sexta-feira, 11 de maio de 2012

O FDC CARISMA



AS FILHA DO AMOR DIVINO (FDC), são chamadas a viverem intensamente a experiência do Pai que Jesus revela e do amor que Ele, como Filho, testemunha. É este o Filho do Amor Divino, o Divino Padecente, o Amor Divino Crucificado que a Serva de Deus, Madre Francisca Lechner, contemplou na face de suas Filhas, suas seguidoras e na chaga social do seu tempo, a problemática das jovens camponesas da Viena de outrora.
Irmã Vilma Lúcia, FDC
No Coração de Jesus e na Chaga aberta do Crucificado, Madre Fundadora sintetiza suas experiências pascais e as semeia na vida de cada FDC. Esta semeadura comporta uma especial semente, tal como uma linfa que circula, até hoje, na alma dos gestos, das palavras, do relacionamento, do estilo de vida que cada FDC pretende manifestar com a mesma eloquência do Evangelho através de sua vida toda consagrada a Deus e doada aos irmãos e irmãs. Isto significa que o Coração de Jesus continua sendo proposta e remédio para todos os nossos males. E nos atuais acontecimentos Ele está nos chamando para construir um mundo novo, um mundo que tenha coração.
É este chamado que nos faz ser o que ainda não somos e nos capacita para fazermos a vontade do Pai. Equipa-nos para o serviço, o trabalho que nos foi confiado. Capacitar, equipar significa, também, consertar, assim como remendar uma rede rasgada (Mat. 4,21) ou reparar algo quebrado. Portanto, capacitar e equipar cada FDC refere-se ao preparo, ao treinamento que nos torna aptas para o atendimento das necessidades no serviço para o qual somos chamadas.
O chamado a sermos FDC é mantido, sustentado pela comunidade que vive e reza com e em todas, na partilha dos anseios apostólicos, missionários e na diferença de cada uma. No dia a dia ajudando-nos a sermos atentas aos sinais dos tempos. Vivifica-nos na convivência fraterna, na busca de seus fundamentos, na intimidade com a Mãe Três Vezes Admirável, ao pé da Cruz e na presença viva do Amor Crucificado e Ressuscitado na Eucaristia e em cada gesto de ternura, de presença amorosa e gratuita. 
As alegrias, as realizações, os desafios, as dificuldades de cada uma são de todas, são apelos para a riqueza e fortalecimento da comunhão. Convoca-nos à integração das diferenças como  parte do processo da unidade neutralizador dos humanos fatores que ocasionam a divisão. Os especialistas dizem que a unidade entre judeus e gentios não é mito, é uma realidade e serve como apelo para que nos conduzamos de modo digno da vocação a que fomos chamadas (Ef. 4,1).
A alegria, a ternura, a solicitude, a maternidade, a filialidade, a audácia, a simplicidade, o acolhimento, a oração contemplativa, a caridade efetiva e afetiva são características inconfundíveis no caminho espiritual de nossa Fundadora. São expressões de sua resposta ao chamado e a prova de seu grande amor a Deus, na pessoa da mulher operária do seu tempo, fato que se efetiva em uma especial capacitação, a profunda interação entre sua feminina vida de consagrada e de missionária.
O nome que ela deu à Congregação, Filhas do Amor Divino, é um atual caminho para que todas construam, sobre as ruínas acumuladas pelo ódio, pela violência, pela inveja, pelos desequilíbrios emocionais, pela discriminação, a civilização do amor, o reino do Coração de Jesus.  A FDC, sensível ao apelo da Ternura Divina, assume os sofrimentos da Congregação, da Igreja, da humanidade, também, na pessoa de cada coirmã e os apresenta ao Pai no abraço e na oração; une ao sacrifício de Cristo a oferta de si, lembrando as palavras do Apóstolo: Agora eu me regozijo nos meus sofrimentos por vós, e completo, na minha carne, o que falta nas tribulações de Cristo, pelo seu corpo que é a Igreja (Col. 1,24), no empenho pela restauração do Reinado de Cristo no coração dos homens e das mulheres.
Em outras palavras e na prática, nestes cento e quarenta e quatro anos de vida de nossa Congregação, noventa e dois anos de Brasil, setenta e quatro anos de Província, como empregamos esta herança em favor da promoção da mulher, jovens, crianças e idosos? O que fizemos e fazemos hoje, para promover a dignidade, o respeito e o potencial de cada mulher na pessoa nossas coirmãs?
Somos profetizas porque anunciamos com nossas vidas, as inspirações, a profecia de Deus Pai e Mãe para a Igreja de nosso tempo e não de outros tempos.  Madre Francisca, Teresina Werner receberam uma graça única do Espírito Santo. Suas inspirações vêem de suas experiências com e de Deus Pai e Mãe atentas aos sinais dos tempos.  É algo que as "domina" e que as arrasta irresistivelmente. Elas não se contêm! Embora de maneira misteriosa a liberdade de cada uma é tocada pela graça.
Este toque da graça tem ao menos cinco características fundamentais (Ef 4,1-2) para aperfeiçoar os santos e santas em vista do ministério e para a edificação do Corpo de Cristo, como afirma Ef 4,12: 1ª - a  Humildade; 2ª - a mansidão ou gentileza; 3ª – a longanimidade ou paciência; 4ª – o suportar uns aos outros ou a tolerância mútua e por fim a 5ª - a paz.  
Para os cristãos a humildade é sinal de força, embora para o mundo Greco–romano fora considerada um sinal de fraqueza, no entanto, é o oposto do orgulho. Sabemos que o orgulho é o dínamo da desunião, enquanto a humildade é o que impulsiona a reconciliação, como na encarnação e na cruz (Flp 2, 2-8). A mansidão ou a gentileza, diante das ofensas, em geral procura não reagir e faz de tudo para neutralizar certas emoções. Não se prende a auto-afirmação por saber que é o oposta da mansidão e por acreditar nos ditos de Jesus: os mansos possuíram a terra (Mat 5,5). A longanimidade ou a paciência é a característica do Amor Divino (II Ped 3.9). Significa que não vingamos as injustiças que sofremos e não abrimos mão da esperança de consertarmos as redes, as relações interrompidas. Suportar umas as outras, significa nossa tolerância mútua (Ef 4.2), a compreensão da outra, o entendimento das diferenças e a disposição para o perdão. Assim, estas graças têm em suas raízes o Amor que preserva as relações, promove a paz e a unidade.
Disto podemos extrair um possível perfil para deixar o nosso carisma sempre sintonizado com os apelos dos nossos dias: 1 - forte sentido de comunhão (Espírito e fim da nossa Congregação, Const. 1ss); 2 - ser imagem da comunhão com Deus como Pai e abertura aos irmãos ( Const. 42ss e Dir.Prov 58.1); 3 - centralizar a espiritualidade em Cristo contemplando o mistério pascal (Const 4); 4 - viver na presença de Deus (Const. 29); 5 - sensibilidade à pobreza (Const.  18); 6 - forte amor à Congregação, à Igreja e à mulher ( Const. 6, 56 e 61); 7 - sentido de Comunidade (Const. 41 e 84).
Cada FDC é o corpo institucional que até então continua funcionando, porém a alma carismática que é a animação deste corpo, talvez sinta, neste momento, alguma dificuldade que impede a identificação da face do Filho do Amor Divino, o Divino Padecente, o Amor Divino Crucificado que a Mãe do nosso carisma outrora contemplara e que hoje tem novas expressões.
Atentas ao chamado reafirmemos, portanto, a vontade de encontrarmos a Divina Face, em nosso hoje, em nossas comunidades e vivamos generosa e antenadamente o ideal de FDC, alma de nossa específica resposta. Se do nosso lado existe a fragilidade, do lado do Senhor existe um amor forte, fiel, constante, que nos dá a docilidade, a devida abertura, a audácia de confiantes simplesmente avançarmos, indo adiante com o nosso atual, belo e eclesial FDC carisma.  





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