Autobiografia do Padre
Cristiano Muffler
Nasci no dia 23 de junho de 1935 em Idashof, leste
da Alemanha. Sou filho do agricultor VICTOR MUFFLER e da professora HILTRUD
MUFFLER. Com 10 anos de idade, em 1945, no fim da 2a guerra mundial, tivemos
que fugir do
front da guerra que estava se aproximando. Isto se deu em pleno
inverno rigoroso, com vários graus abaixo de zero. Perdemos nosso pai que foi
levado pelo exército russo para os campos de concentração da Sibéria. Anos
depois recebemos a notícia do seu falecimento.
Minha
mãe teve que voltar a pé para o lugar de origem apenas com uma mochila nas
costas e quatro filhos pequenos. Nossa casa ficava no sítio e ninguém podia
morar lá por causa da violência. Durante meses passamos muita necessidade, fome
e frio. Depois recebemos a notícia de que essa parte da Alemanha seria anexada
à Polônia e quem não adotasse a nacionalidade polonesa tinha que sair. Saíram
todos em trens superlotados, pois era até proibido falar alemão.
Conseguimos
chegar até a divisa com a Alemanha ocidental e, numa noite bem escura,
conseguimos atravessar a fronteira que ainda não estava vigiada. Na Alemanha
Ocidental consegui, por uma graça de Deus muito especial, estudar no colégio
interno dos padres beneditinos de Metten/Danúbio. Estes anos contribuíram para
me fazer sentir um forte chamado para me consagrar como padre e missionário ao
serviço do Reino. Estudei filosofia no seminário de Königstein, perto de
Frankfurt.
Estudei teologia na Universidade de Munique e no
seminário de Málaga / Espanha. Fui ordenado padre, no ano de 1962, pelo bispo
dos exilados pela guerra, bispo da Diocese de Hildesheim, diocese no Norte da
Alemanha, o qual, em 1963, me liberou para o Brasil, atendendo ao pedido de um
bispo alemão, Dom Anselmo de Tubarão /Santa Catarina que tinha sido
anteriormente bispo de Campina Grande. Cheguei a Tubarão no mês de janeiro de
1964.
A partir de 1974, eu já estava na Paraíba por
convite de Dom José Maria Pires, tomando conta da paróquia de Pirpirituba com
Sertãozinho e Belém e, na medida que a saúde do Pe. Epitácio de Serra da Raiz
diminuía, foi chegando Jacaraú, Lagoa de Dentro, Caiçara, algumas comunidades
de Tacima, Lagoa de Dentro, Duas Estradas e finalmente Serra da Raiz, uma
região onde hoje tem exatamente 10 municípios, quase todos com um padre.
Em
1984 Dom Marcelo me transferiu para Mari, incluindo as cidades de Mulungu,
Alagoinha e Cuitegí. Quando Pe. Adelino, perseguido pelo esquadrão da morte,
teve que fugir às pressas para Roma, fiquei com as duas paróquias de Guarabira,
Santo Antônio e Catedral, incluindo Pilõezinhos.
Finalmente,
em 1991, cheguei à paróquia de Bananeiras, incluindo Dona Inês. Durante a
missão de Frei Damião em Solânea, em 1976, minha mãe, que por feliz
coincidência estava me visitando, foi hospedada pelo então pároco Pe. José
Floren, na casa paroquial de Bananeiras. O Pe. José era pároco das três cidades
Solânea, Bananeiras e Dona Inês e na casa paroquial de Bananeiras não morava
ninguém. Minha mãe gostou muito da casa e ficou feliz quando soube depois que
eu estava sendo nomeado para ser pároco de Bananeiras.
O
Projeto PRÓ- MULHER que, na época – 1994 a 2000 – contemplou cerca de 300 mulheres
(Coordenado por Gilvanisa Maia). O trabalho social com as mulheres dos sítios
que fez com que as mulheres criassem muito mais auto-estima e consciência da
sua dignidade. Minha equipe bem eficiente e de muita confiança da Casa
Paroquial que distribuía as multimisturas, os óculos e as roupas usadas que
vinham nos containers e que, naquele tempo, serviam tanto às pessoas mais
carentes.
Os jovens voluntários da Alemanha que iniciaram e
coordenaram o trabalho com cisternas e cacimbões.
O Projeto- Associação “Diálogo Nordestino”, coordenado por Afrânio e Ivanilson. A Associação de Promoção de Desenvolvimento Sustentável – APRODES, Responsável Paulo Rech, apoiado por nossos amigos, os professores da Universidade, que deram cursos de apicultura e criação de pequenos animais. Quem imaginaria naquele tempo que hoje chegariam toneladas de mel de mais de 10 municípios para ser processadas e distribuídas nas escolas e nas creches.
O Projeto- Associação “Diálogo Nordestino”, coordenado por Afrânio e Ivanilson. A Associação de Promoção de Desenvolvimento Sustentável – APRODES, Responsável Paulo Rech, apoiado por nossos amigos, os professores da Universidade, que deram cursos de apicultura e criação de pequenos animais. Quem imaginaria naquele tempo que hoje chegariam toneladas de mel de mais de 10 municípios para ser processadas e distribuídas nas escolas e nas creches.
A
Associação de Pequenos Criadores de Cabras – Comunidades: Jaracatiá : , Baixa
do Mel, Santa Vitória, Boa Vitória, Porteiras e outras); A Associação de
Tecelões e Artesãos da Região do Taboleiro (1ª Fábrica de Redes); os homens que
faziam parte dos mutirões de construção das capelas e reconstrução das casas. A
banda Antares que hoje já tem um nome respeitado no campo da boa música.
As
irmãs do Carmelo que acompanharam tudo isso com suas orações e, com seus
aconselhamentos e assim semearam a paz em nossas famílias. Todos os amigos e
colaboradores merecem nossa gratidão, ainda mais relembrando as circunstâncias
daquele tempo difícil, com graves conflitos de terra que, não raras vezes, nos
renderam acusações injustas.
Agradeço ao Sr. Ramom Moreira, presidente da CÂMARA
DE VEREADORES DE BANANEIRAS e aos demais vereadores que por unanimidade aprovaram
a concessão do título de cidadão bananeirense que se configura como uma
declaração oficial de que realmente posso ser considerado como um verdadeiro
conterrâneo desse querido município, título que recebo com alegria e gratidão,
inclusive por dar-me a oportunidade de me encontrar com tantos amigos(as) e
irmãos(ãs) que, durante o período de 1991 a 1996, estiveram juntos na missão e
já me adotaram como um irmão. É assim que me sinto – um irmão mais velho de
todos e todas. Por isso compartilho com os presentes, esse momento. (http://www.diocesedeguarabira. com.br/em-vida-padre- cristiano-muffler-contou-sua- historia-de-vida-veja/)
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