Neste
ano de 2018, o Código de Direito Canônico (CDC) da Igreja Católica completou 35
anos. Neste mês de novembro, quando a Igreja no Brasil celebrou 10 anos do
acordo entre o Brasil e a Santa Sé, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) promoveu um evento oportuno para fazer memória e refletir sobre a
legislação aplicada à Igreja. Com 35 de sua promulgação, o CDC não só é uma
norma aplicada à realidade eclesial, mas é a própria legislação da Igreja
Católica, a qual rege as relações entre as pessoas eclesiásticas entre si e
entre os fiéis e as instituições católicas.
“O Código de Direito Canônico é
um instrumento valioso para missão evangelizadora da Igreja. A Igreja necessita
de normas, necessita de leis para se organizar cada vez melhor em vista da
missão de evangelizar, da razão de ser pastoral, da razão de ser evangelizadora
e a comunhão da igreja. O Código de Direito Canônico contribui para que nós na
Igreja possamos ter a nossa identidade clara, possamos caminhar unidos e
possamos, acima de tudo, evangelizar cada vez melhor. A missão evangelizadora
da Igreja, a Igreja, a sua vida em missão, de fato estão aí no coração do
Código de Direito Canônico”, afirmou o arcebispo de Brasília e presidente da
CNBB, cardeal Sergio da Rocha.
Para o assessor
jurídico-canônico da CNBB, frei Evaldo Xavier Gomes, afirma que a celebração
dos 35 anos desta nova legislação, que substitui o código de 1917, “significa
um avanço no campo jurídico, mas também um avanço na vida das instituições, dos
fiéis católicos, das relações entre as pessoas eclesiásticas entre si e entre
os fiéis e as instituições católicas”. A tradução da legislação feita pela
Santa Sé, responde, segundo frei Evaldo, “às necessidades dos tempos atuais na
Igreja no mundo de hoje”.
O frade carmelita que assessora
a CNBB no campo jurídico-canônico ainda sublinha este marco na história do CDC
citando o papa João Paulo II, que, no momento da promulgação, pronunciou uma
frase considerada célebre. “Ele chama o Código de Direito Canônico de ‘o último
documento do Concílio Vaticano II’. Nesse sentido, o CDC, significa para nós católicos
apostólicos romanos a realização, a última ação do Concílio Vaticano II no
campo jurídico-canônico”.
Em seu texto de apresentação do
documento, o então pontífice, hoje santo, fez essa alusão ao Concílio Vaticano
II por várias vezes, destacando o papa João XXIII, como “promotor da revisão do
Código”, na intenção “de restaurar a vida cristã”. Para João Paulo II, o CDC
tirou de toda a obra do Concílio as suas normas e a sua orientação.
Aplicação na realidade da
Igreja
Para o presidente da CNBB, a
entidade necessita cada vez mais do Código de Direito Canônico: “primeiramente
aqueles que estão a serviço da Igreja, que necessitam conhecer um pouco melhor,
na sua organização interna, nas suas normas, mas é sempre muito bom que todos
conheçam ao menos as suas normas principais da própria Igreja”.
Um desafio, neste contexto é
tornar o código mais acessível. Para isso, o cardeal Sergio da Rocha explica
que a Igreja deve “expressar em uma linguagem, em uma metodologia aquilo que
está no Código de Direito Canônico de modo que as pessoas possam compreender
melhor, apreciar e valorizar essa contribuição extraordinária para a vida da
Igreja que se encontra na sua legislação canônica”.
Frei
Evaldo Xavier destaca a presença do CDC nos vários espaços da Igreja, como as
casas religiosas, paróquias, dioceses e seminário. Ele também pontua
atualizações que foram realizadas ao longo destes 35 anos: “Houve a necessidade
de atualização da norma canônica respondendo à realidade da vida das pessoas. É
o caso, por exemplo, da legislação matrimonial. O papa Francisco emitiu um motu próprio Mitix Dominus
Iesus, que altera algumas normas no âmbito matrimonial canônico para
facilitar o acesso das pessoas à justiça eclesiástica”.
Outras adaptações, “muito
pequenas, diria quase que menor portadas, mas extremamente significantes”,
referem-se à ação sobre abusos sexuais, sobre o comportamento dos sacerdotes, e
às pessoas que abandonam a fé, por exemplo. “O texto, integralmente, continua
com toda a sua harmonia, todo seu vigor e toda a sua força”, salienta frei
Evaldo Xavier.
A promulgação do atual Código
de Direito Canônico foi em 25 de janeiro de 1983.
Via CNBB
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