quarta-feira, 6 de maio de 2020

COVID-19: 65 bispos de 6 regionais da CNBB pedem atenção especial à região Amazônica

65 bispos e 2 administradores apostólicos de seis regionais (Norte 1, Norte 2, Norte 3, Noroeste, Nordeste 5 e Oeste 2) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgaram hoje, 4 de maio, a “Nota dos Bispos da Amazônia Brasileira sobre a situação dos povos e da floresta em tempos de pandemia da Covid-19”. No documento, assinado também pelo presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da CNBB, o cardeal Claudio Hummes, os bispos exigem maior atenção dos governos federal e estaduais à região que tem demonstrado dados preocupantes quanto ao avanço do coronavírus.
Os bispos apontam que os dados são alarmantes. A região, segundo apontam, possui a menor proporção de hospitais do país, de baixa e alta complexidades (apenas 10%). “Extensas áreas do território amazônico não dispõem de leitos de UTI e apenas poucos municípios atendem aos requisitos mínimos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em número de leitos e de UTIs por habitante (10 leitos de UTI por 100 mil usuários)”, diz o texto.
O documento alerta ainda para o crescimento de 29,9% de desmatamento, em março deste ano, se comparado ao mesmo mês de 2019. “Contribuem para esse crescimento o notório afrouxamento das fiscalizações e o contínuo discurso político do governo federal contra a proteção ambiental e as áreas indígenas protegidas pela Constituição Federal (Art. 231 e 232)”, afirma a Nota.
O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, manifestou-se hoje, 4 de maio, sobre a nota dos bispos da região Amazônica.
“Em profunda comunhão com os bispos da Amazônia – em nota Sobre a Situação dos Povos e da Floresta em Tempos de Pandemia da Covid-19 – , a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reitera pedido às autoridades que concentrem esforços no enfrentamento da Covid-19, especialmente com políticas públicas destinadas aos mais pobres e vulneráveis.
Surpreende-nos que, enquanto a região amazônica e tantos outros lugares sofrem com o colapso do sistema público de saúde, sejam realizadas manifestações contra a ordem democrática. O caminho deve ser sempre o do diálogo, do entendimento, da união de esforços para debelar essa pandemia.
Os que professam genuína fé em Jesus Cristo devem estar ao lado dos mais pobres, o que significa balizar a própria vida a partir dos parâmetros da solidariedade. Para isso, o exercício do poder não pode se configurar em caminho para autoritarismos, ataques ou manipulações. A política deve ser nobre exercício para servir a sociedade, solidariamente. Prevaleça o compromisso com o bem dos mais pobres, com a solidariedade e com a democracia”.
Confira abaixo a íntegra do documento que também toca em outros pontos como a realidade de indígenas, quilombolas e ribeirinhos e o aumento da violência no campo.


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