A escritora Ana Lígia Lira fez a
experiência de compreender que a Santíssima Virgem Maria chorava com ela em um
momento de profundo sofrimento em sua vida. Seu testemunho nos ajuda a
compreender que a Mãe de Deus é também nossa Mãe e que ela se entristece quando
estamos tristes, sofre quando sofremos, chora quando choramos. Nas linhas que
se seguem, conheceremos essa experiência, que certamente nos ajudará a
aproximar-nos de Nossa Senhora e de compreendê-la melhor, especialmente nos
momentos de angústia e de sofrimento.
Nossa Senhora das Dores
Minha relação com Maria não foi nada
fácil. Fomos por um caminho permeado por incompreensão, revolta, cobranças e
lágrimas, muitas lágrimas.
Sou escritora e dediquei três anos de
minha vida às pesquisas sobre as supostas[1] aparições de
Nossa Senhora em um pequeno lugarejo do interior de Pernambuco, chamado
Cimbres. Durante este período, não faltaram os testemunhos de milagres,
livramentos e tantas outras coisas fantásticas que os devotos marianos me
contavam. Eu ficava maravilhada com tudo aquilo. Era um mundo novo que se
apresentava diante de meus olhos. Olhos que sempre foram incrédulos, como são
os olhos daqueles que, como eu, se voltaram para a pesquisa e a ciência.
A primeira experiência com Nossa
Senhora
Acontece que quando eu comecei a crer,
a entrega foi completa. Eu me sentia toda de Maria e também sentia que ela era
toda minha! Sentia-me tão protegida que achava que nenhuma dor me alcançaria,
Maria era meu escudo e, como eu me dedicava tanto a ela, Maria estaria obrigada
a poupar-me de todas as coisas que trazem sofrimento.
Você deve estar considerando: – Que
pensamento ambicioso e interesseiro!
Sim, era! Mas é a pensar assim que
muitas vezes somos conduzidos por certos pregadores que prometem quase que o
Céu e a Terra para quem seguir tais regras, dedicar-se a tal ministério e por
ai vai… O caso é que eles se esquecem de dizer que isso aqui não é o Céu. Se
Maria passou (e ainda passa) por uma das maiores dores do mundo, porque nós não
passaríamos por dor alguma? O que temos nós de ainda mais especiais do que a
Mulher que gerou o Filho de Deus?
As mudanças com a experiência da morte
do pai
Infelizmente chegou a pior notícia que
eu poderia receber em minha vida: o assassinato do meu pai.
Meu pai era um agricultor devotíssimo
de Maria. Os ladrões o mataram para roubar uma cabra. Lembro-me, como se fosse
hoje, que durante o trajeto de 240 km que separam a cidade onde resido da
cidade onde meu pai residia, eu chorava e perguntava por que Nossa Senhora
teria permitido tal coisa acontecer.
Depois, soube que meus irmãos haviam
encontrado o santo Terço e uma oração da Salve Rainha embaixo do travesseiro do
meu pai. Isto ainda aumentou mais minha revolta. Eu virei minhas costas para
Maria como se ela fosse culpada pelas atitudes provenientes do livre-arbítrio
dos homens que, muitas vezes, os levam a serem servos de Satanás na Terra.
Minhas noites, a partir desta grande
tragédia, resumiam-se a choro, lágrimas, revoltas e remédios controlados. Às
vezes dopada, às vezes consciente, eu continuava perguntando por que Ela não
impediu?! Porque não se atravessou na frente e deu também ao meu pai e nossa
família a graça de um livramento?!
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