terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

COMINA – Conselho Missionário Nacional prepara levantamento amplo da ação missionária na Igreja do Brasil


O Conselho Missionário Nacional (COMINA), organismo vinculado a Comissão Episcopal para Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) deu início a um levantamento amplo da ação missionária na Igreja do Brasil.

A ideia da pesquisa é reunir dados dos missionários e missionárias que já trabalham nas missões na Igreja do Brasil e além-fronteiras. Segundo o Comina, este levantamento tem o objetivo, de como Igreja no Brasil, dar uma maior assistência, apoio e visibilidade aos trabalhos já realizados.

Um documento assinado pelo bispo de Chapecó (SC) e presidente da Comissão Episcopal para Ação Missionária e Cooperação Intereclesial e do COMINA – Conselho Missionário Nacional, a dom Odelir José Magri e membros da comissão, foi enviado aos bispos e organismos missionários da Igreja do Brasil com os formulários a serem encaminhados para cada missionário e missionária brasileiro, que estão em missão em outros países, e estrangeiro que estão em missão no Brasil.

A pesquisa pode ser respondida diretamente no formulário online ou preenchida no formulário Cadastro Nacional de Missionários e Missionárias Brasileiros que deve ser baixado e em seguida encaminhado exclusivamente para o email: alemfronteiras.comina@gmail.com


O COMINA espera com este levantamento impulsionar e animar a formação das comunidades eclesiais missionárias, que precisam buscar sempre o horizonte Ad Gentes como expressão fundamental de sua maturidade cristã.

 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Mensagem do Papa Francisco por ocasião da Campanha da Fraternidade 2021


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) abriram nesta Quarta-feira de Cinzas, 17 de fevereiro, a quinta edição da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE). A abertura foi realizada de forma simbólica e virtual com a divulgação de um vídeo com pronunciamentos de representantes das Igrejas que compõem o Conic.

O Papa Francisco enviou uma mensagem escrita para o início da Quaresma e da Campanha da Fraternidade 2021:

 

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Com o início da Quaresma, somos convidados a um tempo de intensa reflexão e revisão de nossas vidas. O Senhor Jesus, que nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, faz-se peregrino conosco também nestes tempos de pandemia. Ele nos convoca e convida a orar pelos que morreram, a bendizer pelo serviço abnegado de tantos profissionais da saúde e a estimular a solidariedade entre as pessoas de boa vontade. Convoca-nos a cuidarmos de nós mesmos, de nossa saúde, e a nos preocuparmos uns pelos outros, como nos ensina na parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida. Como indiquei na recente Encíclica Fratelli tutti, «passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta» (n. 35). Para que isso não ocorra, a Quaresma nos é de grande auxílio, pois nos chama à conversão através da oração, do jejum e da esmola.

Como é tradição há várias décadas, a Igreja no Brasil promove a Campanha da Fraternidade, como um auxílio concreto para a vivência deste tempo de preparação para a Páscoa. Neste ano de 2021, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, os fiéis são convidados a «sentar-se a escutar o outro» e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes «um mundo surdo». De fato, quando nos dispomos ao diálogo, estabelecemos «um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro» (Ibidem, n. 48). E, na base desta renovada cultura do diálogo está Jesus que, como ensina o lema da Campanha deste ano, «é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade» (Ef 2,14).

Por outro lado, ao promover o diálogo como compromisso de amor, a Campanha da Fraternidade lembra que são os cristãos os primeiros a ter que dar exemplo, começando pela prática do diálogo ecumênico. Certos de que «devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos», no diálogo ecumênico podemos verdadeiramente «abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus» (Exort. Apost. Evangelii gaudium, n. 244). É, pois, motivo de esperança, o fato de que este ano, pela quinta vez, a Campanha da Fraternidade seja realizada com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).

Desse modo, os cristãos brasileiros, na fidelidade ao único Senhor Jesus que nos deixou o mandamento de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo 13,34) e partindo «do reconhecimento do valor de cada pessoa humana como criatura chamada a ser filho ou filha de Deus, oferecem uma preciosa contribuição para a construção da fraternidade e a defesa da justiça na sociedade» (Carta Enc. Fratelli tutti, n. 271). A fecundidade do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de modo especial, a vida dos mais vulneráveis. Desejando a graça de uma frutuosa Campanha da Fraternidade Ecumênica, envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.

Roma, São João de Latrão, 17 de fevereiro de 2021.

[Franciscus PP.]

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

ESPECIALISTAS COMENTAM A VISÃO DO PAPA SOBRE A COMUNICAÇÃO A PARTIR DAS MENSAGENS DO DIA DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS


Partindo da reflexão proposta pelo Papa Francisco na mensagem para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, a Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou na quinta-feira, 4 de fevereiro, a primeira edição das lives CNBB – Igreja no Brasil Painel de 2021 com o tema: “Gastar a sola do sapatos”: as inspirações do Papa para a Comunicação Social”.

“Nós estamos vivendo um tempo de mentira. De notícias falsas cuidadosamente pensadas e disseminadas nas redes sociais para fazer o mal às pessoas e grupos”, disse o bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão de Comunicação da CNBB, dom Joaquim Giovani Mol, na introdução do tema e apresentação dos participantes. Dom Joaquim Mol é o mediador desta série de lives.

Para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado sempre na Ascensão do Senhor, este ano dia 16 de maio, o Papa Francisco faz o convite em sua mensagem a “ir e ver”, como os primeiros convites que Jesus Cristo fez aos discípulos, conforme pode ser conferido em Jo 1, 46, como forma de conhecer a realidade. Para o Santo Padre, este também é o método de toda a comunicação humana autêntica.

No jornalismo, segundo a mensagem do Papa, “ir e ver” evitaria a crise editorial que corre o risco de levar a uma informação construída nas redações, diante do computador, nos terminais das agências, nas redes sociais, sem nunca sair à rua, sem encontrar pessoas para procurar histórias ou verificar com os próprios olhos determinadas situações. Com esta mensagem, o Francisco convida a Igreja e a todos que trabalham com comunicação a “gastar a sola dos sapatos” para desenvolver uma comunicação autêntica capaz de dar conta da verdade das coisas e da vida concreta das pessoas.

 

Concepção de comunicação no magistério do Papa Francisco

O jornalista, mestre e doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Moisés Sbardelotto, levantou as noções de comunicação apontadas nas mensagens de comunicação desde o início do magistério do Papa Francisco. Com experiência na área de Comunicação, com ênfase em internet, cultura digital, processos midiáticos e religião, Moisés defendeu que o tema da comunicação abrange a vida humana e não se restringe apenas à comunicação social, feita por profissionais da área, que tem o seu espaço e importância no tecido social . “A comunicação é vista como processo e ações que perpassam tudo que nós fazemos”, disse.

A concepção do Papa Francisco, segundo Moisés, é muito enraizada no ser humano, encarnada na realidade e pensada à luz do Evangelho. “Em suas mensagens, o Papa sempre traz a concretude e a humanidade por trás dos processos de comunicação. Não se trata de mera teoria, tecnicismo ou um instrumental para alcançar objetivos”, afirmou.

A força-motriz da reflexão do Papa Francisco sobre comunicação encontra-se na expressão forte de seu papado: “a cultura do encontro” em contraposição à “globalização da indiferença”. O especialista em comunicação, afirmou que o que Papa Francisco vai pensando mas também vivendo na prática, com a sua própria vida, aponta para a direção que seu papado tomaria explicitada por ele mesmo em sua primeira aparição pública já como Papa: “o caminho de fraternidade”, tema de sua última encíclica Fratelli Tutti.

“O Papa percebe na realidade humana contemporânea a globalização da indiferença. As pessoas olham para o lado e já não enxergam mais um irmão e uma irmã. Enxerga alguém a ser destruído e, até mesmo, morto simbólica e, muitas vezes, concretamente. Em razão disto, o Papa promove a cultura do encontro ligada à ideia de comunicação como um ação com os outros”, disse. A comunicação que constrói muros ao invés de aproximar, segundo Moisés, é muito presente nas redes sociais hoje.

De acordo com ele, o Papa resgata suas três ideias centrais de comunicação do Evangelho e o que configura a sua trilogia sobre o tema está expressa em suas mensagens. Em 2018, quando falou da ideia de fake news (notícias falsas), tendo escolhido a frase “A verdade vos tornará livres”, o Papa falou da da desinformação por meio das falsas notícias e da responsabilidade dos cristãos frente à esta realidade.

Outra ideia, presente na primeira mensagem de 2014, é retirada da Parábola do Bom Samaritano, considerada também como a parábola do bom comunicador pelo Santo Padre. Para o chefe da Igreja, o bom comunicador, a exemplo do Bom Samaritano, é alguém que está atento à realidade, às estradas da vida, aos sofrimentos e injustiças da história, se inclina e vai ao encontro do outro, fazendo-se próximo.

A outra imagem forte, segundo Moisés, o Papa trouxe em sua primeira visita ao Brasil, os discípulos de Emaús com quem Jesus faz o movimento de estar em saída, de ir ao encontro, escutar e ouvir para, só então, estabelecer um diálogo, propor a sua verdade e aquilo que trazia também em seu coração. Em 2020, o Papa apresentou a ideia da má informação e convida os comunicadores a construir boas histórias e narrativas. Na mensagem deste ano, ele fala do método de toda comunicação humana autêntica: “ir e ver”.

“Os três verbos de Emaús sintetizam a comunicação do Papa. Ir ao encontro para se pôr à escuta. O Santo Padre diz que nunca deveremos responder a perguntas que ninguém se põe, sob o risco de fazer uma comunicação que fala sem prestar atenção à realidade. Que devemos buscar uma comunicação que harmoniza as diferenças porque elas nos enriquecem. Não apenas dar algo para alguém, mas também saber receber do outro a sua riqueza”, disse.

Quem quiser conhecer um pouco mais das ideias de Moisés Sbardelotto pode buscar pelos livros que ele publicou: Comunicar a fé: por quê? Para quê? Com quem?, pela editora Vozes; E o Verbo se fez rede: religiosidades em reconstrução no ambiente digital, pela Paulinas e o E o Verbo se fez bit: A comunicação e a experiência religiosas na internet, pela editora Santuário.

 

Comunicação que promove o encontro

A jornalista e assessora de comunicação da 6ª Semana Social Brasileira e vice-presidente da Signis Brasil, Osnilda Lima, louvou o esforço da Igreja no Brasil de se posicionar firme por meio da divulgação do vídeo com a presidência da CNBB motivando à imunização da população contra a Covid-19. Por outro lado, a jornalista disse ser necessário também, no contexto de comunicação atual, pedir perdão pelas notícias falsas, pelo excesso de informação sem aprofundamento e pelas vezes que não soubermos ir e ver e depois narrar sobre o que as pessoas têm a falar.

Ela falou do “cancelamento”, prática forjada, muitas vezes, por pessoas especialistas em disseminar notícias falsas e usam da arte de manipular multidões a partir de suas crenças para controlar opiniões nas redes sociais. Outro problema apontado por Osnilda é o da “infodemia”, o vírus da má informação, o excesso de informação sem qualidade que circula, por exemplo, agora no contexto da pandemia. Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde de 2020 apontou que quase 70% de notícias falsas sobre a pandemia circulou pelo Whatsapp. Só em abril de 2020 foram carregados 361 milhões de vídeos no Youtube referentes à covid-19. “Como nós comunicadores da Igreja nos colocamos diante disto?”, perguntou.

A assessora de comunicação apontou que ao mesmo tempo que diminuiu o crédito dos veículos tradicionais de comunicação aumentou o poder de comunicação das pessoas nas redes sociais. Contudo, um problema decorrente daí, segundo a jornalista, é a confiabilidade nas informações. Ela apontou que os cristãos devem ter o cuidado para não disseminar notícias falsas e também não ferir a liberdade de comunicação com a justificativa de que pode comunicar qualquer coisa, mesmo sem embasamento real. “Nossa missão é reverberar as vozes silenciadas do povo”, disse.

Em contraposição a este modelo de comunicação instrumental e funcionalista, Sbardelotto defendeu a necessidade de buscar uma comunicação baseada na sensibilidade e não na mera informação, que não tem rosto, história e não está construída baseada em relações humanas. “A ideia é buscar uma comunicação que tenha um rosto, que tenha histórias humanas por trás, que a gente possa tocar nos sentimentos e experiências em jogo”, disse.

“Do ponto de vista cristão, nenhuma informação deve ser imparcial, isenta e neutra. Nós cristãos tomamos partido: Na dúvida fique ao lado dos pobres, das minorias perseguidas e da criação, como apontou o Papa”, disse.

A quem comunga da experiência do seguimento a Jesus e de estar em sintonia com o Santo Padre, Moisés aponta o papel de ajudar a construir, por meio da comunicação, a esperança e o olhar pascal mesmo em cenários de maior desolação como o vivido agora em tempos de pandemia.

 

Lives CNBB – Igreja no Brasil Painel

O objetivo desta série de lives, que se estenderá ao longo de 2021, é conectar pessoas e experiências às ideias e processos que estão sendo vivenciados na Igreja no mundo e na Igreja no Brasil, percebendo como estes temas do magistério da Igreja e do Santo Padre são encarnados na realidade brasileira.

As lives acontecerão sempre na primeira quinta-feira do mês, às 17h, com um tema de aprofundamento ligado ao magistério da Igreja e do Papa Francisco. A próxima está marcada para o dia 4 de março e poderá ser acompanhada por meio das redes sociais da CNBB.

Fonte: CNBB / Imagem: Reprodução CNBB