quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018


Autobiografia do Padre Cristiano Muffler



Nasci no dia 23 de junho de 1935 em Idashof, leste da Alemanha. Sou filho do agricultor VICTOR MUFFLER e da professora HILTRUD MUFFLER. Com 10 anos de idade, em 1945, no fim da 2a guerra mundial, tivemos que fugir do
front da guerra que estava se aproximando. Isto se deu em pleno inverno rigoroso, com vários graus abaixo de zero. Perdemos nosso pai que foi levado pelo exército russo para os campos de concentração da Sibéria. Anos depois recebemos a notícia do seu falecimento.

Minha mãe teve que voltar a pé para o lugar de origem apenas com uma mochila nas costas e quatro filhos pequenos. Nossa casa ficava no sítio e ninguém podia morar lá por causa da violência. Durante meses passamos muita necessidade, fome e frio. Depois recebemos a notícia de que essa parte da Alemanha seria anexada à Polônia e quem não adotasse a nacionalidade polonesa tinha que sair. Saíram todos em trens superlotados, pois era até proibido falar alemão.

Conseguimos chegar até a divisa com a Alemanha ocidental e, numa noite bem escura, conseguimos atravessar a fronteira que ainda não estava vigiada. Na Alemanha Ocidental consegui, por uma graça de Deus muito especial, estudar no colégio interno dos padres beneditinos de Metten/Danúbio. Estes anos contribuíram para me fazer sentir um forte chamado para me consagrar como padre e missionário ao serviço do Reino. Estudei filosofia no seminário de Königstein, perto de Frankfurt.

Estudei teologia na Universidade de Munique e no seminário de Málaga / Espanha. Fui ordenado padre, no ano de 1962, pelo bispo dos exilados pela guerra, bispo da Diocese de Hildesheim, diocese no Norte da Alemanha, o qual, em 1963, me liberou para o Brasil, atendendo ao pedido de um bispo alemão, Dom Anselmo de Tubarão /Santa Catarina que tinha sido anteriormente bispo de Campina Grande. Cheguei a Tubarão no mês de janeiro de 1964.

A partir de 1974, eu já estava na Paraíba por convite de Dom José Maria Pires, tomando conta da paróquia de Pirpirituba com Sertãozinho e Belém e, na medida que a saúde do Pe. Epitácio de Serra da Raiz diminuía, foi chegando Jacaraú, Lagoa de Dentro, Caiçara, algumas comunidades de Tacima, Lagoa de Dentro, Duas Estradas e finalmente Serra da Raiz, uma região onde hoje tem exatamente 10 municípios, quase todos com um padre.

Em 1984 Dom Marcelo me transferiu para Mari, incluindo as cidades de Mulungu, Alagoinha e Cuitegí. Quando Pe. Adelino, perseguido pelo esquadrão da morte, teve que fugir às pressas para Roma, fiquei com as duas paróquias de Guarabira, Santo Antônio e Catedral, incluindo Pilõezinhos.

Finalmente, em 1991, cheguei à paróquia de Bananeiras, incluindo Dona Inês. Durante a missão de Frei Damião em Solânea, em 1976, minha mãe, que por feliz coincidência estava me visitando, foi hospedada pelo então pároco Pe. José Floren, na casa paroquial de Bananeiras. O Pe. José era pároco das três cidades Solânea, Bananeiras e Dona Inês e na casa paroquial de Bananeiras não morava ninguém. Minha mãe gostou muito da casa e ficou feliz quando soube depois que eu estava sendo nomeado para ser pároco de Bananeiras.

O Projeto PRÓ- MULHER que, na época – 1994 a 2000 – contemplou cerca de 300 mulheres (Coordenado por Gilvanisa Maia). O trabalho social com as mulheres dos sítios que fez com que as mulheres criassem muito mais auto-estima e consciência da sua dignidade. Minha equipe bem eficiente e de muita confiança da Casa Paroquial que distribuía as multimisturas, os óculos e as roupas usadas que vinham nos containers e que, naquele tempo, serviam tanto às pessoas mais carentes.

Os jovens voluntários da Alemanha que iniciaram e coordenaram o trabalho com cisternas e cacimbões.
O Projeto- Associação “Diálogo Nordestino”, coordenado por Afrânio e Ivanilson. A Associação de Promoção de Desenvolvimento Sustentável – APRODES, Responsável Paulo Rech, apoiado por nossos amigos, os professores da Universidade, que deram cursos de apicultura e criação de pequenos animais. Quem imaginaria naquele tempo que hoje chegariam toneladas de mel de mais de 10 municípios para ser processadas e distribuídas nas escolas e nas creches.

A Associação de Pequenos Criadores de Cabras – Comunidades: Jaracatiá : , Baixa do Mel, Santa Vitória, Boa Vitória, Porteiras e outras); A Associação de Tecelões e Artesãos da Região do Taboleiro (1ª Fábrica de Redes); os homens que faziam parte dos mutirões de construção das capelas e reconstrução das casas. A banda Antares que hoje já tem um nome respeitado no campo da boa música.

As irmãs do Carmelo que acompanharam tudo isso com suas orações e, com seus aconselhamentos e assim semearam a paz em nossas famílias. Todos os amigos e colaboradores merecem nossa gratidão, ainda mais relembrando as circunstâncias daquele tempo difícil, com graves conflitos de terra que, não raras vezes, nos renderam acusações injustas.

Agradeço ao Sr. Ramom Moreira, presidente da CÂMARA DE VEREADORES DE BANANEIRAS e aos demais vereadores que por unanimidade aprovaram a concessão do título de cidadão bananeirense que se configura como uma declaração oficial de que realmente posso ser considerado como um verdadeiro conterrâneo desse querido município, título que recebo com alegria e gratidão, inclusive por dar-me a oportunidade de me encontrar com tantos amigos(as) e irmãos(ãs) que, durante o período de 1991 a 1996, estiveram juntos na missão e já me adotaram como um irmão. É assim que me sinto – um irmão mais velho de todos e todas. Por isso compartilho com os presentes, esse momento. (http://www.diocesedeguarabira.com.br/em-vida-padre-cristiano-muffler-contou-sua-historia-de-vida-veja/)

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