Feliz é
aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina (Cora Coralina 1889 -1985). Com esta
ideia e a imagem do Carvalho que caracteriza este jubileu ao homenagear o Neves,
proclamamos a nossa Ação de Graças.
Tanto pela sua trajetória histórica desde
o nascimento da Congregação em 1868, à vinda das primeiras irmãs em 1920 para
Serro Largo, RS e de lá em 1925 para Caicó RN, aos idos de 1932 quando vieram
para a fundação do Neves, em Natal, na primeira e provisória sede ao lado do
Cemitério do Alecrim, depois na atual localização e até o presente, como pela felicidade acima referida e certa
identificação com o carvalho. Cada geração que passa e as que se mantêm na “ágora”
dos seus espaços, formais e informais, não só efetivam a transferência do que
sabem, mas no cultivo das relações aprendem o que ensinam e confirmam o empenho
e a intrepidez, dos que fizeram e fazem esta Instituição a exemplo do velho
Carvalho.
Esta árvore, de madeira dura e nobre, faz-nos
pensar na resistência do Amor do Divino ao tempo e às mais diversas dificuldades.
O sentido faz referência à capacidade de resistir às grandes
turbulências, sem comprometer o que é essencial, exatamente pela profundidade
das raízes. Dizem os cientistas botânicos e Geólogos que esta árvore
naturalmente é a que mais absorve as consequências de temporais. Quanto mais
temporais e tempestades o carvalho enfrenta, mais forte fica, suas raízes se
aprofundam ainda mais, o seu caule se torna tão robusto que é difícil ser
arrancando ou derrubado pelos vendavais.
A metáfora espelha a trajetória histórica do Neves.
Encanta-nos o processo pedagógico marcado pela felicidade do saber transferido
e do aprendizado daquilo que ensinou. Estimula-nos a robustez de suas raízes
indicadoras não só dos índices de tempestades superadas, mas da performance assumindo
desafios não como ameaças, mas como algo a ser vencido, pensado e administrado.
Se de um lado agradecemos o brilho do
sagrado refletido, ao longo da história, na luz emitida pelos olhares carinhosos,
colos, abraços, silêncios atentos e respeitosos, respostas e ações conjuntas, afetivas
e efetivas dos Educadores e Educadoras de outrora. Do outro vemos, nos
Educadores de hoje a continuidade da leitura deste brilho no resgate da
identidade perdida do ser humano diante da inflação da racionalidade e o
conteudismo escolar, causa da atrofia de outras formas de conhecimento.
São provocadores os atuais questionamentos,
em torno da Pedagogia como Ciência. Desafiantes as reflexões e propostas para a
superação de uma pedagogia científica para uma pedagogia como arte. O momento
suscita uma grande revisão do sistema educacional, que requer a retomada de uma
nova percepção do humano integral, grávido de espiritualidade. Algo para alem
dos exercícios de religiosidade.
Mas, não obstante as fragilidades,
as resistentes “raízes Neves” mantém firme a fiel aliança com a figura
histórica do Pedagogo, Jesus de Nazaré e ao carisma que Ele legou a Madre
Francisca Lechner, Fundadora da Família que gerou esta Instituição. Aqui está o
húmus que fecunda e sustém a vida da “árvore Neves” e a linfa que circula em
seus ramos, folhas, flores e frutos. Seguramente, o Neves não se ocupa, apenas,
com o despertar intelectual e profissional, mas com a magia do humano, a
soberania do Sagrado vinculado não só às práticas de religiosidade, mas e
principalmente à espiritualidade do
Filho do Amor Divino.
Por isso na poética
frase de Cora Coralina e na imagem da solidez do Carvalho sintetizamos as
alegrias de nossa Ação de Graças e as esperanças que comportam este jubileu em
nossos corações e na “ágora” educacional da Província Nossa Senhora das Neves.
Nenhum comentário:
Postar um comentário