Unidas,
Igrejas Católica e Ortodoxa podem fazer muito pela paz no mundo
Moscou
(RV) – A visita do Secretário de Estado Pietro Parolin “será um marco no
desenvolvimento das relações entre a Santa Sé e a Igreja Ortodoxa Russa, como
também entre o Vaticano e a Federação Russa”. Esta é a convicção do responsável
pelo Secretariado para as Relações inter-cristãs do Departamento para as
Relações Eclesiásticas Externas do Patriarcado de Moscou, o Hieromonge Stefan
(Igumnov), em entrevista à Agência AGI.
Nova página nas relações entre as duas Igrejas - “As relações com o
Vaticano – a seu ver – estão se desenvolvendo nos últimos anos de forma ativa,
quer na direção das relações entre Estados – após o restabelecimento das plenas
relações diplomáticas em nível de embaixadas em 2009 – como na direção das
relações entre as duas Igrejas, que abriu uma nova página depois do histórico
encontro do Patriarca Kirill com o Papa Francisco em Havana, no ano passado”.
“Trata-se,
sem dúvida, de uma visita de grande importância” – sublinhou o representante do
Patriarcado russo – recordando que antes de Parolin, visitaram a Rússia somente
dois Secretários de Estado: “o Cardeal Agostino Casaroli, em 1988 - que havia
participado das celebrações dedicadas aos mil anos de Batismo da Rússia - e o
Cardeal Angelo Sodano, em 1999, vindo a Moscou para a consagração da Catedral
católica”.
União pela paz no mundo - “O Patriarca de
Moscou e o Papa são os líderes mais prestigiados do mundo cristão. Unindo as
próprias forças, a Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Católica podem trazer
grandes benefícios para a questão da paz no mundo”, comentou o Hieromonge
Stefan, ao traçar uma perspectiva para o desenvolvimento das relações entre as
duas Confissões cristãs.
“A
Igreja Ortodoxa Russa aprecia os esforços pela paz desenvolvidos em várias
direções pela Santa Sé e pessoalmente pelo Papa Francisco. Refiro-me – precisou
– ao Oriente Médio e a alguns países da África, onde está em andamento um
verdadeiro genocídio dos cristãos, mas também a uma série de outras regiões”.
Como
exemplo, o religioso citou “o grande sucesso alcançado com a contribuição
pessoal do Pontífice para a solução da situação na Colômbia”, ou “a sua visita
à República Centro-Africana, que teve um significado importante para o reinício
da paz no país”.
O
Hieromonge Stefan sublinhou que também a Igreja Ortodoxa Russa “é ativa” na
questão da paz e que o tema da “cooperação em temas de atualidade”
internacional será tratado no encontro entre o Primaz Ortodoxo com o Secretário
de Estado.
Igreja Ortodoxa e os cristãos no Oriente Médio - Particularmente caro a
Moscou é o tema do Oriente Médio. “Historicamente, os cristãos nesta região
veem na Igreja Ortodoxa russa a sua protetora, explicou. Sua Santidade o
Patriarca visitou a Síria e o Líbano em 2011, justamente no início da crise
síria e teve a possibilidade de avaliar a situação com os próprios olhos e
tirar conclusões sobre a iminência da catástrofe”.
Ao
retornar a Moscou, o Patriarca continuou a pedir proteção aos cristãos sírios –
acrescentou o representante do Patriarcado – recordando que a Igreja Ortodoxa
Russa está trabalhando muito para fornecer a eles assistência humanitária”.
“Trata-se
de um trabalho que fazemos em colaboração com os católicos russos, no quadro de
um grupo específico de trabalho sobre a questão”.
União de esforços - "Unindo os esforços – sublinhou – as nossas duas Igrejas podem trazer muitos benefícios ao mundo. O
Patriarca e o Papa são os dois líderes mais prestigiados no mundo cristão; não
têm medo de assumir as próprias responsabilidades em influenciar os processos
que ocorrem hoje na sociedade, de levantar a própria voz em defesa dos valores
tradicionais, em apoio dos cristãos que sofrem em diversas regiões do mundo,
antes de tudo no Oriente Médio, e em favor de toda uma série de outras
questões, de cuja solução depende o futuro de toda a humanidade”.
Aumentar o intercâmbio em diversas áreas - Além de temas de atualidade,
serão tratados no encontro entre Kirill e Parolin “o desenvolvimento da
cooperação entre as duas Igrejas: no campo dos contatos entre clero e fiéis, da
colaboração acadêmica, do intercâmbio entre estudantes, do desenvolvimento de
programas de peregrinação comum”, antecipou o Hieromonge Stefan.
“Está
se desenvolvendo em modo muito dinâmico também a cooperação no campo cultural,
para o qual foi instituído um especial grupo de trabalho, que atua em modo
regular”.
São Nicolau de Bari - Ao concluir, o representante
do Patriarcado frisou que “o evento mais importante das relações
interconfessionais, foi o traslado a Moscou das relíquias de São Nicolau de
Bari, veneradas por mais de dois milhões de fiéis”.
“Esta
elevação espiritual da população, da qual fomos testemunhas, nos diz que a
essência das relações entre as duas Igrejas deveria estar precisamente a este
nível”. (JE
com Agência AGI)
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