais do que qualquer outra coisa. Seremos julgados no final, sobre as obras de misericórdia.

Escolhas banais levam a uma vida banal

“Mas, de onde se começa para realizar grandes sonhos?”, perguntou o Papa. “Das grandes escolhas. Hoje, o Evangelho também nos fala disto. No momento do juízo final, o Senhor se baseia nas nossas escolhas. Quase parece que não julga: separa as ovelhas dos cabritos, mas ser bom ou mau depende de nós. Ele apenas tira as consequências de nossas escolhas, as traz à luz e as respeita. Assim a vida é o tempo das escolhas vigorosas, decisivas e eternas.”

Escolhas banais levam a uma vida banal; escolhas grandes tornam a vida grande. De fato, tornamo-nos aquilo que escolhemos, tanto no bem quanto no mal. Se escolhemos roubar, tornamo-nos ladrões; se escolhemos pensar em nós mesmos, tornamo-nos egoístas; se escolhemos odiar, tornamo-nos furiosos; se escolhemos passar horas no celular, tornamo-nos dependentes. Mas, se escolhermos Deus, nos tornamos mais amados a cada dia e, se optarmos por amar, nos tornamos felizes. É assim, porque a beleza das escolhas depende do amor. Não se esqueçam disso! Jesus sabe que, se vivermos fechados e na indiferença, ficamos paralisados; mas, se nos dedicarmos aos outros, nos tornamos livres. O Senhor da vida nos quer cheios de vida e nos dá o segredo da vida: só a possuímos doando-a.

“Mas existem obstáculos que tornam as escolhas difíceis: com frequência, são o medo, a insegurança, os porquês sem resposta”, disse ainda o Pontífice, ressaltando que “o amor pede para ir além, não ficar agarrados aos porquês da vida, esperando que chegue do Céu uma resposta. Isso não. O amor impele a passar dos porquês ao para quem: do porque vivo, ao para quem vivo; do porquê me acontece isto, ao para quem posso fazer o bem. Para quem? Não só para mim; a vida já está cheia de escolhas que fazemos para nós mesmos: ter um diploma, amigos, uma casa; satisfazer os próprios interesses e passatempos. De fato, corremos o risco de passar anos a pensar em nós mesmos, sem começar a amar”.

Escolher o que lhe faz bem

Segundo Francisco, “não existem apenas as dúvidas e os porquês a insidiar as grandes escolhas generosas; existem muitos outros obstáculos”.
Existe a febre do consumo, que narcotiza o coração com coisas supérfluas. Existe a obsessão pela diversão, que parece o único caminho para fugir dos problemas, quando, ao invés, é apenas um adiamento do problema. Existe a fixação nos próprios direitos de reivindicar, esquecendo o dever de ajudar. E, depois, há a grande ilusão do amor, que parece algo a ser vivido ao som de emoções, quando amar é principalmente dom, escolha e sacrifício. Sobretudo hoje, escolher é não se fazer domesticar pela homogeneização, é não se deixar anestesiar pelos mecanismos de consumo, que desativam a originalidade, é saber renunciar às aparências e à exibição. Escolher a vida é lutar contra a mentalidade do usa-e-joga-fora e do tudo-e-imediatamente, para orientar a existência rumo à meta do Céu, rumo aos sonhos de Deus. Escolher a vida é viver, e nós nascemos para viver, não para sobreviver. Isto foi dito por um jovem como vocês [o Beato Pier Giorgio Frassati]: “Eu quero viver, não sobreviver”.

“Todos os dias se apresentam muitas opções no coração”, disse ainda o Papa, dando um último conselho para se treinar a escolher bem.

Se olharmos dentro de nós, veremos que muitas vezes surgem duas perguntas diferentes. A primeira: o que me apetece fazer? É uma pergunta que engana frequentemente, porque insinua que o importante é pensar em si mesmo e satisfazer todos os desejos e impulsos que me vêm. Mas a pergunta que o Espírito Santo sugere ao coração é outra: não aquilo que lhe apetece, mas aquilo que lhe faz bem. A escolha diária situa-se aqui: escolher entre o que me apetece fazer e o que me faz bem. Desta busca interior, podem nascer escolhas banais ou escolhas vitais, depende de nós.

Via Vatican News

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

O que acontecerá na Vinda do Senhor?


Primeiramente é necessário deixar bem claro que o Dia da Vinda do Senhor não é um dia entre os outros dias: é o Dia: Dia que já não pertence à sequência de dias do nosso modo de contar o tempo… Não é um dia de 24 horas. O Dia do Senhor não pertence mais a este nosso tempo; é um Dia sem fim, um Dia eterno, um Dia que já não é mais iluminado pela luz deste sol, mas pelo próprio Sol de Justiça, Cristo glorioso, pleno do esplendor do Espírito Santo.

Assim sendo, duas coisas devem ser claras para nós:

1. Não podemos marcar a data do Dia do Senhor: este Dia estará fora dos dias, meses e anos; já não pertence ao nosso tempo!

2. Também não podemos descrever o que ocorrerá neste Dia. Isto por um motivo simples: este Dia pertence já à eternidade, à Glória e, assim, não pode ser descrito nem comparado a nada neste mundo! Quando a Escritura usa imagens para falar deste Dia, é somente para nos dar uma ideia distante daquilo que ocorrerá. Querer descrever o final dos tempos é fundamentalismo tolo; é rebaixar o Dia eterno aos nossos pobres dias!

Uma coisa é certa: o Senhor virá, glorioso, pleno do esplendor do Espírito Santo, que o ressuscitou dos mortos. A sua Vinda, que será Manifestação da sua Glória, terá consequências imensas:

1. Primeiramente ficará claro na Vinda do Senhor Jesus, sua relação com o Pai e o Espírito Santo, ou seja, aparecerá a Glória da Trindade que nos salva: é o Pai quem enviará o Cristo glorificado:

“Virão da parte de Deus os tempos de refrigério e enviará aquele que vos é destinado: o Cristo Jesus” (At 3,20). O mesmo Pai que enviou o Filho a primeira vez, enviá-lo-á na sua Parusia, que é iniciativa salvífica do Pai que tanto nos ama! O Pai que tudo criou pelo Filho e para o Filho, e quer através dele, tudo levar à plenitude, tudo glorificar (cf. Cl 1,16). Este Filho vem glorificado pelo Espírito que o Pai derramou sobre ele na Ressurreição (cf.Rm 1,3s). É o Espírito quem glorifica o Filho na sua natureza humana, morta e ressuscitada; é na potência do Espírito que o Cristo aparecerá diante do mundo com Senhor e Juiz. Ele vem,pleno do Espírito, para encher da Glória do Espírito todas as coisas:

“A este Jesus Deus o ressuscitou. Exaltado pela direita de Deus, Ele recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e o derramou” (At 2,32s; cf. Jo 14,26; 20,19-23); “Sucederá os últimos dias, diz o Senhor, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne”… (At 2,17).

2. A Vinda do Cristo será também manifestação da Glória do Senhor ressuscitado. Desde a Ressurreição Jesus assume pleno domínio sobre todas as coisas, mas este domínio não se exerce ainda em toda a plenitude. Jesus já é o Senhor; a salvação já aconteceu; o seu domínio é real, mas não ainda plenamente manifestado. Quando ele se manifestar, então sim, tudo ser-lhe–á submetido para que tudo entre na Glória do seu Espírito e chegue até o Pai. A Parusia manifestará em toda a criação, e em nós, particularmente, aquela plenitude de Vida que, em Cristo, já é uma realidade plena:

“Vi o céu aberto e eis um cavalo branco. Quem o montava chama–se Fiel e Verdadeiro e é com justiça que julga e faz guerra. Seus olhos são como chamas de fogo, traz na cabeça muitos diademas e tem um nome escrito que ninguém conhece, só ele mesmo. Está vestido com um manto tinto de sangue e seu nome é Verbo de Deus. Seguem-no os exércitos celestes em cavalos brancos, vestidos de linho branco puro. De sua boca sai uma espada afiada para ferir as nações. Deverá governá-las com cetro de ferro e pisar o lagar do vinho com o furor da cólera de Deus Todo-poderoso. Sobre o manto e sobre a coxa está escrito seu nome: Rei dos reis, Senhor dos senhores” (Ap 19,11-16).

Neste texto aparece o domínio de Cristo sobre a história: ele é a realização da nova criação, gloriosa, feliz, livre do pecado.

A nova criação coincide com a Vinda do Cristo: ele vem para trazer a glória da salvação, pois é e será sempre o Salvador: “Do mesmo modo também Cristo, que se ofereceu uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá, pela segunda vez, sem pecado para os que o esperam a fim de receberem a salvação” (Hb 9,28).

3. A Vinda do Cristo será também glorificação e realização plena da Igreja. Se ela é o Corpo de Cristo, a Glória da Cabeça (Cristo) glorificará plenamente todo o Corpo. Esta ideia aparece muito clara no Apocalipse, onde a Igreja é apresentada como a Jerusalém gloriosa, toda enfeitada como Esposa do Cordeiro, toda pura e toda iluminada pela luz do próprio Cristo ressuscitado(cf. Ap 21).

4. A Manifestação do Cristo será também glorificação do homem pela ressurreição. O cume da obra de Jesus e a plenitude da Igreja serão também a plenitude do homem: “Na verdade Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morrem. Com efeito, assim como por um homem veio a morte, assim também por um homem vem a ressurreição dos mortos. Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão. Cada qual, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo, em seguida os que forem de Cristo por ocasião de sua vinda. Depois será o fim, quando entregar o reino a Deus Pai” (1Cor 15,20-24).

A Vinda do Cristo será para nós Dia da Ressurreição, Dia em que todos ressuscitarão em seus corpos revestidos do mesmo Espírito que ressuscitou o corpo do Cristo! Assim, a Jerusalém celeste, que é a Igreja, estará plenamente gloriosa, com todos os seus filhos ressuscitados pela Glória do Espírito, todos como membros do Cristo no seio amoroso do Pai!

Retirado do livro: “Escatologia, Sobre o Fim do Mundo”. Dom Henrique Soares da Costa. Ed. Cléofas.