Irmã
Dulce é santa. A celebração litúrgica com o rito da canonização reuniu cerca de
50 mil pessoas na Praça São Pedro. Com o “Anjo bom da Bahia”, foram canonizados
também João Henrique Newman, Josefina Vannini, Maria Teresa Chiramel
Mankidiyan, e Margarida Bays.
A cerimônia teve início com o
rito da canonização: o prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal
Angelo Becciu, acompanhado dos postuladores, foi o Santo Padre e pediu que se
procedesse à canonização dos beatos.
O Cardeal apresentou brevemente
a biografia de cada um deles, que foram então declarados santos. Seguiu a
ladainha dos santos e o Pontífice leu a fórmula de canonização.
O prefeito da Congregação,
sempre acompanhado dos postulares, agradeceu ao Santo Padre e o coral entoou o
canto do Glória.
Invocar
Na homilia, o Papa Francisco
comentou o Evangelho deste 28º Domingo do Tempo Comum, que narra a cura de 12
leprosos.
“A tua fé te salvou” (Lc 17,
19): este é o ponto de chegada do Evangelho de hoje, que nos mostra o caminho
da fé. Neste percurso, afirmou o Papa, vemos três etapas cumpridas pelos
leprosos curados, que invocam, caminham e agradecem.
Primeiro, invocar. Assim como hoje, os leprosos sofrem, além pela doença em si, pela exclusão social. No tempo de Jesus, eram considerados impuros e, como tais, deviam estar isolados, separados. Eles invocam Jesus “gritando” e o Senhor ouve o grito de quem está abandonado.
Primeiro, invocar. Assim como hoje, os leprosos sofrem, além pela doença em si, pela exclusão social. No tempo de Jesus, eram considerados impuros e, como tais, deviam estar isolados, separados. Eles invocam Jesus “gritando” e o Senhor ouve o grito de quem está abandonado.
“Também nós – todos nós –
necessitamos de cura, como aqueles leprosos. Precisamos de ser curados da pouca
confiança em nós mesmos, na vida, no futuro; curados de muitos medos; dos
vícios de que somos escravos; de tantos fechamentos, dependências e apegos: ao
jogo, ao dinheiro, à televisão, ao celular, à opinião dos outros. O Senhor
liberta e cura o coração, se O invocarmos. ”
A fé cresce assim, prosseguiu o
Papa, com a invocação confiante. “Invoquemos diariamente, com confiança, o nome
de Jesus: Deus salva. Repitamo-lo: é oração. A oração é a porta da fé, a oração
é o remédio do coração.”
Caminhar
Caminhar é a segunda etapa. Os
leprosos são curados não quando estão diante de Jesus, mas depois enquanto
caminham.
“ É no caminho da vida que a
pessoa é purificada, um caminho frequentemente a subir, porque leva para o
alto. A fé requer um caminho, uma saída; faz milagres, se sairmos das nossas
cômodas certezas, se deixarmos os nossos portos serenos, os nossos ninhos
confortáveis. ”
Outro aspecto ressaltado pelo
Papa foi o plural dos verbos: “a fé é caminhar juntos, jamais sozinhos”. Mas,
uma vez curados, nove continuam pela sua estrada e apenas um regressa para
agradecer. E Jesus então pergunta: “Onde estão os outros nove?”.
“Constitui nossa tarefa
ocuparmo-nos de quem deixou de caminhar, de quem se extraviou: somos guardiões
dos irmãos distantes. Quer crescer na fé? Ocupa-se dum irmão distante.”
Agradecer
Agradecer é a última etapa. Ao
leproso curado, Jesus diz: “A tua fé te salvou”.
“Isto diz-nos que o ponto de
chegada não é a saúde, não é o estar bem, mas o encontro com Jesus. ”
O ponto culminante do caminho
de fé é viver dando graças. O Papa então questionou:
Nós, que temos fé, vivemos os
dias como um peso a suportar ou como um louvor a oferecer? Ficamos centrados em
nós mesmos à espera de pedir a próxima graça, ou encontramos a nossa alegria em
dar graças? Agradecer não é questão de cortesia, de etiqueta, mas questão de
fé.
Dizer “obrigado, Senhor”, ao
acordar, durante o dia, antes de deitar, é antídoto ao envelhecimento do
coração.
O motivo pelo qual agradecer
hoje são os novos Santos, que caminharam na fé e agora invocamos como
intercessores. Três deles, disse o Papa, são freiras, como Irmã Dulce, e
mostraram que a vida religiosa é um caminho de amor nas periferias existenciais
do mundo.
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