domingo, 24 de abril de 2011

70 anos do martíro das Irmãs, Filhas do Amor Divino


MADRUGADA de angústia
 

      Faltava, talvez, pouco mais de uma hora para a meia-noite de 15 de dezembro de 1941, quando os “cetnik” invadiram novamente no quarto onde se encontravam as religiosas.
      Stanko forneceu então a seguinte descrição a minha mãe:

      “Ao entrarmos no quarto, nós lhes perguntamos se haviam mudado de idéia e se aceitariam dormir conosco. Uma delas, talvez a superiora, respondeu: Aceitamos trabalhar para vocês mas... afora isto não nos concederemos nada mais, porque não podemos trair o nosso Deus”.
      Diante disto o comandante Todorovic exclamou: “E como traíram o rei Petar (blasfemia...)”; e acrescentou ainda: não temos mais o que discutir com vocês! Companheiros, ao assalto! Colocai-vos em fila e violentai-as todas!”
      Começou então a caçada e também a luta e a resistência. As Irmãs fugiam daquela busca tumultuada sobre os leitos e na noite ressoava os gritos e os lamentos desesperados. A seguir um dos “cetnik” disse a minha mãe que eles não esperavam que as Irmãs fossem tão fortes e que se defendessem tão tenazmente.  

“Nós pensávamos que as dominaríamos num instante, mas elas lutaram bravamente e nos escaparam. Foi culpa nossa porque não tapamos suas bocas com um trapo qualquer, de modo que não pudessem gritar e pedir ajuda naquela maneira espalhafatosa”.
      Centenas de cidadãos de Gorazde acordaram com aqueles gritos. Enfim, chegou o momento que os “cetnik” não estavam esperando.
      Uma das Irmãs, a superiora delas, a mesma que havia dito que não poderiam, em vida, darem-se a eles porque não podiam trair a Deus a quem eram consagradas, repentinamente escancarou a janela do terceiro andar e gritou: "Irmãs sigam-me! Jesus, salva-nos!”
      Lançaram-se no vazio e voaram como anjos na noite. Com base em todos os relatos, minha mãe ficou convencida de que a Irmã que respondia aos “cetnik” com maior coragem era a Irmã Jula Ivaniševic.  

      “Escutai-me e atendei-me. Na minha angústia agito-me num vai e vem, perturbo-me à voz do inimigo, sob os gritos do pecador. Eles lançam o mal contra mim, e me perseguem com furor. Palpita-me no peito o coração, invade-me um pavor de morte.  Apoderam-se de mim o terror e o medo e o pavor me assalta. Digo-me então: tivesse eu asas como a pomba, voaria para um lugar de repouso; ir-me-ia bem longe morar no deserto. Apressar-me-ia em buscar abrigo contra o vendaval e a tempestade”. Sl 55(54) 3-9



Fonte: As mártires do Drina, pag  95 e 96

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