terça-feira, 18 de agosto de 2009

Vinde e ouvi o que Deus fez por mim!


Com muita alegria venho comunicar que no próximo dia 11 de Agosto, no Mosteiro de Santa Clara e do Santíssimo Sacramento de Monte Real, se realizará a minha Profissão de Votos Simples Temporários. Por isso convido a quantos quiserem e puderem participar na alegria da minha consagração ao Senhor. A celebração terá início às 17:00h.
Gostaria de partilhar convosco “as maravilhas que Deus fez e vai fazendo em mim”.
Nasci a 22 de Agosto de 1986 na Paróquia do Milharado, Vigararia de Mafra, Diocese de Lisboa. Renasci pelas águas do Baptismo no dia 1 de Fevereiro de 1987. Embora não fosse usual fui baptizada no altar, acontecimento que para mim é sinal de que o Senhor já então me escolhera para ser com Ele oferta sagrada no altar do sacrifício.
Fui a primeira filha de meus ternos pais, Carlos Filipe Quirino e Mª Eulália Quirino. Depois de mim nasceram os meus três irmãos: a Cristina, o Mário e recentemente o Francisco para preencher o lugar que na casa paterna deixei vago.
Era uma jovem como tantas outras. No entanto, ao olhar a história da minha vida, encontro sinais de que Deus me tinha em Suas mãos. Recordo, por exemplo que, em criança, gostava de me fechar no quarto de minha mãe e de me deter diante de um pequeno altar onde ela tinha várias imagens: Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora de Fátima, Sagrada Família, um Crucifixo e a Bíblia. Sentia-me atraída pelo silêncio, pela solidão.
Quando ouvia falar da Santíssima Virgem Maria, interrogava-me se não poderia ser como Ela. Agora sei que o Senhor me chama e convida a ser como Santa Clara de Assis, à imagem de Maria, portadora do Verbo Divino, espiritualmente, e a dá-l’O a toda a humanidade através da entrega total da minha vida, como escreve Santa Clara numa das suas Cartas: “Tal como a Virgem das virgens O trouxe materialmente no seu seio, assim também tu O podes trazer, sem duvida alguma, de maneira espiritual, no teu corpo casto e virginal, seguindo as suas pegadas, sobretudo a sua humildade e pobreza.”
Fui crescendo e estava longe de imaginar o que Deus me preparava. Não era nenhum anjinho. Às vezes era muito desobediente e queria sempre que a minha vontade prevalecesse em relação à dos outros. Sentia-me um tanto egoísta e interesseira.
Com 9 anos fiz a Primeira Comunhão no dia 8 de Dezembro de 1995. Lembro-me que estava muito feliz por ir receber Jesus, por Ele querer vir até mim, morar no meu coração.
Em 11 de Junho de 2000, com 14 anos, fiz a Profissão de Fé.
Ao fazer um compromisso diante de Deus e dos homens, o Sacerdote entregou-me um ramo de palmeira, símbolo do dever de viver coerente com a fé que professava, se necessário, até ao martírio, renunciando ao pecado, dia-a-dia, hora-a-hora. Foi um dos momentos mais marcantes para mim, considero-o outro sinal do Senhor que me conduzia pela mão.
De finais de Outubro 2002 a Maio de 2004 decorreu a preparação para o Sacramento do Crisma.
A celebração em que recebemos o Santo Crisma (éramos um grupo de quase 50 jovens), decorreu na Vigília de Pentecostes a 29 de Maio de 2004. A partir desse momento comecei a procurar mais intensamente qual o meu lugar na Igreja
Fui auxiliar de catequese durante um ano. No entanto queria um compromisso que me tornasse mais activa na Igreja, para não ser tentada a fazer como tantas pessoas que deixavam de ter tempo para Deus.
Mas, a certa altura, o dilema atingiu-me também: por um lado a questão sobre o que Deus quereria de mim, por outro a minha fé começava a vacilar e quase se afogou no barulho e atracções do mundo. Contudo, graças à oração de minha mãe e ao seu exemplo, (digo-o com imensa gratidão), Deus segurou-me em Suas mãos.
Foi então que, numa visita ao Santuário de Fátima, quando estava a rezar na capelinha do Santíssimo Sacramento, senti que Jesus me chamava à adoração na vida religiosa. Era o dia 5 de Junho de 2005. Não perdi tempo nem me pus a pesar o que deixava e o que ganhava ao aderir a Cristo.
No dia seguinte procurei informações sobre a vida religiosa na Internet, pois não conhecia nada. Descobri o site da Irmãs Clarissas de Monte Real, contactei-as e vim fazer uma experiência de 8 dias na hospedaria do Mosteiro. Quando cheguei ao Mosteiro percebi que era aqui que o Senhor me queria. Atraíram-me a Adoração Eucarística Perpétua, a alegria das Irmãs e a certeza de que, ao deixar tudo por Cristo, iria contribuir de maneira mais radical para a construção do Reino de Deus e para a salvação de muitas almas.
O mais doloroso e difícil foi saber o quanto à minha família iria custar esta minha resolução. No entanto, era um passo que eu tinha de dar para bem da minha própria família e de toda a humanidade. Não podia deixar que o sangue falasse mais alto do que a Voz de Deus que gritava dentro de mim.
Entrei no dia 18 de Julho desse ano. No dia do meu ingresso, os meus pais levaram-me a ver o mar pela última vez. Compreendi por que é que o Mar me atraía. Ele é a imagem da profundidade e imensidade de Deus, onde quero mergulhar totalmente e para sempre.
À tardinha, embora lhes custasse, os meus pais e irmãos trouxeram-me ao Mosteiro, vieram eles mesmos entregar-me a Deus no Seu Templo. Creio que esse gesto doloroso lhes alcançou grandes graças da parte de Deus que retribui cem por um. É-nos muito difícil imaginar a quantidade de graças que recebem os pais que, de livre vontade, embora com muito sofrimento, aceitam entregar os seus filhos ao serviço de Deus e da Igreja.
Logo após a minha entrada, a Comunidade decidiu que fizesse o 12º ano, numa escola da Marinha Grande, para concluir o secundário. Habitualmente, saía do Mosteiro às 7.00 horas da manhã e regressava às 7.00 h da tarde e, o que era mais importante, não me dispensava de passar uma hora a sós em adoração, diariamente, diante de Jesus Sacramentado, solenemente exposto no Mosteiro.
Esta experiência ajudou-me a perceber com segurança que era a vida religiosa que me tornava feliz e realizada. Foi uma experiência muito enriquecedora, que fortaleceu, elucidou e consolidou a minha fé e vocação.
Terminado o ano lectivo, iniciei mais intensamente a formação religiosa. A 8 de Dezembro de 2006 recebi o Santo Hábito de Irmã Clarissa. Quis o Senhor que coincidisse com o 11º aniversário da minha Primeira Comunhão. Na verdade, foi um reviver desse dia tão belo da minha vida cristã. Mas, desta vez, não era apenas Jesus que vinha habitar em mim, era também eu que Lhe confirmava o meu desejo de ser Sua e de Lhe entregar a minha vida. Foi o reafirmar a certeza de já lhe pertencer, e a alegria de saber que Maria Santíssima está comigo e não me abandona.
Não mais tive dúvidas sobre a minha vocação e hoje posso dizer como Santa Teresinha: A minha vocação é o Amor. Encontrei o meu lugar na Igreja.
Finalmente aproxima-se o dia da minha consagração. É a certeza de que serei totalmente de Deus. Através dos votos realizo, o que Jesus me diz: “Vem e segue-Me”!
Através da entrega da minha vida nas mãos de Deus sinto-me impelida a suspirar como Clara no Cântico dos Cânticos:
Atrai-me a Ti e correrei ao odor dos teus perfumes, ó Celeste Esposo. Correrei sem desfalecer, até que me introduzas na sala do festim, até que a minha cabeça repouse sobre a Tua mão esquerda, e a Tua direita me abrace com ternura e me beijes com o ósculo suavíssimo da Tua boca”.
“Encontrei Aquele a quem a minha alma ama. Agarrei-me a Ele e não O largarei mais, até habitar totalmente no Seu Santíssimo Coração.
Estamos a celebrar o Ano Sacerdotal e o Santo Padre convida-nos a orar e a oferecer sacrifícios pelos sacerdotes e vocações sacerdotais, sinto que este apelo vem reforçar o valor e a responsabilidade do meu compromisso com Deus e a Sua Igreja. Em Deus a minha vida, assim entregue, pode contribuir para a santificação dos Sacerdotes e para o despertar de novas e santas vocações para o serviço da Igreja e dos irmãos.
É por ser transbordante e imensa a minha alegria que vos convido a alegrar-vos comigo no Senhor que “fez em mim grandes coisas”.
Conto com a vossa presença e com a vossa oração, e deixo-vos a certeza de vos lembrar junto de Jesus Sacramentado, adorado dia e noite neste Mosteiro. Que o Seu Coração derrame sobre vós bênçãos infinitas.
Ir. Marina Sofia Alexandre Quirino, OSC

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