Meditemos sobre a grandeza e a profundidade do amor da Virgem
Maria, Mãe do divino Amor, a Deus e aos seus filhos.
A Santíssima Virgem Maria
recebeu a missão especialíssima de ser a Mãe do divino Amor, de Jesus Cristo, o
Filho de Deus humanado. No entanto, a sua missão não se limitou à maternidade
divina. Mas, ela também recebeu como filhos aqueles que o Filho lhe confiou
(cf. Jo 19, 26). E, para que cumprisse fielmente essa dupla missão, ela recebeu
de Deus a mais alta capacidade de amar concedida a uma simples criatura.
O amor de Nossa Senhora para com Deus manifestou-se na sua mais
tenra idade, quando se consagrou ao serviço do Templo. Depois, o amor da Virgem
de Nazaré manifestou-se no acolhimento da vontade de Deus, desde o mistério da
Anunciação da vinda do Filho de Deus ao mundo, passando pela sua vida, paixão,
morte e ressurreição, até o mistério da sua Ascensão aos Céus. O amor da Mãe da
Igreja também se manifestou e continua a se manifestar no cuidado para com os
seus filhos, devotos e consagrados.
O amor da Menina
Maria na Apresentação no Templo
Uma oferta de amor maior e mais
perfeita do que a de Maria Santíssima, ainda menina de três anos, nunca foi e
nunca será feita a Deus por uma simples criatura. Pois, ela se apresentou no
templo de Jerusalém não para oferecer a Deus aromas ou vitelos, nem talentos de
ouro, mas todo seu ser, em perfeito e perene holocausto de amor ao Senhor[1].
A pequena Menina ouviu bem a
voz de Deus, que já a chamava para dedicar-se inteiramente ao amor, como está
escrito no Cântico dos Cânticos: “Levanta-te, minha amiga; vem, formosa minha”
(Ct 2,10). Desde então, queria o Senhor que ela esquecesse sua pátria, sua
família, seus parentes, que deixasse tudo para aplicar-se unicamente a amá-lo e
a agradar-lhe: “Ouve, filha, vê e presta atenção: esquece o teu povo e a casa
de teu pai. De tua beleza se encantará o rei; ele é teu senhor, rende-lhe
homenagens” (Sl 44, 11-12).
A Virgem Maria obedeceu
imediatamente a voz de Deus e, sem olhar para trás, entregou-se inteiramente a
Ele. Meditemos sobre o amor com que fez a sua oferta a Deus e o quanto esta lhe
foi agradável. Pois, a Menina ofereceu-se prontamente, e sem demora. Além
disso, o fez inteiramente, sem reservas, com um amor insuperável por qualquer
outra criatura.
O amor da Virgem
Santíssima para com Jesus e José
Ao meditarmos sobre a Virgem
Maria diante de Deus, no silêncio da humilde casa de Nazaré, podemos contemplar
o seu amor esponsal para com São José e, ao mesmo tempo, o seu amor maternal
para com o Menino Jesus[2].
O amor da Virgem de Nazaré se
manifesta no silêncio e na humildade diante do mistério da Encarnação do Verbo
de Deus. Estando grávida pela ação do Espírito Santo, ela não quis
justificar-se, mas deixou que José escolhesse livremente ser pai adotivo de
Jesus Cristo, o Filho de Deus. Depois que São José, avisado em sonho por um
Anjo, acolheu Maria como esposa e o próprio Filho de Deus como seu, dando-lhe o
nome de Jesus (cf. Mt 1, 19-21), ela amou ainda mais seu esposo, com amor puro
e sublime, comparável somente ao dos anjos.
Nos mistérios do Santo Rosário,
podemos contemplar o amor da Virgem Santíssima e ter ideia da grandeza e da
profundidade de seu amor por Jesus Cristo. Sendo assim, meditemos com que amor
a Virgem de Nazaré: acolheu o Filho do Altíssimo em seu seio (cf. Lc 1, 26-38);
levou-O em seu ventre na visita à sua prima Santa Isabel (cf. Lc 1, 39-45);
tomou o Menino Deus em seus braços e envolveu-O em faixas (cf. Lc 2, 7);
apresentou o Menino no Templo para ser circuncidado (cf. Lc 2, 22-39);
encontrou-O no Templo depois de três dias à sua procura (cf. Lc 2, 41-51). Da
mesma forma, nos outros mistérios do Rosário podemos também contemplar com que
amor Nossa Senhora dedicou-se ao seu Filho, cumprindo fielmente a sua entrega
total a Deus.
O amor da Mãe da Igreja para com seus filhos
O amor incondicional da Virgem
Maria para com Deus manifesta-se também nas suas criaturas. A partir de Jesus
Cristo, Deus feito homem, e de São José, seu castíssimo esposo, Nossa Senhora
ama a cada um de nós, seus filhos.
Este amor da Santíssima Virgem
para com seus filhos manifesta de modo especial àqueles que são seus devotos.
Incontáveis são os filhos de Maria que experimentam seu amor e cuidado
maternos, principalmente nas suas maiores necessidades. Nas capelas, igrejas,
basílicas e santuários dedicados a Nossa Senhora, vemos a resposta amorosa de
seus filhos, que não cessam de prestar-lhe homenagens.
O amor da Virgem Maria
manifesta-se de forma ainda mais especial àqueles que se consagram inteiramente
a Jesus Cristo pelas suas mãos maternais. Ao voltarmos nosso olhar para a vida
de tantos consagrados ou escravos de amor segundo o método de São Luís Maria
Grignion de Montfort, como foi o Papa São João Paulo II, vemos com que amor a
Santíssima Virgem os cerca de cuidados e os leva fácil, rápida, perfeita e
seguramente a seu Filho Jesus Cristo[3].
Oração de Santo Afonso
Maria de Ligório a Menina Maria
Ó dileta de Deus, amabilíssima menina Maria, ah! Se assim como vos
apresentastes no templo e prontamente e inteiramente vos consagrastes à glória
e ao amor do vosso Deus, eu pudesse também oferecer-vos neste dia os primeiros
anos de minha vida para dedicar-me todo ao vosso serviço, ó santa e dulcíssima
Senhora minha, como seria então feliz! Mas não é mais tempo, porquanto,
infeliz, tenho perdido tantos anos a servir o mundo e os meus caprichos, quase
inteiramente esquecido de vós e de meu Deus. Mas é melhor começar tarde do que
nunca.
Eis, ó Maria, que hoje a vós me apresento, e me ofereço todo ao vosso
serviço, por aquele pouco ou muito tempo que me resta de vida neste mundo. A
vosso exemplo renuncio a todas as criaturas, e inteiramente me dedico ao amor
de meu criador. Consagro-vos, pois, ó minha Rainha, a minha mente para que
pense sempre no amor que mereceis; minha língua, para louvar-vos; meu coração,
para amar-vos. Aceitai, ó puríssima Virgenzinha, a oferta que vos apresenta
esse mísero pecador.
Aceitai-a, eu vo-lo rogo, por aquela consolação que sentiu
o vosso coração, quando no templo vos destes a Deus. E se tarde me dedico ao
vosso serviço, é justo que compense o tempo perdido, duplicando os obséquios e
o amor. Ajudai com vossa poderosa intercessão, ó Mãe de misericórdia, a minha
fraqueza, e impetrai-me do vosso Jesus a perseverança e a fortaleza para
ser-vos fiel até à morte, a fim de que, servindo-vos sempre nesta vida, possa
depois ir louvar-vos eternamente no céu[4].
Ó Virgem Maria, Mãe do divino
Amor, rogai por nós!
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