Francisco
presidiu a Missa na Casa Santa Marta na manhã desta quinta-feira (30/04) da III
Semana da Páscoa. Na introdução, dirigiu seu pensamento às vítimas do novo
coronavírus:
Rezemos hoje pelos defuntos,
aqueles que morreram por causa da pandemia; e também de modo especial pelos
defuntos – digamos assim – anônimos: vimos as fotografias das valas comuns.
Muitos ali…
Na homilia, o Papa comentou a
passagem do dia do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 8,26-40) que conta o
encontro de Filipe com um etíope eunuco, funcionário de Candace, desejoso de
compreender quem era a pessoa descrita pelo profeta Isaías: “Ele foi levado
como ovelha ao matadouro”. Depois que Filipe lhe explicou que se tratava de
Jesus, o etíope se deixou batizar.
É o Pai – afirmou Francisco
recordando o Evangelho de hoje (Jo 6,44-51) – quem atrai ao conhecimento do
Filho: sem essa intervenção não se pode conhecer o mistério de Cristo. Foi o
que aconteceu com o funcionário etíope, que ao ler o profeta Isaías tinha uma
inquietude colocada pelo Pai em seu coração. Isso – observou o Papa – vale
também para a missão: nós não convertemos ninguém, é o Pai que atrai. Nós
podemos simplesmente dar um testemunho de fé. O Pai atrai através do testemunho
de fé. É preciso pedir que o Pai atraia as pessoas a Jesus: são necessários o
testemunho e a oração. Esse é o centro do nosso apostolado. Perguntemo-nos: dou
testemunho com meu estilo de vida, rezo para que o Pai atraia as pessoas a
Jesus? Ir em missão não é fazer proselitismo, é testemunhar. Nós não
convertemos ninguém, é Deus que toca o coração das pessoas. Peçamos ao Senhor –
foi a oração conclusiva do Papa – a graça de viver nosso trabalho com o
testemunho e com a oração para que Ele possa atrair as pessoas a Jesus.
A seguir, a homilia transcrita
pelo Vatican News:
“Ninguém pode vir a mim, se o
Pai que me enviou não o atrai”: Jesus recorda que também os profetas tinham
preanunciado isto: “E todos serão instruídos por Deus”. É Deus quem atrai ao
conhecimento do Filho. Sem isso, não se pode conhecer Jesus. Sim se pode
estudar, inclusive estudar a Bíblia, também conhecer como nasceu, o que fez:
isso sim. Mas conhecê-Lo interiormente, conhecer o mistério de Cristo é somente
para aqueles que foram atraídos pelo Pai para isso.
Foi o que aconteceu a este
ministro da economia da rainha da Etiópia. Vê-se que era um homem piedoso e que
reservou um tempo, em meio aos muitos negócios que tinha a fazer, para ir
adorar Deus. Um fiel. E voltava à pátria lendo o profeta Isaías. O Senhor pegou
Filipe, enviou-o àquele lugar e depois lhe disse: “Aproxima-te desse carro”, e
ouve o ministro que está lendo Isaías. (Ele) se aproxima e lhe faz uma
pergunta: “Compreendes?” – “Como posso, se ninguém mo explica?”, e faz a
pergunta: “De quem o profeta está dizendo isso?” Peço-te, suba no carro”, e
durante a viagem – não sei quanto tempo, penso que ao menos duas horas – Filipe
explicou: explicou Jesus (conf. versículos 26-35).
Aquela inquietude que este
senhor tinha na leitura do profeta Isaías era propriamente do Pai, que atraia a
Jesus: o tinha preparado, o tinha levado da Etiópia a Jerusalém para adorar
Deus e depois, com essa leitura, tinha preparado o coração para revelar Jesus,
a ponto que assim que viu a água disse: “Posso ser batizado”. E ele acreditou.
E isso – que ninguém pode
conhecer Jesus sem que o Pai o atraia –, isso é válido para o nosso apostolado,
para a nossa missão apostólica como cristãos. Penso também nas missões. “O que
você vai fazer nas missões?” – “Eu, converter as pessoas” – “Pare, você não vai
converter ninguém! Será o Pai a atrair aqueles corações para reconhecer Jesus”.
Ir em missão é dar testemunho da própria fé; sem testemunho você não fará nada.
Ir em missão – e são bons missionários! – não significa criar grandes
estruturas, coisas… e parar por aí. Não: as estruturas devem ser testemunhos.
Você pode fazer uma estrutura hospitalar, educacional de grande perfeição, de
grande desenvolvimento, mas se uma estrutura é sem testemunho cristão, seu
trabalho aí não será um trabalho de testemunha, um trabalho de verdadeira
pregação de Jesus: será uma sociedade de beneficência, muito boa – muito boa! –
mas nada mais.
Se eu quero ir em missão, e
digo isso se eu quero ir em apostolado, devo ir com a disponibilidade que o Pai
atraia as pessoas a Jesus, e isso é feito pelo testemunho. Jesus mesmo o disse
a Pedro, quando confessa que Ele é o Messias: “Feliz és tu, Simão Pedro, porque
quem te revelou isso foi o Pai”. É o Pai que atrai, e atrai com nosso
testemunho. “Eu farei muitas obras, aqui, ali, acolá, de educação, disso,
daquilo outro…”, mas sem testemunho são coisas boas, mas não são o anúncio do
Evangelho, não são lugares que dão a possibilidade que o Pai atraia ao
conhecimento de Jesus (conf. Jo 6,44). Trabalho e o testemunho.
“Mas como posso fazer para que
o Pai se preocupe em atrair essas pessoas?” A oração. E essa é a oração pelas
missões: rezar para que o Pai atraia as pessoas a Jesus. Testemunho e oração
caminham juntos. Sem testemunho e oração não se pode fazer pregação apostólica,
não se pode fazer anúncio. Você fará uma bonita pregação moral, fará muitas
coisas boas, todas boas. Mas o Pai não terá a possibilidade de atrair as
pessoas a Jesus. E esse é o centro: esse é o centro do nosso apostolado, que o
Pai possa atrair as pessoas a Jesus. Nosso testemunho abre as portas às pessoas
e nossa oração abre as portas ao coração do Pai para que atraia as pessoas.
Testemunho e oração. E isso não é somente para as missões, é também para nosso
trabalho como cristãos. Eu dou testemunho de vida cristã, realmente, com o meu
estilo de vida? Eu rezo para que o Pai atraia as pessoas a Jesus?
Essa é a grande regra para
nosso apostolado, em todos os lugares, e de modo especial para as missões. Ir
em missão não é fazer proselitismo. Uma vez… uma senhora – uma boa pessoa, se
via que era de boa vontade – se aproximou com dois jovens, um jovem e uma
jovem, e me disse: “Este (jovem), Padre, era protestante e se converteu: eu o
converti. E esta (jovem) era…” – não sei, animista, não sei o que me disse, “e
eu a converti”. E a senhora era boa: boa. Mas errava. Perdi um pouco a
paciência e disse: “Escute-me, a senhora não converteu ninguém: foi Deus quem
tocou o coração das pessoas. E não se esqueça: testemunho, sim; proselitismo,
não”.
Peçamos ao Senhor a graça de
viver nosso trabalho com testemunho e com oração, para que Ele, o Pai, possa
atrair as pessoas a Jesus.
O Santo Padre terminou a
celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão
espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais
presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e
minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo
Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco
como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais
que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela
dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”,
cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos.
Aleluia!
Porque Aquele que merecestes
trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse.
Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó
Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor
ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Via Vatican
News
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