“Veio o
Senhor pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes: Samuel! Samuel!
Falai, respondeu o menino; vosso servo escuta!” (1 Samuel 3,10).
A
Igreja viu nesta passagem bíblica, em que Deus chama por três vezes o menino
Samuel, e faz dele um profeta, a imagem do chamado de uma pessoa à vida
consagrada. Aquele que deve servir a Deus radicalmente, apartado do meio do
povo, sem viver uma profissão secular, mas inteiro dedicado ao Reino de Deus. É
Deus mesmo quem chama o consagrado, pondo no coração dele esse desejo, e
dotando-o de dons adequados, como o celibato, no caso dos sacerdotes, freiras,
monges e monjas.
O nosso
Catecismo afirma que: “A vida religiosa faz parte do mistério da Igreja. É um
dom que a Igreja recebe de seu Senhor e que oferece como um estado de vida
permanente ao fiel chamado por Deus na profissão dos conselhos” (n.926).
São chamados
a viver os conselhos evangélicos (pobreza, obediência e castidade). A profissão
desses conselhos em um estado de vida estável reconhecido pela Igreja
caracteriza a “vida consagrada” a Deus (Cat. n.915). Esses são chamados, sob a
moção do Espírito Santo, a seguir a Cristo mais de perto, doar-se a Deus amado
acima de tudo e, procurando alcançar a perfeição da caridade a serviço do
Reino, anunciando a glória do mundo futuro.
A vida
consagrada acontece desde os primórdios da Igreja. Muitos, por inspiração do Espírito
Santo, passaram a vida na solidão ou fundaram famílias religiosas, que a
Igreja, de boa vontade, recebeu e aprovou. Embora nem sempre professem
publicamente os três conselhos evangélicos, os eremitas, vivem o silêncio da
solidão, em constante oração e penitência, consagrando a vida ao louvor de Deus
e à salvação do mundo. É uma vida de intimidade com Cristo.
Desde
os tempos dos Apóstolos virgens e viúvas cristãs, tomaram a decisão, de viver
no estado de virgindade ou de castidade perpétua “por causa do Reino dos Céus”.
São aqueles que Jesus disse que se fizeram eunucos por amor do Reino (Mt
19,12).
O “Instituto
secular” é um instituto de vida consagrada no qual os fiéis, vivendo no mundo,
tendem à perfeição da caridade e procuram cooperar para a santificação do
mundo.
As
“Sociedades de vida apostólica”, cujos membros, sem os votos religiosos, buscam
a finalidade apostólica própria de sua sociedade e, levando vida fraterna em
comum, segundo o próprio modo de vida, tendem à perfeição da caridade pela observância
das constituições. Entre elas há sociedades cujos membros assumem os conselhos
evangélicos”.
Os que
professam os conselhos evangélicos têm por missão viver sua consagração e se
entregar, de maneira especial, à ação missionária no modo próprio de seu
instituto.
A
vida consagrada é um sinal especial do mistério da redenção; uma vida seguindo
e imitando a Cristo mais de perto, manifestando claramente seu aniquilamento, e
estando mais presente às pessoas. O consagrado é alguém que dá testemunho de
que o mundo pode ser transfigurado e oferecido a Deus com o espírito das
bem-aventuranças.
O consagrado
a Deus precisa, sobretudo, de viver intensamente uma vida de oração, rezando a
Liturgia das Horas, participando dos Sacramentos, meditando diariamente a Palavra
de Deus e bons livros, vivendo as virtudes opostas aos pecados capitais. Além
disso, deve obediência a Igreja e a seus superiores.
O consagrado
é alguém que abdicou de sua vida, de sua vontade própria, para entregar-se
totalmente a Deus. É alguém que, mais que os leigos, aceitou “perder a vida
para ganha-la”. Aceitou “renunciar-se a si mesmo e tomar a cruz a cada dia e
seguir ao Senhor” (Lc 9,16). Não se pode ser “meio consagrado”; ou se entrega a
Deus totalmente, ou então se cansará de sua opção. É melhor viver como leigo do
que ser mal consagrado. Além do que, o contra testemunho de um consagrado pesa
muito mais que de um leigo, embora ambos sejam muito negativos.
Prof. Felipe
Aquino
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