segunda-feira, 23 de julho de 2012

Maria Santíssima transpira o Amor Divino!


Sempre neves -  depoimento da jornalista e ex-aluna Simone Silva


Eu acho que todo mundo ama os tempos de escola.
Se não ama ou pelo menos sente uma pontinha de saudade é porque nada aprendeu, e não me refiro só às disciplinas obrigatórias, me refiro a absorver felicidade.
Hoje, queridos, peço licença para contar de bons 12 anos no meu Colégio das Neves.
Lembro a primeira vez que entrei, achei tão grande, logo pensei que ia me perder dentro. No parque entre as mangueiras tinha o maior escorrega que eu já tinha visto na vida e que, logo, passaria a alegrar meu recreio.
Usei saia plissada e sapato boneca, achava tão bonitinho e tinha contentamento vestindo minha farda azul e branca.
Quando instalaram as TVs nas salas - o circuito interno com o primeiro estúdio de um colégio na cidade - lembro que achávamos que era para espionar os alunos, os pestinhas. Um tipo de olho mágico, meio BBB.
Não tinha programa melhor que jogar espiribol até Seu Rafael tirar a bola. Hoje os meninos nem imaginam o que é isso. Joguei biloca, queimada e pulei muito elástico.
Num tempo quenão tinha esse negócio de bullying. Longe dos olhos das irmãs resolvíamos na gritaria e confusão e pronto. Se fosse pego ia para o Soesp, levava uns "ralha" e tudo ficava na paz.
Só não podia vir com a farda descompleta. Aí sim, dor de cabeça certa.
Não tinha politicamente correto. Nossa nota era deficiente ou insuficiente. Os crânios só tiravam ótimo e bom. Tudo marcado num gráfico fofo, em cadernetas que estampavam na capa o tema da Campanha da Fraternidade.
Foi lá que aprendi a cantar o hino nacional, toda quinta, sagrado.
Também tinha que saber o Estudando e brilhando todo ano... e a música das Filhas do Amor Divino, congregação que rege a escola... "pelo bem que em teu nome reveste, intercede por nós suas filhas..."
Eleição de Centro Cívico era festa, jogos, então, nem se fala. Sempre queria que minha turma fosse a melhor.
Todo mundo torcia para chegar outubro, os JERNs. As aulas ficavam meio suspensas e lá íamos nós para outros colégios em ônibus apinhados. Não importava o esporte valia era gritar: "Quem são vocês, é o Neves outra vez. Não escutei. É o Neves outra vez...."
O CNSN não era um colégio de moda, desses de agora, mas os pais enchiam a boca para dizer que os filhos estudavam lá.
Conseguir uma vaga era mais ou menos como passar no vestibular. Tinha fila e valia a amizade com um funcionário.
Duvido que gincana do estudante fosse mais animado do que lá.
E o São João? Quase uma tradição com suas barracas e o túnel do terror. Era na quadrilha que surgiam os primeiros namoros, nas excursões do pré, também, mesmo com toda vigilância das coordenadoras do tipo Djazilda.
As meninas não usavam batom, nem barriga de fora. Todo mundo fazia agenda e os telefones eram todos anotados num caderninho.
Os líderes de turma eram a elite e sair no jornalzinho a glória.
Os artistas participavam do Festival de Artes e a Feira de Ciências era um acontecimento, tanta banca para ouvir explicação...
Tenho muitas e boas lembranças do Neves, que este ano completa 80 anos, dos professores, funcionários, orientadores, das irmãse, principalmente, das amizades que ela me deu, muitas perduram até hoje.
Sim, sou cria do Amor Divino com um orgulho danado de bom e desconheço ex-alunos tão apaixonados.
Sigo sempre protegida por Nossa Senhora das Neves.

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