O Papa
começou a semana celebrando a missa na capela da Casa Santa Marta. Na homilia,
o Pontífice comentou o Evangelho do dia, onde há um contraste entre ricos e
pobres.
O Papa destacou como muitas
vezes no Evangelho Jesus faz este contraste e alguém poderia “etiquetar” Cristo
como “comunista”, mas “o Senhor, quando dizia essas coisas, sabia que por trás
das riquezas havia sempre o espírito maligno: o senhor do mundo”. Por isso,
disse uma vez: “Não se pode servir a dois senhores, servir a Deus e servir às
riquezas”.
A generosidade nasce da
confiança em Deus
Também no Evangelho de hoje há
um contraste entre os ricos que “depositavam ofertas no tesouro” e uma viúva
pobre que depositava duas pequenas moedas. Esses ricos são diferentes do rico
Epulão: “não são maus”, destacou o Papa. “Parecem ser pessoas boas que vão ao
Templo dar uma oferta”. Trata-se, portanto, de um contraste diferente. O Senhor
quer nos dizer outra coisa quando afirma que a viúva lançou mais do que todos
porque deu “tudo quanto tinha para viver”. “A viúva, o órfão, o migrante, o
estrangeiro eram os mais pobres na vida de Israel” a ponto que quando se queria
falar dos mais pobres, se fazia referência eles. Esta mulher “deu o pouco que
tinha para viver” porque confiava em Deus, era uma mulher das bem-aventuranças,
era muito generosa: “dá tudo porque o Senhor é mais que tudo. A mensagem desta
trecho do Evangelho é um convite à generosidade”, evidenciou o Papa.
Fazer o bem
Diante das estatísticas da
pobreza no mundo, das crianças que morrem de fome, que não têm nada para comer,
não têm remédios, tanta pobreza – que se ouve todos os dias nos telejornais e
nos jornais – é uma atitude positiva questionar-se: “Mas como posso resolver
isto?”. Nasce da preocupação de fazer o bem. E quando uma pessoa que tem um
pouco de dinheiro se pergunta se o pouco que tem serve, o Papa responde que
sim, “como as duas pequenas moedas da viúva”.
Um chamado à generosidade. E a
generosidade é uma coisa de todos os dias, é uma coisa que nós devemos pensar:
como posso ser mais generoso com os pobres, com os necessitados… como posso
ajudar mais? “mas o senhor sabe, padre, que nós mal chegamos ao final do mês” –
“mas sobra alguma pequena moeda? Pense: é possível ser generoso com estas…
Pense. As pequenas coisas: façamos, por exemplo, uma viagem nos nossos quartos,
uma viagem no nosso armário. Quantos sapatos tenho? Um, dois, três, quatro, 15,
20… cada um pode dizer. Demasiados… Eu conheci um monsenhor que tinha 40… mas
se você tem tantos calçados, dê a metade. Quantas roupas que não uso ou uso uma
vez por ano? É um modo de ser generoso, de dar o que temos, de compartilhar.
A doença do consumismo
Depois, Francisco contou que
conheceu uma senhora que quando fazia compras no supermercado, sempre comprava
para os pobres 10% do que gastava: dava o “dízimo” aos pobres, destacou.
Nós podemos fazer milagres com
a generosidade. A generosidade das pequenas coisas, poucas coisas. Talvez não
fazemos isso porque não pensamos. A mensagem do Evangelho nos faz pensar: como
posso ser mais generoso? Um pouco mais, não muito… “É verdade, padre, é assim,
mas… não sei porque, mas sempre há o medo…” Mas há outra doença, que é a doença
contra a generosidade hoje: a doença do consumismo.
Doença que consiste em comprar
sempre coisas. O Papa recordou que quando vivia em Buenos Aires “todo final de
semana tinha um programa de turismo-compras”: o avião lotava na sexta à noite e
se dirigia a um país a cerca de 10 horas de voo e todo o sábado e parte do
domingo ficavam comprando. Depois voltavam.
Uma doença séria, a do
consumismo, de hoje! Eu não digo que todos nós fazemos isso, não. Mas o
consumismo, o gastar mais do que precisamos, uma falta de austeridade de vida:
este é um inimigo da generosidade. E a generosidade material – pensar nos
pobres, “isso posso dar para que possam comer, para que se vistam” – essas
coisas, tem outra consequência: alarga o coração e o leva à magnanimidade.
Pedir a graça da generosidade
Trata-se, portanto, de ter um
coração magnânimo onde todos entram. Concluindo, o Papa exortou a percorrer o
caminho da generosidade, iniciando com um “controle em casa”, isto é, pensando
“naquilo que não me serve, que servirá a outra pessoa, para um pouco de
austeridade”. É preciso pedir ao Senhor “para que nos liberte” daquele mal tão
perigoso que é o consumismo, que torna escravos, uma dependência do gastar. “É
uma doença psiquiátrica.” O Papa concluiu: “Peçamos esta graça ao Senhor: a
generosidade, que alarga o nosso coração e nos leva à magnanimidade.”
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