segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Papa: despertar do sono da mediocridade e da indiferença com oração e amor

 


“Senhor, fazei-nos sentir o desejo de rezar e a necessidade de amar.” Com esta invocação, o Papa Francisco concluiu sua homilia ao presidir à Santa Missa na Basílica de São Pedro neste I Domingo do Advento.

Concelebraram com o Pontífice os cardeais criados ontem no Consistório Ordinário Público. Ao comentar as leituras do dia, Francisco ressalta duas palavras: proximidade e vigilância.

Proximidade de Deus e vigilância nossa

O Advento, afirmou, é o tempo para nos lembrarmos da proximidade de Deus, que desceu até nós. O primeiro passo da fé, explicou, é dizer ao Senhor que precisamos Dele, da sua proximidade. E a primeira mensagem do Advento e do Ano Litúrgico é também reconhecer Deus próximo.

“Façamos nossa esta invocação caraterística do Advento: «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20). Podemos dizê-la ao princípio de cada dia e repeti-la com frequência, antes das reuniões, do estudo, do trabalho e das decisões a tomar, nos momentos importantes e de provação: Vem, Senhor Jesus!”

Invocando assim a sua proximidade, treinaremos a nossa vigilância. Esta palavra, aliás, é repetida quatro vezes no Evangelho deste domingo. É importante permanecer vigilantes, porque na vida é um erro perder-se em mil coisas e não se dar conta de Deus. Arrastados pelos nossos interesses e distraídos por tantas vaidades, corremos o risco de perder o essencial. Vigiar é não se deixar dominar pelo desânimo, é viver na esperança.

A fé é o contrário da mediocridade

Para o Pontífice, dois sonos nos ameaçam: o sono da mediocridade e o da indiferença.

A mediocridade sobrevém quando esquecemos o primeiro amor e avançamos apenas por inércia, prestando atenção somente a viver tranquilos.

“E isto corrói a fé, porque a fé é o contrário da mediocridade: é desejo ardente de Deus, audácia contínua em converter-se, coragem de amar, é caminhar sempre para diante. A fé não é água que apaga, mas fogo que queima.”

A vigilância da oração é o que pode nos despertar do sono da mediocridade. A oração oxigena a vida: tal como não se pode viver sem respirar, assim também não se pode ser cristão sem rezar.

Não se pode ser cristão sem caridade

Já quem dorme o sono da indiferença vê tudo igual, não se interessa por quem está perto dele. “Quando orbitamos apenas em torno de nós mesmos e das nossas necessidades, indiferentes às dos outros, a noite desce sobre o coração”, disse o Papa.

Trata-se de um sono que atualmente acomete a muitos e só poderemos despertar com a vigilância da caridade.
“A caridade é o coração pulsante do cristão: tal como não se pode viver sem pulsação, assim também não se pode ser cristão sem caridade.”

Ajudar os outros não é ser perdedor; pelo contrário, é ser vitorioso, pois é com as obras de misericórdia que nos aproximamos do Senhor.

“Rezar e amar: aqui está a vigilância. Quando a Igreja adora a Deus e serve o próximo, não vive na noite. Ainda que esteja cansada e provada, caminha rumo ao Senhor.”

O convite final do Papa é para fazer a seguinte invocação: “Vinde, Senhor Jesus! Vós sois a luz: despertai-nos do sono da mediocridade; despertai-nos das trevas da indiferença. Vinde, Senhor Jesus! Tornai vigilantes os nossos corações distraídos: fazei-nos sentir o desejo de rezar e a necessidade de amar.”

Via Vatican News

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Jesus, Rei dos Reis

 


Jesus afirmou que é Rei, mas não deste mundo. Quando Pilatos o interrogou, “És porventura rei?”, Ele respondeu: “Sim, eu sou rei!” (Jo 18,37). Mas, “meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado, para que eu não fosse entregue aos judeus” (Jo 18,36). O Reino de Cristo é o Reino dos Céus; que Ele veio inaugurar, e disse que “já estava no coração” dos homens. Ele quer reinar em nós, não no mundo. Ele quer o nosso coração, nada mais.

Cristo não reina na glória e no poder dos homens, mas nos corações dos “pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. Ele reina nos mansos, nos pacíficos, nos construtores da paz, nos puros de espírito, nos misericordiosos, nos que sabem perdoar, enxugar as lágrimas dos irmãos, dos aflitos, dos que têm sede e fome de justiça, dos que são perseguidos por causa Dele.

Ele é Rei porque venceu; não no triunfo do poder humano, mas na vitória contra o Mal e contra o pecado e morte: “Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o Nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor” (Fp 2,8-11).

Logo no início o livro do Apocalipse revela a Majestade do grande Rei: “Jesus Cristo, testemunha fiel, primogênito dentre os mortos e soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados no seu sangue e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai, glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém. Ei-lo que vem com as nuvens. Todos os olhos o verão, mesmo aqueles que o traspassaram. Por sua causa, hão de lamentar-se todas as raças da terra. Sim. Amém. Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, Aquele que É, que era e que vem, o Dominador” (Ap 1,5-8).

“O seu rosto se assemelhava ao sol, quando brilha com toda a força… Eu sou o Primeiro e o Último, e o que vive. Pois estive morto, e eis-me de novo vivo pelos séculos dos séculos; tenho as chaves da morte e da região dos mortos” (Ap 1,16-18).

Ele é Aquele que “segura as sete estrelas na sua mão direita” (Ap 2,1); “que tem a espada afiada de dois gumes” (2,12); “que tem os olhos como chamas de fogo” (2,18); “Aquele que tem a chave de Davi – que abre e que ninguém pode fechar; que fecha, e ninguém pode abrir” (3,7); “o princípio da criação de Deus” (3,14). “Ele é Leão da tribo de Judá, o descendente de Davi” (5,5).

Os anjos cantam sem cessar: “Digno é o Cordeiro imolado de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a glória, a honra e o louvor” (5,12). “E todas as criaturas do céu e da terra, debaixo da terra e no mar, e tudo que contém, clamam: “Aquele que se assenta no trono e ao Cordeiro, louvor, honra, glória e poder pelos séculos dos séculos. Amém!” (5,11-14). Por isso o povo canta com alegria: “Ao que está assentado no trono e ao Cordeiro seja o louvor, seja a honra, seja a glória, seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!”

Esse é nosso Rei e Senhor; um Rei diferente. Seu reinado é diferente; seu berço foi um cocho; sua casa foi um buraco na rocha; seu púlpito um barco, sua corte a natureza, seu veículo um jumentinho, sua glória é servir e seu trono é a Cruz. Que Rei diferente! Mas é Dele o Reino dos Céus, que “olhos humanos jamais viram, ouvidos humanos jamais ouviram e coração humano jamais sentiu, o que tem preparado para os que o amam” (1 Cor 2,9).

Mas, por ser o “Rei dos Reis”, Ele é exigente, e tem que ser mesmo. Como o seu Reino se assenta em nosso coração, Ele não aceita dividi-lo com outros reis. Ele exige a renúncia ao nosso eu que quer tomar o Seu lugar no trono do nosso coração. “Renuncie a ti mesmo, tome a cruz a cada dia e me siga” (Lc 9,23). Perca a sua vida para ganha-la. É um Rei que sabe o que quer; e sabe que nos quer dar o melhor; a alegria eterna e infinita; por isso arranca dos nossos corações os falsos reis.

Esta é a nossa grande decisão: a que rei vamos entregar o nosso coração?

Prof. Felipe Aquino

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

O Papa aos jovens: tornamo-nos aquilo que escolhemos, tanto no bem quanto no mal


O Papa Francisco celebrou a missa na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, na Basílica de São Pedro, na manhã deste domingo (22/11), ocasião em que os jovens do Panamá entregaram aos jovens de Portugal os símbolos da Jornada Mundial da Juventude.

“A página que acabamos de ouvir é a última do Evangelho de Mateus antes da Paixão: antes de nos doar o seu amor na cruz, Jesus transmite-nos suas últimas vontades. Ele nos diz que o bem que fizermos a um dos seus irmãos mais pequeninos, famintos, sedentos, estrangeiros, necessitados, doentes e encarcerados, será feito a Ele”, disse o Pontífice no início de sua homilia.

Segundo o Papa, “deste modo o Senhor nos entrega a lista dos dons que deseja para as núpcias eternas conosco no Céu. São as obras de misericórdia que tornam eterna a nossa vida. Cada um de nós pode interrogar-se: coloco-as em prática? Ajudo alguém que não me pode restituir? Sou amigo de uma pessoa pobre?”. “Eu estou ali”, diz Jesus, nos pobres. Eu estou ali, diz Jesus também aos jovens que “procuram realizar os sonhos da vida”.

Realizar os sonhos de Deus neste mundo

Eu estou ali: disse Jesus, séculos atrás, a um jovem soldado. Era um jovem de dezoito anos, ainda não batizado, que cortou o seu manto e deu metade ao pobre, suportando a zombaria de alguns ao redor. Esse jovem era São Martinho que teve um sonho e viu Jesus com a parte do manto que ele tinha coberto o pobre. “São Martinho era um jovem que teve aquele sonho porque o viveu, mesmo sem saber, como os justos do Evangelho de hoje”, sublinhou o Papa. A seguir, Francisco disse: Queridos jovens, queridos irmãos e irmãs, não renunciemos aos grandes sonhos. Não nos contentemos com o que é devido. O Senhor não quer que restrinjamos os horizontes, não nos quer estacionados nas margens da vida, mas correndo para metas elevadas, com júbilo e ousadia. Não fomos feitos para sonhar os feriados ou o fim de semana, mas para realizar os sonhos de Deus neste mundo. Ele tornou-nos capazes de sonhar, para abraçar a beleza da vida. E as obras de misericórdia são as obras mais belas da vida. As obras de misericórdia vão ao centro de nossos grandes sonhos. Se você tem sonhos de verdadeira glória, não da glória passageira do mundo, mas da glória de Deus, esta é a estrada; pois as obras de misericórdia dão mais glória a Deus do que qualquer outra coisa. Ouçam bem isto: as obras de misericórdia dão glória a Deus mais do que qualquer outra coisa. Seremos julgados no final, sobre as obras de misericórdia.

Escolhas banais levam a uma vida banal

“Mas, de onde se começa para realizar grandes sonhos?”, perguntou o Papa. “Das grandes escolhas. Hoje, o Evangelho também nos fala disto. No momento do juízo final, o Senhor se baseia nas nossas escolhas. Quase parece que não julga: separa as ovelhas dos cabritos, mas ser bom ou mau depende de nós. Ele apenas tira as consequências de nossas escolhas, as traz à luz e as respeita. Assim a vida é o tempo das escolhas vigorosas, decisivas e eternas.”

Escolhas banais levam a uma vida banal; escolhas grandes tornam a vida grande. De fato, tornamo-nos aquilo que escolhemos, tanto no bem quanto no mal. Se escolhemos roubar, tornamo-nos ladrões; se escolhemos pensar em nós mesmos, tornamo-nos egoístas; se escolhemos odiar, tornamo-nos furiosos; se escolhemos passar horas no celular, tornamo-nos dependentes. Mas, se escolhermos Deus, nos tornamos mais amados a cada dia e, se optarmos por amar, nos tornamos felizes. É assim, porque a beleza das escolhas depende do amor. Não se esqueçam disso! Jesus sabe que, se vivermos fechados e na indiferença, ficamos paralisados; mas, se nos dedicarmos aos outros, nos tornamos livres. O Senhor da vida nos quer cheios de vida e nos dá o segredo da vida: só a possuímos doando-a.

“Mas existem obstáculos que tornam as escolhas difíceis: com frequência, são o medo, a insegurança, os porquês sem resposta”, disse ainda o Pontífice, ressaltando que “o amor pede para ir além, não ficar agarrados aos porquês da vida, esperando que chegue do Céu uma resposta. Isso não. O amor impele a passar dos porquês ao para quem: do porque vivo, ao para quem vivo; do porquê me acontece isto, ao para quem posso fazer o bem. Para quem? Não só para mim; a vida já está cheia de escolhas que fazemos para nós mesmos: ter um diploma, amigos, uma casa; satisfazer os próprios interesses e passatempos. De fato, corremos o risco de passar anos a pensar em nós mesmos, sem começar a amar”.

Escolher o que lhe faz bem

Segundo Francisco, “não existem apenas as dúvidas e os porquês a insidiar as grandes escolhas generosas; existem muitos outros obstáculos”.
Existe a febre do consumo, que narcotiza o coração com coisas supérfluas. Existe a obsessão pela diversão, que parece o único caminho para fugir dos problemas, quando, ao invés, é apenas um adiamento do problema. Existe a fixação nos próprios direitos de reivindicar, esquecendo o dever de ajudar. E, depois, há a grande ilusão do amor, que parece algo a ser vivido ao som de emoções, quando amar é principalmente dom, escolha e sacrifício. Sobretudo hoje, escolher é não se fazer domesticar pela homogeneização, é não se deixar anestesiar pelos mecanismos de consumo, que desativam a originalidade, é saber renunciar às aparências e à exibição. Escolher a vida é lutar contra a mentalidade do usa-e-joga-fora e do tudo-e-imediatamente, para orientar a existência rumo à meta do Céu, rumo aos sonhos de Deus. Escolher a vida é viver, e nós nascemos para viver, não para sobreviver. Isto foi dito por um jovem como vocês [o Beato Pier Giorgio Frassati]: “Eu quero viver, não sobreviver”.

“Todos os dias se apresentam muitas opções no coração”, disse ainda o Papa, dando um último conselho para se treinar a escolher bem.

Se olharmos dentro de nós, veremos que muitas vezes surgem duas perguntas diferentes. A primeira: o que me apetece fazer? É uma pergunta que engana frequentemente, porque insinua que o importante é pensar em si mesmo e satisfazer todos os desejos e impulsos que me vêm. Mas a pergunta que o Espírito Santo sugere ao coração é outra: não aquilo que lhe apetece, mas aquilo que lhe faz bem. A escolha diária situa-se aqui: escolher entre o que me apetece fazer e o que me faz bem. Desta busca interior, podem nascer escolhas banais ou escolhas vitais, depende de nós.

Via Vatican News

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

O que acontecerá na Vinda do Senhor?


Primeiramente é necessário deixar bem claro que o Dia da Vinda do Senhor não é um dia entre os outros dias: é o Dia: Dia que já não pertence à sequência de dias do nosso modo de contar o tempo… Não é um dia de 24 horas. O Dia do Senhor não pertence mais a este nosso tempo; é um Dia sem fim, um Dia eterno, um Dia que já não é mais iluminado pela luz deste sol, mas pelo próprio Sol de Justiça, Cristo glorioso, pleno do esplendor do Espírito Santo.

Assim sendo, duas coisas devem ser claras para nós:

1. Não podemos marcar a data do Dia do Senhor: este Dia estará fora dos dias, meses e anos; já não pertence ao nosso tempo!

2. Também não podemos descrever o que ocorrerá neste Dia. Isto por um motivo simples: este Dia pertence já à eternidade, à Glória e, assim, não pode ser descrito nem comparado a nada neste mundo! Quando a Escritura usa imagens para falar deste Dia, é somente para nos dar uma ideia distante daquilo que ocorrerá. Querer descrever o final dos tempos é fundamentalismo tolo; é rebaixar o Dia eterno aos nossos pobres dias!

Uma coisa é certa: o Senhor virá, glorioso, pleno do esplendor do Espírito Santo, que o ressuscitou dos mortos. A sua Vinda, que será Manifestação da sua Glória, terá consequências imensas:

1. Primeiramente ficará claro na Vinda do Senhor Jesus, sua relação com o Pai e o Espírito Santo, ou seja, aparecerá a Glória da Trindade que nos salva: é o Pai quem enviará o Cristo glorificado:

“Virão da parte de Deus os tempos de refrigério e enviará aquele que vos é destinado: o Cristo Jesus” (At 3,20). O mesmo Pai que enviou o Filho a primeira vez, enviá-lo-á na sua Parusia, que é iniciativa salvífica do Pai que tanto nos ama! O Pai que tudo criou pelo Filho e para o Filho, e quer através dele, tudo levar à plenitude, tudo glorificar (cf. Cl 1,16). Este Filho vem glorificado pelo Espírito que o Pai derramou sobre ele na Ressurreição (cf.Rm 1,3s). É o Espírito quem glorifica o Filho na sua natureza humana, morta e ressuscitada; é na potência do Espírito que o Cristo aparecerá diante do mundo com Senhor e Juiz. Ele vem,pleno do Espírito, para encher da Glória do Espírito todas as coisas:

“A este Jesus Deus o ressuscitou. Exaltado pela direita de Deus, Ele recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e o derramou” (At 2,32s; cf. Jo 14,26; 20,19-23); “Sucederá os últimos dias, diz o Senhor, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne”… (At 2,17).

2. A Vinda do Cristo será também manifestação da Glória do Senhor ressuscitado. Desde a Ressurreição Jesus assume pleno domínio sobre todas as coisas, mas este domínio não se exerce ainda em toda a plenitude. Jesus já é o Senhor; a salvação já aconteceu; o seu domínio é real, mas não ainda plenamente manifestado. Quando ele se manifestar, então sim, tudo ser-lhe–á submetido para que tudo entre na Glória do seu Espírito e chegue até o Pai. A Parusia manifestará em toda a criação, e em nós, particularmente, aquela plenitude de Vida que, em Cristo, já é uma realidade plena:

“Vi o céu aberto e eis um cavalo branco. Quem o montava chama–se Fiel e Verdadeiro e é com justiça que julga e faz guerra. Seus olhos são como chamas de fogo, traz na cabeça muitos diademas e tem um nome escrito que ninguém conhece, só ele mesmo. Está vestido com um manto tinto de sangue e seu nome é Verbo de Deus. Seguem-no os exércitos celestes em cavalos brancos, vestidos de linho branco puro. De sua boca sai uma espada afiada para ferir as nações. Deverá governá-las com cetro de ferro e pisar o lagar do vinho com o furor da cólera de Deus Todo-poderoso. Sobre o manto e sobre a coxa está escrito seu nome: Rei dos reis, Senhor dos senhores” (Ap 19,11-16).

Neste texto aparece o domínio de Cristo sobre a história: ele é a realização da nova criação, gloriosa, feliz, livre do pecado.

A nova criação coincide com a Vinda do Cristo: ele vem para trazer a glória da salvação, pois é e será sempre o Salvador: “Do mesmo modo também Cristo, que se ofereceu uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá, pela segunda vez, sem pecado para os que o esperam a fim de receberem a salvação” (Hb 9,28).

3. A Vinda do Cristo será também glorificação e realização plena da Igreja. Se ela é o Corpo de Cristo, a Glória da Cabeça (Cristo) glorificará plenamente todo o Corpo. Esta ideia aparece muito clara no Apocalipse, onde a Igreja é apresentada como a Jerusalém gloriosa, toda enfeitada como Esposa do Cordeiro, toda pura e toda iluminada pela luz do próprio Cristo ressuscitado(cf. Ap 21).

4. A Manifestação do Cristo será também glorificação do homem pela ressurreição. O cume da obra de Jesus e a plenitude da Igreja serão também a plenitude do homem: “Na verdade Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morrem. Com efeito, assim como por um homem veio a morte, assim também por um homem vem a ressurreição dos mortos. Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão. Cada qual, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo, em seguida os que forem de Cristo por ocasião de sua vinda. Depois será o fim, quando entregar o reino a Deus Pai” (1Cor 15,20-24).

A Vinda do Cristo será para nós Dia da Ressurreição, Dia em que todos ressuscitarão em seus corpos revestidos do mesmo Espírito que ressuscitou o corpo do Cristo! Assim, a Jerusalém celeste, que é a Igreja, estará plenamente gloriosa, com todos os seus filhos ressuscitados pela Glória do Espírito, todos como membros do Cristo no seio amoroso do Pai!

Retirado do livro: “Escatologia, Sobre o Fim do Mundo”. Dom Henrique Soares da Costa. Ed. Cléofas.

sábado, 14 de novembro de 2020

Último vídeo de série sobre as eleições do regional sul 4 fala sobre Fake News


No último vídeo da série “Meu Voto Importa”, o Regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) chamou atenção para as notícias falsas e o quanto elas são prejudiciais ao processo democrático. Desde o dia 15 de outubro, foram divulgados vídeos semanais com orientações para os cristãos em vista das eleições municipais deste ano, marcadas para o próximo domingo.

‘É muito importante estarmos atentos para não sermos enganados”, reforça o Regional sobre as “fake news”, notícias e informações falsas ou descontextualizadas que podem atrapalhar na compreensão da realidade e na escolha dos candidatos durante as eleições.

No vídeo feito em formato de animação, são retratadas algumas situações em que notícias falsas são compartilhadas pelas redes sociais sem que alguns cuidados sejam tomados, como verificar a fonte da informação. O bispo de Joinville e presidente do Regional Sul 4 da CNBB, dom Francisco Carlos Bach, participa da animação, dando voz ao personagem do bispo. Ele orienta sobre seis mitos que devem ser esquecidos pelos eleitores:

6 mitos sobre eleições que você precisa esquecer

* Voto em branco vai para quem está ganhando;
* Maioria de votos nulos pode anular eleição;
* Nas eleições para vereador e deputado, quem tem mais votos é eleito;
* Depois da eleição é possível saber em qual candidato o eleitor votou;
* Quem não votou na última eleição não pode votar;
* Ninguém pode ser preso durante as eleições.


A série de cinco vídeos foi construída a partir de um documento com orientações que refletem sobre política e Igreja, o papel do eleitor consciente e o combate às notícias falsas. O material oferecido pelo Regional Sul 4 para as dioceses de Santa Catarina, pretende colaborar com os cristãos católicos no discernimento e escolha dos candidatos que concorrem às Eleições Municipais 2020. 


quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Como deve ser a celebração do sacramento da Penitência?


Existem três formas de se ministrar a reconciliação sacramental, que é o meio ordinário e necessário para se obter o perdão dos pecados graves ou mortais:

1. Acusação particular e absolvição individual de acordo com o costume vigente;

2. Preparação comunitária com acusação e absolvição individuais. Quem participa desse rito sem realizar a confissão individual, não recebe o sacramento, mas toma parte apenas numa paraliturgia penitencial, que pode contribuir para excitar a contrição e obter o perdão dos pecados leves;

3. Preparação comunitária e absolvição coletiva. Este rito é concedido pela Igreja desde que se realizem as seguintes condições:

– Haja grande afluxo de penitentes e insuficiente número de confessores;

– Seja de prever que as pessoas não atendidas naquele momento ficarão muito tempo sem os sacramentos.

Ao Bispo diocesano compete verificar se tais situações ocorrem na sua diocese e, caso julgue que sim, indicar os dias do ano em que se possa ministrar a absolvição coletiva. Os fiéis devem ser informados de que lhes incumbe a obrigação de confessarem, quanto antes, os pecados assim absolvidos.

A aceitação desta norma por parte dos fiéis é necessária para a validade da absolvição. A razão por que a Igreja exige a acusação dos pecados mesmo em tais casos, está no fato de que não lhe compete o direito de abolir a confissão sacramental, decorrente das palavras do próprio Cristo em Jo 20,22-23; a Igreja pode apenas inverter a ordem das partes do rito do Sacramento.

Dom Estêvão Bettencourt
Revista Pergunte e Responderemos. n.344. Jan. 1991

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Papa Francisco abençoará imagem de Maria da Medalha Milagrosa no Vaticano


O Papa Francisco abençoará uma imagem de Nossa Senhora com a Medalha Milagrosa no dia 11 de novembro no Vaticano, por ocasião do 190º aniversário da aparição da Virgem a Santa Catarina Labouré.

Segundo informou a Sala de Imprensa do Vaticano, o Superior Geral da congregação da Missão, Pe. Tomaz Mavric, e uma pequena delegação que organiza esta peregrinação estarão presentes nesta cerimônia.

A família vicentina explica que “nesta difícil situação vivida em todo o mundo por causa da pandemia da COVID-19, em uma sociedade fortemente afetada pelas tensões entre continentes, os filhos espirituais de São Vicente de Paulo começam com uma peregrinação mariana um percurso de anúncio do amor misericordioso de Deus”.

No comunicado, também recordam que foi na noite entre 18 e 19 de julho de 1830 quando Catarina Labouré, uma jovem Filha da Caridade de São Vicente de Paulo, viu uma aparição da Virgem.

No longo encontro que teve com Nossa Senhora, esta recordou à Filha da Caridade que “os tempos são muito tristes. As desgraças virão sobre a França. O mundo inteiro será devastado por calamidades de todos os tipos. Mas você vem ao pé deste altar, aqui as graças se espalharão sobre todas as pessoas que as pedirem com confiança e fervor… Eu sempre cuidei de você”.

Em 27 de novembro de 1830, Catarina Labouré viu a Santíssima Virgem pela segunda vez com um pequeno globo terrestre, que representava a humanidade, em suas mãos; contemplou sua beleza e aceitou a missão de mandar cunhar uma medalha: “As pessoas que a usarem receberão grandes graças!”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

Via ACI Digital

 

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Museus Vaticanos fecham novamente ao público como medida de prevenção à Covid-19


A Sala de Imprensa da Santa Sé comunicou nesta quarta-feira (4) que os Museus Vaticanos, o Museu das Vilas Pontifícias e o Reparto de Escavações – que realiza visitas especiais a sepulturas embaixo da Basílica, onde está o túmulo de São Pedro, por exemplo – ficarão fechados para visitação pública a partir desta quinta-feira, 5 de novembro, até o dia 3 de dezembro deste ano. A decisão foi tomada como medida de prevenção e em conformidade com as normas sanitárias das autoridades italianas diante do agravamento da pandemia no país.

As medidas do governo italiano também estão sendo observadas em outras instâncias da Santa Sé. A partir desta quarta-feira (4) o Papa Francisco voltou a realizar a Audiência Geral da Biblioteca do Palácio Apostólico, para evitar qualquer risco à saúde dos participantes e depois da sinalização de um caso positivo de coronavírus durante a Audiência Geral de 21 de outubro.

Os Museus Vaticanos na pandemia

Os Museus Vaticanos tinham sido fechados no início de março para seguir as disposições do decreto do governo italiano daquele período para conter a difusão da Covid-19. Porém, no início de junho e, portanto, depois de quase três meses fechados para visitação pública, tinham sido reabertos com as devidas precauções, através de reservas e uso obrigatório de máscaras, por exemplo.

Via Vatican News

 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos


 A morte é um mistério profundo ao homem, afinal todos nós somos iguais perante a morte, é um futuro certo que todos irão passar, alguns experimentarão após uma longínqua vida, outros de maneira precoce. Todos estamos fadados, porém para o cristão a morte não é o fim.

Dom Eurico dos Santos Veloso - Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG

“Eu mesmo O verei, meus olhos O contemplarão, e não os olhos de outros.” (Jó 19,27)

Celebramos na Liturgia de hoje, a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos. Tal celebração nos coloca diante do mistério da morte, onde a Igreja nos convida a rezar e a oferecer orações aos fiéis defuntos do Purgatório. Mas, também, é uma reflexão das três dimensões que vivenciamos: “Memória que vemos à nossa frente [os irmãos falecidos], a esperança que celebramos agora na fé, e as luzes para nos guiar no caminho que são as Bem-aventuranças[Evangelho da Solenidade de Todos os Santos].” (Papa Francisco – 2018).

A morte é um mistério profundo ao homem, afinal todos nós somos iguais perante a morte, é um futuro certo que todos irão passar, alguns experimentarão após uma longínqua vida, outros de maneira precoce. Todos estamos fadados, porém para o cristão a morte não é o fim, o ponto final, mas sim “a morte do cristão segue as pegadas da morte de Cristo: um cálice amargo, porque fruto do pecado, a beber até o fim, porque é a vontade do Pai, que nos espera de braços abertos do outro lado do limiar; morte que é uma vitória com aparência de derrota; morte que é essencialmente não-morte: vida, glória e ressurreição” (cf. Missal Dominical – Missal da Assembleia Cristã).

E é através da fé que confiamos que o “doce, cálido beijo da morte” é que nos permitirá em testemunhar as palavras de Jó: “Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus. Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros” (cf. Jó 19,25-27). Ora, a nossa alma suspira este encontro definitivo à contemplação da face de Deus, tendo fim a todas as tristezas, saciada todas as sedes e as lágrimas serão todas enxugadas, afinal,  “felicidade e todo bem hão de seguir-me, por toda a minha vida; e, na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos” (cf. Sl 22(23),6).

Ter fé e acreditar em tudo isto, após todas as tribulações, se resume a um homem que nos mostrou o caminho e confiar em Deus: Jesus Cristo. Sua Paixão, Morte e Ressurreição se resume a um plano maior de salvação a todos àqueles que aspiram para o encontro do amor pleno e na alegria infinita. “Na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão” (cf. 1Cor 15,20-22) [...] tudo isto, “para que Deus seja tudo em todos” (cf. 1Cor 15,28c).  

E tudo isto irá se cumprir. Contudo, não sabemos o momento exato em que iremos partir desta vida, por isto, Cristo nos exorta em estarmos preparados, “porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes" (cf. Lc 12,40b). “A morte vos espera em toda à parte; se fordes prudentes, esperai vós por ela em todo o lugar” (São Bernardo).

Celebrar a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, é vivenciar esta dualidade: rezar e orar por aqueles que já partiram desta vida e estão em estado de Purgatório, a fim de purificar-se completamente para o encontro definitivo com Deus; e nós que estamos neste mundo para que, através do testemunho do nosso Batismo, vivenciemos todos os dias de nossa vida a aspiração da plenitude da alegria eterna!

Saudações em Cristo!