A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) abriram nesta Quarta-feira de Cinzas, 17 de fevereiro, a quinta edição da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE). A abertura foi realizada de forma simbólica e virtual com a divulgação de um vídeo com pronunciamentos de representantes das Igrejas que compõem o Conic.
O Papa Francisco enviou uma
mensagem escrita para o início da Quaresma e da Campanha da Fraternidade 2021:
Queridos
irmãos e irmãs do Brasil!
Com
o início da Quaresma, somos convidados a um tempo de intensa reflexão e revisão
de nossas vidas. O Senhor Jesus, que nos convida a caminhar com Ele pelo
deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, faz-se peregrino
conosco também nestes tempos de pandemia. Ele nos convoca e convida a orar
pelos que morreram, a bendizer pelo serviço abnegado de tantos profissionais da
saúde e a estimular a solidariedade entre as pessoas de boa vontade.
Convoca-nos a cuidarmos de nós mesmos, de nossa saúde, e a nos preocuparmos uns
pelos outros, como nos ensina na parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37).
Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de
superar as divisões e nos unirmos em torno da vida. Como indiquei na recente
Encíclica Fratelli tutti, «passada a crise sanitária, a pior reação seria cair
ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta» (n.
35). Para que isso não ocorra, a Quaresma nos é de grande auxílio, pois nos
chama à conversão através da oração, do jejum e da esmola.
Como
é tradição há várias décadas, a Igreja no Brasil promove a Campanha da
Fraternidade, como um auxílio concreto para a vivência deste tempo de
preparação para a Páscoa. Neste ano de 2021, com o tema “Fraternidade e
Diálogo: compromisso de amor”, os fiéis são convidados a «sentar-se a escutar o
outro» e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes «um mundo
surdo». De fato, quando nos dispomos ao diálogo, estabelecemos «um paradigma de
atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro» (Ibidem, n.
48). E, na base desta renovada cultura do diálogo está Jesus que, como ensina o
lema da Campanha deste ano, «é a nossa paz: do que era dividido fez uma
unidade» (Ef 2,14).
Por
outro lado, ao promover o diálogo como compromisso de amor, a Campanha da
Fraternidade lembra que são os cristãos os primeiros a ter que dar exemplo,
começando pela prática do diálogo ecumênico. Certos de que «devemos sempre
lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos», no diálogo
ecumênico podemos verdadeiramente «abrir o coração ao companheiro de estrada
sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz
no rosto do único Deus» (Exort. Apost. Evangelii gaudium, n. 244). É, pois,
motivo de esperança, o fato de que este ano, pela quinta vez, a Campanha da
Fraternidade seja realizada com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional
das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).
Desse
modo, os cristãos brasileiros, na fidelidade ao único Senhor Jesus que nos
deixou o mandamento de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo
13,34) e partindo «do reconhecimento do valor de cada pessoa humana como
criatura chamada a ser filho ou filha de Deus, oferecem uma preciosa contribuição
para a construção da fraternidade e a defesa da justiça na sociedade» (Carta
Enc. Fratelli tutti, n. 271). A fecundidade do nosso testemunho dependerá
também de nossa capacidade de dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir
em ações em favor da vida, de modo especial, a vida dos mais vulneráveis.
Desejando a graça de uma frutuosa Campanha da Fraternidade Ecumênica, envio a
todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.
Roma,
São João de Latrão, 17 de fevereiro de 2021.
[Franciscus
PP.]
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