Nossa Senhora das Vitórias
La Rochelle, importante porto francês, de fundação
medieval, tornou-se, no início da Idade Moderna, um poderoso reduto do
protestantismo. O Rei Luís XIII e seu ministro, o Cardeal Richelieu,
empreenderam, em 1627, o cerco da cidadela, com a finalidade de acabar com a
revolta dos huguenotes.
A empresa, porém, era bastante difícil, pois os
revoltosos estavam apoiados pela Inglaterra e o monarca pediu, então, à sua
esposa, a Rainha Ana da Áustria, para tomar
as devidas providências, de modo
que, em todas as igrejas de Paris, fossem feitas orações públicas pelo triunfo
de suas armas. Assim pois, todos os sábados, o Arcebispo, com o clero à frente,
a corte e numerosos fiéis, rezava o terço, para pedir a Deus a derrota dos
protestantes. Os capelães do exército promoveram, também, orações entre os
soldados. Assim, a certas horas da tarde ecoavam, entre a tropa arregimentada,
orações em louvor à Virgem Santíssima.
Deus atendeu ao pedido do Rei e pouco depois, a
praça forte se rendeu. Em testemunho da gratidão por essa vitória, Luís XIII
lançou em Paris, a pedra fundamental de uma igreja que se chamou Nossa Senhora
das Vitórias, como recordação da tomada de La Rochelle.
O convento dos eremitas de Santo Agostinho, situado
próximo desse templo, recebeu, pouco depois, um humilde camponês, conhecido
pelo nome de Irmão Fiacre, encarregado dos mais rudes serviços do mosteiro,
porém, grande devoto de Nossa Senhora.
A Rainha da França, Ana da Áustria, casada há mais
de 23 anos, havia perdido a esperança de dar um herdeiro ao trono francês. O
humilde Irmão Fiacre, com pena da rainha, e das consequências que essa situação
poderia trazer à monarquia, encarregou-se de suplicar a intercessão de Nossa
Senhora e do seu Divino Filho. Certa noite, Maria Santíssima apareceu para o Frade,
prometendo-lhe atender às suas preces, com a condição de que as novenas fossem
rezadas nos santuários por Ela designados. Após 10 meses de orações, nascia a 5
de setembro de 1638, um menino, que seria mais tarde o Rei Luís XIV, o grande
soberano, que emprestaria seu nome ao século XVII, conhecido como “Rei Sol”, um
dos mais importantes monarcas da França.
Em agradecimento, publicou-se um Edito oficial
consagrando a França e a família real à Virgem Santíssima. Foi o famoso Voto de
Luís XIII, celebrado ainda hoje, nas paróquias francesas.
A igreja de Nossa Senhora das Vitórias, construída
em estilo clássico, está coberta de ex-votos e sua iluminação é feita por
lâmpadas votivas de milhares de velas, que atestam a veneração popular à Mãe
Imaculada. Em sua fachada, foi gravada, em letras de outro, uma legenda de
gratidão, por “tantas vitórias que lhe vieram do Céu, especialmente d’Aquela
que arrasou a heresia”.
No século XIX, por ocasião das aparições de Nossa
Senhora a Catarina de Labourè, o cura da Igreja de Nossa Senhora das Vitórias
fundou uma associação de orações, que reúne adeptos de todo o mundo, mostrando
a intensa irradiação deste santuário. As principais festas são no Domingo da
Septuagésima e o 4º Domingo de Outubro.
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