O bispo
brasileiro dom Hélder Pessoa Câmara poderia ser beatificado durante o XVIII
Congresso Eucarístico Nacional, que acontecerá em Recife e Olinda de 12 a 15 de
novembro de 2020.
A informação é de mons. José
Alberico, secretário geral do Congresso Eucarístico, em entrevista à Rádio 9 de
Julho, da Arquidiocese de São Paulo. Segundo mons. Alberico, a fase diocesana
do processo de beatificação será concluída em 16 de dezembro, após três anos da
sua abertura por parte da Arquidiocese de Olinda e Recife.
O secretário geral também falou
da preparação para o Congresso, que terá como tema “Pão em todas as mesas”, e
do testemunho de dom Hélder:
“Foi um homem eucarístico.
Sabemos o quanto ele vivia em ação de graças e fazia com que a Eucaristia fosse
o centro de sua vida”.
Rumo aos altares
Com o parecer favorável da
Congregação para as Causas dos Santos, do Vaticano, dom Hélder já recebeu o
título de Servo de Deus e, após o reconhecimento de um milagre atribuído à sua
intercessão, será proclamado Bem-Aventurado (Beato). Se houver depois a
comprovação de mais um milagre, ele poderá ser canonizado, isto é, proclamado
Santo.
Vigília Eucarística
Dom Hélder se levantava todos
os dias por volta das 4h da manhã para fazer adoração ao Santíssimo Sacramento
antes da Celebração Eucarística matutina. Ele chamava esses momentos de
vigílias:
“Minha única escravidão é o
despertador, que me desperta para a vigília. É na vigília que se inicia a
celebração da Eucaristia, que se prolonga por todos os embates do dia. Pai, se
possível continua a permitir que a Missa seja sempre a primeira. Seja preparada
pela vigília e se estenda ao dia inteiro”.
Trajetória
Dom Hélder Pessoa Câmara nasceu
em 7 de fevereiro de 1909 em Fortaleza, no Ceará, filho do jornalista e crítico
teatral João Eduardo Torres Câmara Filho e da professora primária Adelaide
Pessoa Câmara. Tinha 12 irmãos.
Recebeu a primeira Eucaristia
aos 8 anos de idade e aos 14 entrou no Seminário da Prainha de São José, em
Fortaleza, onde fez o curso preparatório e cursou Filosofia e Teologia. Foi
necessária uma autorização especial de Roma para a sua ordenação sacerdotal,
que ocorreu quando ele tinha apenas 22 anos de idade.
Em 11 de abril de 1964, foi
nomeado Arcebispo de Olinda e Recife, ocasião em que escreveu:
“Ninguém se escandalize quando
me vir frequentando criaturas tidas como indignas e pecadoras. Quem não é
pecador? Quem pode jogar a primeira pedra? Nosso Senhor, acusado de andar com
publicanos e almoçar com pecadores, respondeu que justamente os doentes é que
precisam de médico. Ninguém se espante me vendo com criaturas tidas como
envolventes e perigosas, da esquerda ou da direita, da situação ou da oposição,
antirreformistas ou reformistas, antirrevolucionárias ou revolucionárias, tidas
como de boa ou de má fé. Ninguém pretenda prender-me a um grupo, ligar-me a um
partido, tendo como amigos os seus amigos e querendo que eu adote as suas
inimizades. Minha porta e meu coração estarão abertos a todos, absolutamente a
todos. Cristo morreu por todos os homens: a ninguém devo excluir do diálogo
fraterno”.
Bispo emérito desde 1985, por
atingir o limite de idade de 75 anos, dom Hélder morreu em casa, no Recife, em
27 de agosto de 1999.
Tinha sido secretário geral da
CNBB, inclusive durante o Concílio Vaticano II (1962-1965). Seu trabalho em
defesa dos direitos humanos lhe rendeu prêmios internacionais como o Martin
Luther King, dos Estados Unidos, em 1970, e o Prêmio Popular da Paz, na
Noruega, em 1974. Escreveu 35 livros, incluindo os 13 volumes das Obras Completas,
a maioria composta de ensaios e reflexões sobre o assim chamado Terceiro Mundo
e a Igreja.
Via Aleteia
Nenhum comentário:
Postar um comentário