A Santíssima Trindade faz irradiar «uma nova luz sobre a terra»
«Deus
procura-nos, atende-nos e ama-nos sempre em primeiro lugar. É como a flor da
amendoeira, como diz o profeta: ela é a primeira a despontar», explicou o Papa
Francisco antes do ângelus deste domingo, 11 de junho de 2017, na Praça de S.
Pedro, durante a festa da Santíssima Trindade, da qual participaram 15.000
pessoas.
Porque a Santíssima Trindade
« fez irradiar uma nova luz sobre a terra e no coração de todo o ser
humano que a acolhe; uma luz que revela os lados sombrios, as durezas que nos
impedem de dar bons frutos de caridade e de misericórdia».
«A comunidade cristã,
sublinhou o papa, apesar de todos os limites humanos, pode tornar-se um reflexo
da comunhão da Trindade, da sua bondade e da sua beleza. Mas isso, como o
próprio S. Paulo testemunhou, passa necessariamente pela experiência da
misericórdia de Deus, do seu perdão».
O papa convidou os batizados
a rezarem à Virgem Maria para que ela os ajude “a entrar cada vez mais, (…) na
comunhão trinitária, para viver e testemunhar o amor que dá sentido à vida.
Eis a tradução das palavras
do Papa Francisco antes da oração do ângelus.
Caros irmãos e irmãs, as
minhas saudações!
As leituras bíblicas deste
domingo, festa da Santíssima Trindade, ajudam-nos a entrar no mistério da
identidade de Deus. A segunda leitura apresenta os votos que S. Paulo dirige à
comunidade de Corinto: «Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a
comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós» (2 Cor 13, 13).
Esta «bênção» do apóstolo é o
fruto da sua experiência pessoal do amor de Deus, esse amor que o Cristo
ressuscitado lhe revelou, que transformou a sua vida e o «empurrou» a levar o
evangelho aos gentios.
A partir dessa experiência de
graça, Paulo pode exortar os cristãos por estas palavras: «sede alegres,
procurai a perfeição, encorajai-vos mutuamente, […] vivei em paz» (v. 11). A
comunidade cristã, apesar de todos os limites humanos, pode tornar-se um
reflexo da comunhão da Trindade, da sua bondade, da sua beleza. Mas isso, como
o próprio Paulo testemunhou, passa necessariamente pela experiência da
misericórdia de Deus, do seu perdão.
É o que acontece aos judeus
no caminho do Êxodo. Quando o povo rompeu a aliança, Deus apresentou-se a
Moisés na nuvem para renovar o pacto, proclamando o seu nome e o seu
significado: «o Senhor, Deus misericordioso e compassivo, lento para a ira e
rico em amor e em fidelidade» (Ex 34, 6). Este nome exprime que Deus não é
distante nem fechado em si mesmo, mas que é Vida que quer comunicar-se, que é
abertura, que é Amor que resgata o homem da sua infidelidade, porque se oferece
a nós para preencher os nossos limites e as nossas carências, para perdoar os
nossos erros, para nos reconduzir ao caminho da justiça e da verdade. Esta
revelação de Deus chegou à sua plenitude no Novo Testamento, graças à palavra
de Cristo a da sua missão salvífica. Jesus manifestou-nos a face de Deus, Um na
substância e Trino nas pessoas. Deus é na totalidade e unicamente Amor, numa
relação subsistente que cria, resgata e santifica todas as coisas: Pai, Filho e
Espírito Santo.
O Evangelho de hoje «coloca
em cena» Nicodemos, que, embora ocupasse um posto importante na comunidade
civil e religiosa da época, não parou de procurar Deus. E eis que ele se
apercebeu do eco da voz de Deus em Jesus. No decorrer do diálogo nocturno com o
Nazareno, Nicodemos compreende finalmente que ele é já procurado e atendido por
Deus, que Deus o ama pessoalmente.
Deus toma a iniciativa: vem à
nossa procura, atende-nos e ama-nos sempre em primeiro. É como a flor da
amendoeira, como diz o profeta: ela é a primeira a florir (cf Jer 1, 11-12).
Jesus fala a Nicodemos deste
modo: «Deus amou tanto o mundo, que lhe deu o seu Filho único, para que quem
acredita nele não se perca, mas obtenha a vida eterna» (Jo 3, 16). Em que
consiste essa vida eterna? É o amor gratuito e sem medida do Pai que Jesus deu
sobre a cruz, oferecendo a sua vida para nossa salvação. Esse amor, pela ação
do Espírito Santo, fez irradiar uma nova luz sobre a terra e em todo o coração
humano que o acolhe, uma luz que revela os lados sombrios, as durezas que nos
impedem de dar bons frutos de caridade e de misericórdia.
Que a Virgem Maria nos ajude
a entrar cada vez mais, com todo o nosso ser, na comunhão trinitária, para
viver e ser testemunhas do amor que dá um sentido à nossa existência.
©
Tradução de ZENIT, P. Joaquim Domingos Luís
Nenhum comentário:
Postar um comentário