Deus nos criou para uma missão neste mundo; e para isso nos dotou de talentos adequados para cumpri-la. Quando realizamos o desejo de Deus, então, somos felizes porque nos sentimos realizados e úteis.
Então, é fundamental descobrir a nossa vocação.
Quando você realiza sua
vocação, dá sentido a sua vida. Cada pessoa é chamada (vocação vem do latim
‘vocare’ = chamar) por Deus a ter uma vida realizada e plena.
Tomar consciência de que a
vocação é um chamado de Deus à vida deve nos alertar de como viver bem esta
vida que nos foi dada não só como um presente, mas também como missão.
Vocação é diferente de
profissão, embora possa haver uma interface entre ambas. A sua profissão é
definida por suas aptidões, já a vocação define um “estado de vida”; é algo
mais profundo dentro de você; é algo “existencial”, compreende toda a sua
pessoa, toda a sua realidade psicológica, mental e espiritual.
Há jovens que têm dúvida em
discernir sobre a sua vocação, especialmente se vão se casar ou serem
consagrados e celibatários. Essa é uma questão fundamental. Quem tem um desejo
muito forte de se casar, ter filhos, constituir uma família, então, deve seguir
esse caminho e nele servir a Deus como bom pai, boa mãe, bom esposo (a), bom
profissional, etc.
Os que são chamados por Deus para
o sacerdócio, ou para uma vida religiosa celibatária, terão mais atração para
esta opção do que para o casamento. Deus coloca no coração da pessoa este
desejo, embora ele tenha de cultivá-lo com sua graça, oração, etc.
Evidentemente a decisão deve ser tomada com um bom conhecimento do que seja
tanto a vida conjugal quanto a celibatária de um consagrado a Deus. E nisto
muito ajuda a orientação espiritual de uma pessoa madura.
Quem deseja seguir a vida
religiosa deve estar ciente de que fará uma “entrega radical” de sua vida a
Deus e a seu Reino, sem viver para si mesmo e para uma família. Será como
Jesus, “alter Christus”, um outro Cristo, que disse que não tinha “nem onde
reclinar a cabeça”; isto é, nada possuía, era desapegado de tudo, vivia só para
Deus. Sua vontade era “fazer a vontade do Pai” (João 6,30), este era “seu
alimento” (João 4,32). Quem deseja seguir esta vocação deve estar ciente de que
deve “dar a vida para ganha-la” (Mt 16,24), como o grão de trigo que morre na
terra para dar fruto (João 12, 24). É uma “chamada radical” e que não admite
meio termo, sob pena da pessoa ficar frustrada.
Já para a vida conjugal, é
necessário o discernimento para verificar se há o desejo sincero de dividir a
sua vida com alguém, de forma exclusiva, na fidelidade ao outro em todos os
instantes até a morte, vivendo para ele e para os filhos.
Então, para o bom discernimento
da vocação é preciso que você olhe para você mesmo com olhos abertos, sem medo
e sem se esconder de você mesmo. E peça a Deus que o ajude a se conhecer. Se
você se confrontar com você mesmo, então se conhecerá e não se iludirá.
Escolhido o caminho a seguir,
então, vá em frente com determinação, atento aos acontecimentos, em direção
àquilo que se sente chamado. Nesta caminhada você vai descobrindo se tem ou não
as disposições exigidas pela realidade que escolheu.
Já na vida secular, para aquele
que optou pelo casamento ou por uma vida celibatária no mundo, nem sempre é
fácil escolher a profissão e muitos se enganam. Isso exige também que você se conheça
com clareza; identifique seus talentos e aptidões. Não adianta, por exemplo,
querer ser médico se você não pode ver sangue. Não adianta querer ser
engenheiro se detesta física e matemática… Seja coerente.
Pode ser que um psicólogo (a) o
ajude com testes vocacionais e orientações adequadas. Mas, acima de tudo é
preciso “ouvir o coração”: o que você gosta de fazer? Quais são as suas
aptidões e interesses? Também saiba ouvir os outros que estão perto de você.
Muitas vezes as pessoas identificam os nossos valores e talentos e os revelam a
nós.
Algumas vezes somos obrigados a
tomar uma decisão difícil para mudar o rumo de nossa vida profissional, quando
sentimos que não gostamos do que estamos fazendo, do trabalho que realiza, etc.
Eu mesmo mudei radicalmente o rumo de minha vida aos 20 anos de idade quando já
estava às vésperas de receber a espada de oficial do Exército na Academia
Militar. Eu sentia que não era o meu interesse, o meu gosto, por que eu queria
ser professor. Então, deixei a Academia e fui ser professor universitário, o
que fiz durante 40 anos. E fui e sou feliz nisso, ensinando.
Para o cristão, o discernimento
da vocação ou da profissão, exige a oração, a relação de intimidade com Deus,
pois foi Ele quem o criou e deseja que você se realize. Não podemos esquecer do
que Jesus disse: “Sem mim NADA podeis fazer” (João 15,5).
Prof. Felipe
Aquino
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