quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A SEMENTE FOI PLANTADA NA AMÉRICA!

A SEMENTE FOI PLANTADA NA AMÉRICA

No dia 2 de setembro de 1913, num brilhante amanhecer em Budapeste- Hungria, um pouco de tristeza pairava sobre o Provincialado das Filhas do Amor Divino. O tão esperado dia, um pouco temeroso, finalmente chegou: Madre Maria Valéria Morvay – Superiora Provincial e as Irmãs Madre Kostka Bauer, a Mestra de Noviças embarcaram na sua primeira viagem levando aos Estados Unidos as primeiras Filhas de Madre Francisca Lechner, trazendo seu espírito para o Novo Mundo.
A viagem missionária foi algo que a Madre Kostka sonhou por anos. Apesar de Madre Francisca ter falado sobre a América como uma nova e fértil área de trabalho apostólico, ela nada tinha feito para uma realização definitiva desta idéia durante sua vida.
Com Madre Kostka, tudo era totalmente diferente. Como Irmã jovem, ela conheceu Madre Fundadora e estava impregnada com seu espírito de fazer tudo que podia para difundir mais longe o Reino de Deus. Quando foi transferida da Áustria para a Hungria, Madre Kostka lutou para aperfeiçoar a língua húngara e começou a aprender a língua inglesa também.
Designada Mestra de Noviças em Budapeste logo na sua juventude, ela começou a sonhar sobre a América como um campo de missão e este sonho se tornou para muitas Noviças, objeto de conversas nos recreios do Noviciado, à medida que partilhava sua esperança com as “Pombas Brancas”, incutindo nelas o fervor semelhante ao seu.
Não deixando nada para depois, elas rezavam. Algumas noviças começaram a estudar a língua inglesa, confiantes de que esta seria uma necessidade para o futuro. Enquanto isso, Madre Inácia Egger, a Superiora Geral da Congregação, visitou a Província Húngara. Irmã Kostka casualmente mencionou a possibilidade de uma Aventura na América, mas lhe foi dado pouco ou nenhum encorajamento neste sentido. Em vez disso, Madre Inácia considerou a possibilidade de abrir mais o campo de apostolado indo para o ramo da enfermagem.
Enquanto isso, Irmã Kostka e suas noviças continuaram rezando pela intenção especial: Se fosse vontade de Deus, que as Filhas do Amor Divino fundassem uma missão nos Estados Unidos, que com certeza Ele encontraria o caminho para realizar este plano.
Então, no verão de 1906, o ímpeto inicial foi recebido. Sua Excia. O Bispo Joseph Schrembs da Diocese de Toledo- Ohaio, viajando pela Europa, fez uma parada na Hungria e enquanto fazia uma visita ao Convento Santa Margaret em Budapeste, fez o pedido para que alguns membros da Província viesse para a sua Diocese a fim de cuidar das necessidades espirituais das crianças de muitos imigrantes húngaros que se estabeleceram naquela área. Uma alegria geral reinou no Noviciado, quando o pedido do Bispo se tornou público. No entanto, a alegria durou pouco. Irmã Ignacia deveria ser contatada entes de mais nada e Madre Valéria não estava lá muito encorajada também. Em 1906, não havia suficientes Irmãs para os compromissos assumidos na Hungria. Tirar Irmãs para enviar aos Estados Unidos naquele período não era muito aconselhável. Mesmo assim, o pedido do Bispo seria levado em consideração. No entanto, as orações e as lições de Inglês continuaram com seriedade.
Finalmente, após sete anos, no início de 1913, Madre Ignacia notificou à Provincial Húngara que ela tinha permissão de enviar Irmãs para a América. A notícia foi publicada pela Superiora Geral e a convocação foi feita a fim de que aparecessem voluntárias para uma missão além mar, sabendo-se que isto significaria a disposição de deixar sua terra natal possivelmente para sempre.
Entre as muitas voluntárias quatro Irmãs Professas apareceram: Jacinta, Blanda, Salvatora e Margaret e duas Noviças: Edília e Pricilla (que tinha passado dois anos na América antes de entrar.) e ainda a Postulante – Maria Grassel que foi escolhida por Madre Kostka como uma decisão final. De acordo com Irmã M. Edilia Ihring, elas deveriam ser enviadas para conseguir contribuições do povo húngaro. Desejavam-se ir para o novo mundo, deveriam ganhar para pagar sua própria passagem para a América.
Madre M. Valéria e Irmã M. Kostka deveriam viajar antes a fim de estabelecer a área da missão inicial. À medida que o dia da partida se aproximava, todas as Irmãs da Província se organizavam para dizer adeus as Irmãs que iam partir primeiro. Quatro membros da Comunidade: Aurélia, Clarissa, Generosa e Dolores acompanharam as missionárias a estação e agitavam lenços em lágrimas à medida que o trem se afastava da estação, desejando bênçãos para as duas pioneiras em direção ao futuro desconhecido.
Elas chegaram em Berlim, na Alemanha, no dia seguinte onde a Senhora Mary Wildermann as esperava. Esta a levou para o convento próximo, onde participaram da Santa Missa e depois fizeram uma breve tournée pela cidade. Permaneceram uma noite no convento e foram mais uma vez conduzidas por trem até o porto de Hamburg onde embarcaram.
No dia Primeiro de outubro de 1913, Madre Valéria e Irmã Kostka embarcaram em Hamburg ocupando a cabina 586, no Convés G do luxuoso navio. Não havia mais possibilidade de retorno. Os dois primeiros dias foram maravilhosos, mas no quarto dia uma forte tempestade atingiu o navio, levando as Irmãs a sentirem-se tremendamente enjoadas. A tempestade foi seguida de uma densa névoa que levou o navio a ir abaixo consideravelmente. Enfraquecidas pelo enjôo, as Irmãs tiveram permissão de subir para respirar. A primeira decepção veio quando no dia 8 de outubro, apesar de já terem passado pela Estátua da Liberdade, os passageiros foram informados de que o navio não poderia aportar naquele dia. Finalmente, no dia 9 de outubro, o navio aportou em Hoboken, New Jersey.
Depois dos procedimentos médicos, e normais exames as duas foram acolhidas pela Mama Muller, a irmã de sangue de nossa Irmã Dora, que juntamente com o Ver. William Biskorovanyi o Pastor da Paróquia de S. João Nepomuceno em Gutembergue, New Jersey, que esperavam há várias horas.
A primeira iniciativa, após chegar na residências dos Muller foi enviar uma carta ao Sr. Bispo Schrembs, notificando a chegada das Irmãs e pedindo orientações sobre o que elas deviriam fazer. Enviaram um telegrama a cabo (tipo de telegrama mais avançado da época), para Budapeste, informando à ansiosa comunidade sobre sua segura chegada.
Enquanto esperavam a resposta, as duas Irmãs tomaram a estrada procurando outra possibilidade de Missão. Viajaram então para Bridgeport, Connecticut, onde encontraram outra húngara já estabelecida na América. O Pastor Beneditino, o Abade Odon Neurihrer ficou maravilhado ao ouvir que as Irmãs gostariam de fundar um convento em sua Paróquia e convidou-as a permanecerem por alguns dias lá, enquanto ele marcava uma entrevista com o Bispo de Harford. No dia 14 de outubro, as duas Irmãs viajaram para Harford, somente para serem recusadas a não poderem se estabelecer em parte alguma daquela diocese. Elas então retornaram a Bridgeport. Escrevendo sobre o incidente, Madre Valéria comenta: “O Bispo foi a pessoa antagonista do Pastor e sem delicadeza com os húngaros. Esta é a única explicação da recusa do Bispo. (Crônica I, P.9).
O retorno para New York no dia 15 de outubro foi marcado por um evento de desencorajadora notícia. Uma carta do Bispo Schrembs as esperava. Ansiosas abriram o envelope. À medida que abria a carta, suas esperanças foram sendo dizimadas. Sua Excia afirmava que não mais precisava do serviço das Irmãs Filhas do Amor Divino. Ele tinha encontrado três Irmãs húngaras, entre as Irmãs de Notre Dame, uma Congregação local, e estas eram suficientes para a instrução da população húngara em Toledo.
Os dias seguintes foram de desânimo para as duas. Cada porta que batiam parecia fechada para elas. Como retornar para a Hungria e relatar o acontecido? Se elas o fizessem, seria muito difícil Madre Ignácia tentar outra vez uma missão nos Estados Unidos.
O Padre Biskorovanyi foi o suporte para as duas nestas horas escuras. Primeiramente ele conseguiu que as Irmãs ficassem com as Dominicanas na West 54th Street (Na rua Oeste 54) e prometeu levar o problema para a Delegação Apostólica dos Estados Unidos em Bridgeport.
Com uma real caridade cristã, as Irmãs Dominicanas fizeram o máximo para que nossas duas Irmãs se sentissem em casa. Enquanto isso, elas participavam da Santa Missa na Paróquia dos Poloneses, onde encontraram o Revdo. John Frolich, Pastor da Comunidade Católica situada na Rua 14, onde a Igreja não mais existe.
No início o Padre Frolich não foi muito delicado e abertamente expressou seu desagrado que Padres e Irmãs eram enviados da Europa para assumir missões nas Américas. Em sua opinião eles e elas não eram necessários aqui.
Entretanto, quando as Irmãs informaram a cerca do apostolado inicial da Congregação, que era providenciar residências para jovens trabalhadoras, o Padre Frolich voltou atrás. Esta era uma frutuosa atividade apostólica, pois não havia nenhuma Congregação com este ramo de apostolado e seguramente seriam necessárias em uma grande cidade como Nova Iorque. Sabendo desta idéia, ele logo também sugeriu o estabelecimento de semi-internato para crianças de pais trabalhadores, outro apostolado muito necessário.
Entusiasmado, Padre Frolich prometeu marcar uma entrevista com o Cardeal Arcebispo de Nova Iorque- John Cardinal Farley, para pedir a permissão de fundar uma residência e também pedir esmolas na cidade.
Confiantes que Madre Francisca não as abandonaria, elas decidiram assumir este apostolado tão querido. Então, as duas Irmãs começaram a andar pelas ruas procurando uma casa que elas tivessem condições de alugar. No dia 24 de outubro de 1913, as duas se encontraram na residência Episcopal acompanhadas pelo Padre Frolich. A recepção naquele dia foi totalmente diferente daquelas de Hartford. O cardeal Farley acolheu as irmãs delicadamente e quase imediatamente presenteou-as com a permissão de se estabelecerem na Diocese de Nova Iorque e se estabelecerem na Casa de Maria para as jovens trabalhadoras (St. Mary`s Home for Working Girls).
O primeiro passo foi de muito sucesso. Agora, as duas deveriam procurar um edifício apropriado para iniciar o seu apostolado. Elas visitaram vários Padres, pedindo orientação e assistência. Sem encontrar nenhuma casa apropriada para o seu propósito. Os dias passaram rapidamente sem sucesso e as duas experimentaram pela primeira vez a grande saudade e desencorajamento. Cada uma tentava esconder da outra o seu sentimento, muitas vezes sem sucesso. Mas sua fé foi forte de mais. Se Deus as quisesse nos Estados Unidos Ele as mostraria o caminho.
No dia 28 de outubro de 1913, festa de são Judas Tadeu – Patrono da esperança, pareceu ser um dia ideal para procurar a casa. Outra vez, nada! Dois dias depois, o Padre Prout as contatou com muita alegria. Ele tinha encontrado a casa! Rapidamente os três foram investigar. Madre Valéria decidiu: “A casa não era apropriada, era muito pequena”. No último dia de outubro, elas examinaram uma casa na Rua 72. A localização era boa, o tamanho era satisfatório, mas o preço era $1.800, portanto, exorbitante. A essas alturas as duas não tinham mais nenhuma reserva. Lembrando-se da invencível confiança de Madre Francisca na Divina Providência, “que poderia e iria providenciar...” elas assaltaram os céus com orações, começando pela necessidade de fundos.
Nos primeiros dias de novembro, elas receberam uma carta do Padre Biskorovanyi, que havia pesquisado sobre a possibilidade de uma fundação em Bethlehem, na Pensilvânia. Mas esta possibilidade foi logo descartada. Elas viram que, se deviam permanecer na América, seria em New York. E então, a busca por uma casa continuou. Madre Valéria escreveu: “Meu Deus, que difíceis dias!”
Após tantas e tantas outras buscas, as duas Irmãs se conscientizaram que a casa deveria ser mesmo aquela, número 168 da Rua Oeste 72.
Lembrando-se dos membros beneficentes da nobreza Austro-Hungaro para com a Congregação desde a fundação em 1868, as duas irmãs decidiram visitar a Condessa Imre de Josika que estava residindo em Nova Iorque.naquela época, confiantes de que imediatamente ela se tornaria sua patrona e benfeitora. Em vez disso, elas foram recebidas friamente e o conde recusou-se inclusive de falar com elas. Agora elas só tinham esperança em Deus, seu único guia e esperança.
Os dias 3 e 4 de novembro elas passaram com o Padre Prout e o advogado do proprietário da rua número 72. O proprietário não parecia confiar nas Irmãs e continuou colocando mais e mais obstáculos durante as conversações. Desesperadas, as Irmãs examinaram a casa número 174 na Rua 72, mas esta era a menos apropriada para a missão. Elas retornaram ao proprietário anterior que com muita insistência concedeu um abatimento de $50,00 no aluguel da casa. Elas poderiam alugá-la pelo preço de $1.750,00. No dia 4 de novembro de 1913, o contrato foi assinado. Madre Valéria pagou uma soma de $218.74 – uma soma totalmente acima de suas possibilidades e elas teriam uma casa até o dia primeiro de janeiro. Com renovado espírito, as duas Irmãs olharam uma para a outra. Finalmente, elas teriam uma casa pelo menos por um período de tempo. Nas primeiras semanas elas poderiam ocupar apenas o primeiro andar, até que os ocupantes saíssem. Naquela tarde, as duas Irmãs, cansadas, mas muito contentes rezaram o TE DEUM no Convento das Dominicanas, onde as Irmãs se uniram às suas alegrias.
O Padre Prout veio uma vez mais em seu auxílio. Ele pediu a uma senhora de sua total confiança da sua Paróquia para assistir as Irmãs conseguindo mobília e outros equipamentos necessários para sua nova morada. Ele mesmo conseguiu um piano para o convento sem pagamento por um ano.
Com a certeza de uma moradia, Madre Valéria despachou uma carta para Budapeste, no dia 5 de novembro, convocando as voluntárias para se prepararem para a viagem aos Estados Unidos no navio que partiria no dia 2 de dezembro. A carta chegou no dia 19 de novembro e a preparação para a partida começou. As Irmãs Priscila e Edilia pronunciaram seus Votos e outra Postulante- a futura Irmã florentina foi acrescentada ao grupo.


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