segunda-feira, 9 de julho de 2018


Maria-Bistrica: Padroeira da Croácia e Protetora dos que resistem

Que fazer diante de um inimigo anticatólico tão forte, contra o qual, humanamente falando, é impossível resistir? Pactuar? Fazer algum “acordo”? Render-se? Ou devemos pedir o auxílio de Nossa Senhora para enfrentá-lo com fortaleza, dispostos a tudo para não perdermos nossa Fé?



A história apresentada a seguir, de Nossa Senhora de Bistrica, na Croácia, comprova como esta última opção é a única verdadeira 


Por Valdis Grinsteins

Poucos países católicos possuem uma história de lutas e fidelidade à Santa Igreja Católica como a Croácia. Situada no Leste da Europa, viu os povos vizinhos irem apostatando e se afastando da verdadeira Igreja. O povo croata, entretanto, permanece fiel. Os sérvios, seus vizinhos, aderiram, em primeiro lugar, ao cisma dos gregos. Esse cisma devorou várias
nações, mas ao chegar à Croácia estancou. Depois foi a heresia dos Bogomilos, no século XIII, que contaminou diversas regiões do Leste europeu. Mas na fronteira croata foi barrada. Surgiu depois um perigo muito maior: o maometanismo dos turcos, que chegavam com uma força avassaladora. Os povos vizinhos da Croácia renderamse.

Croácia: Baluarte da Cristandade - Os croatas, contudo, muito inferiores em número, embora superiores quanto à Fé, decidiram resistir. Apelaram a Nossa Senhora, pediram seu auxílio materno e... resistiram contra toda esperança por muito tempo. Seu território era invadido, mas depois os invasores eram expulsos. Tal resistência evitou que os turcos entrassem na Itália, na Áustria e na Alemanha. A Croácia foi um dique que defendeu toda a Europa. Por isso, o Papa Leão X concedeu-lhe, no século XVI, o título de “Antemurale Christianitatis”, ou seja, Baluarte da Cristandade.

Não pararam aí os inestimáveis serviços que os católicos croatas prestaram à Igreja e à Civilização Cristã. Quando o protestantismo perverteu parte considerável da Europa, contaminando algumas populações do Reino da Hungria, ao qual pertenciam os croatas, estes não aderiram à nova heresia. E, mais uma vez, a heresia estancou em suas fronteiras.

Posteriormente, foram tropas croatas as que sufocaram várias revoluções liberais e anticatólicas que sacudiram a Europa no século passado.

Ainda em nosso século, os croatas souberam permanecer fiéis à sua Fé, quando o comunismo subjugou toda a Europa Oriental, tendo vários deles sofrido o martírio ou terríveis perseguições, como o heróico Cardeal Stepinac, há pouco beatificado. E na recente guerra que eclodiu no território da ex-Iugoslávia, demonstraram os croatas mais uma vez suas

Imagem de Nossa Senhora de Bistrica - Qualidades guerreiras na defesa de seus santuários, vários deles ferozmente bombardeados pelas forças do regime comunista de Belgrado.

Maria-Bistrica: símbolo de uma luta heróica - Foi em meio a um desses memoráveis combates em defesa da Fé que começou a história do Santuário considerado hoje o símbolo da nação croata.

Quando, em 1545, os muçulmanos se aproximaram de uma capela na colina do vinho (Vinski Vrh), o povo da região refugiou-se na próxima cidade de Bistrica, levando consigo uma pequena imagem que representa Nossa Senhora vestida como dama nobre da região, com o Menino Jesus nos braços. O pároco da cidade, temendo a invasão dos turcos, tomou a imagem e a escondeu num buraco cavado no muro da igreja. Os turcos dominaram a cidade, o pároco fugiu e morreu sem ter revelado a ninguém onde havia escondido a imagem. A luta continuou alguns anos, após os quais os católicos retomaram a cidade. Em 1588, o novo pároco da igreja ficou surpreso ao ver uma luz sair de dentro de um muro. Com a ajuda dos paroquianos, o sacerdote perfurou a parede encontrando então a imagem de Nossa Senhora. A notícia do miraculoso fato difundiu-se rapidamente pela região e começaram as peregrinações.

Novamente ocultada e reaparecida - Mas, no decorrer daquelas incessantes guerras, os muçulmanos mais uma vez invadiram a cidade. De novo, em 1640, o pároco escondeu a imagem atrás da parede do altarmor da igreja e evadiu-se. A devoção à imagem diminuiu em meio à confusão da guerra. E anos após já ninguém se lembrava mais dela.

Desta vez, a vitória dos turcos parecia certa. Em 1683, eles já tinham chegado até a capital da Áustria, Viena. Tudo indicava que então o Baluarte da Cristandade seria destruído. Entretanto, os turcos foram esmagados em Viena pelas tropas do Rei da Polônia, Jan Sobieski, e começaram uma retirada que permitiu à Croácia manter-se firme como fronteira entre os católicos e os infiéis.

Permaneceria desaparecida a imagem da Virgem, que tanto tinha ajudado a manter viva a Fé em meio à confusão provocada pela guerra?

Um novo milagre, contudo, permitiu que ela fosse encontrada. Num domingo de setembro, após o sermão do pároco, os católicos presentes à Missa subiam até o púlpito da igreja para rezar a fim de obter certas graças. Entre essas pessoas, apareceu uma senhora vestida de azul, tendo nas mãos uma vela acesa. Ela pediu: “Rezai com todo o povo para que eu possa voltar a ver”. O pedido não deixava de ser estranho, uma vez que dita senhora tinha subido e descido do púlpito e se retirado sem ajuda.

Após a Missa, o pároco foi visitar outro sacerdote, e encontrou no caminho a senhora que fizera aquele pedido. Desejou perguntar-lhe o motivo dele, mas a senhora desapareceu repentinamente. O pároco concluiu então tratar-se da Virgem Santíssima. Solicitou ajuda ao Bispo, o qual lembrou-se que, sendo menino, tinha feito uma peregrinação descalço até a imagem milagrosa de Bistrica. O pároco não tinha idéia que imagem podia ser essa, mas, estimulado pelo Prelado, e após minuciosa procura, acabou por derrubar a parede do altarmor, reaparecendo assim a aludida imagem, que desta forma voltou a ver seu povo.

Tal acontecimento despertou o fervor dos fiéis, pois significava que Nossa Senhora não tinha querido ver os invasores; mas tendo retornado os católicos, Ela queria vê-los. Começou então novamente a veneração à imagem de Bistrica.

Em 98 anos: 1109 milagres - Para recompensar a fidelidade na luta pela Fé contra os maometanos, um dos primeiros milagres que Nossa Senhora operou foi o de libertar sete prisioneiros católicos que se encontravam numa fortaleza turca. Ela lhes apareceu em sonhos e disse: “Não temais, meus filhos, mas tende confiança, porque eu recuperei a visão em Bistrica, onde permaneci sem ver por mais de 40 anos. Fazei uma promessa de peregrinar até lá e sereis libertos”. Obviamente, ao acordar, os prisioneiros fizeram a promessa pedida. Imediatamente, suas correntes caíram, a porta da prisão abriu-se e eles puderam sair. Peregrinaram então até a referida igreja para agradecer à Mãe de Deus por sua libertação.

Começaram então a multiplicar-se os milagres operados por Nossa Senhora, a tal ponto que, só de 1688 até 1786 (98 anos), foram anotados 1109 prodígios no Livro dos Milagres. Essa quantidade de milagres reforçou a fé do povo, de tal forma que nunca puderam os muçulmanos, inimigos da Fé, conquistar a Croácia.

Em 1715, o governo do país mandou erigir o altar-mor do templo religioso, que desta forma passou a ser considerado o Santuário-símbolo da nação.

A partir dessa época, os católicos é que tomaram a iniciativa do ataque contra os muçulmanos, sendo estes finalmente expulsos da região, após quase 400 anos de tentativas para apoderar-se desse valoroso baluarte católico. Esse pequeno país especialmente protegido por Nossa Senhora permaneceu de pé e invicto‚ enquanto outras nações muito maiores sucumbiram ao jugo muçulmano.

A história dessa imagem constitui um símbolo para os católicos de nossos dias no mundo todo. Nossa Senhora poderá estar escondida de nossa visão, devido a perseguições. Mas desde que confiemos e resistamos, Ela mesma operará os prodígios necessários para reaparecer a nossos olhos! E se por quaisquer razões tivermos a infelicidade de nos esquecermos dEla, a Virgem fiel jamais se olvidará de nós, e desejará nos ver novamente. É preciso manter na alma essa esperança.

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Fontes de referência:

Domenico Marcucci, Santuari Mariani d'Europa, Ed. San Paolo, Torino, 1993.

Jean Ladame, Notre Dame de toute L'Europe, Ed. Resiac, Montsurs, 1984

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