domingo, 16 de junho de 2013

Francisco termina a encíclica que Bento XVI tinha começado

O Santo Padre fez o anúncio hoje, durante a audiência com membros da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos

CIDADE DO VATICANO, 14 de Junho de 2013 (Zenit.org) - Nesta manhã, no Salão do Consistório do Palácio Apostólico Vaticano, o Santo Padre Francisco recebeu em audiência os membros do XIII Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, reunidos em assembleia sobre o tema “A nova evangelização para a transmissão da fé”. Após a saudação do secretário geral do Sínodo dos Bispos, dom NikolaEterovic, o papa começou uma conversa com os bispos do conselho, depois de fazer o discurso previsto.
O papa anunciou que irá terminar a encíclica iniciada pelo seu predecessor, o papa emérito Bento XVI. Francisco explicou que pretende trabalhar na exortação pós-sinodal dentro da "panorâmica mais ampla" que é "a evangelização em geral", retomando o sínodo sobre a Nova Evangelização, de outubro de 2012.
O papa também expôs ao conselho ordinário o seu ponto de vista sobre as questões da próxima Assembleia Geral Ordinária da Secretaria do Sínodo dos Bispos. Em primeiro lugar, as questões da dignidade humana, da família, da tecnologia, da relação entre a Igreja e o mundo, inclusive por ocasião dos cinquenta anos da GaudiumetSpes, em 2015.
Menção especial foi feita por Francisco à ecologia, em particular à “ecologia humana”, e, no âmbito antropológico, à questão da “laicidade que se tornou laicismo”, ou secularização. Por fim, o Santo Padre falou da colegialidade e da sua relação com o ministério petrino, bem como das expectativas ligadas a ela.
Reproduzimos abaixo o texto do discurso do papa:
Queridos irmãos no episcopado,
Quero cumprimentá-los cordialmente, agradecendo de maneira especial a dom NikolaEterovic, secretário geral, pelas palavras que me dirigiu. Através de vocês, estendo a minha saudação às Igrejas particulares confiadas aos seus cuidados pastorais. Sou grato a vocês pela ajuda oferecida ao bispo de Roma, no seu cargo de presidente do Sínodo dos Bispos, para a elaboração e implementação do que surgiu na XIII Assembléia Geral Ordinária. É um serviço valioso à Igreja universal, que exige disponibilidade, compromisso e sacrifício, inclusive para enfrentar viagens longas. Meus sinceros agradecimentos a cada um de vocês!
Eu gostaria de enfatizar a importância do tema daquela assembleia: a nova evangelização para a transmissão da fé. Existe uma estreita ligação entre esses dois elementos: a transmissão da fé cristã é o objetivo da nova evangelização e de todo o trabalho de evangelização da Igreja, que existe precisamente para isto. O termo "nova evangelização" destaca a consciência cada vez mais clara de que, mesmo nos países de antiga tradição cristã, é necessário um renovado anúncio do Evangelho, para reconduzir a um encontro com Cristo que transforme de verdade a vida e não seja superficial, marcado pela rotina. E isso tem consequências para a ação pastoral.
Como observava o Servo de Deus Paulo VI, "as condições da sociedade nos obrigam a rever os métodos, a procurar por todos os meios estudar a forma de levar a mensagem cristã ao homem moderno, na qual ele pode encontrar a resposta para as suas perguntas e a força para o seu compromisso de solidariedade humana" (discurso ao Colégio dos Cardeais, 22 de junho de 1973). O mesmo pontífice, na Evangeliinuntiandi, um texto riquíssimo que não perdeu nada da sua atualidade, nos recordava que o compromisso de anunciar o evangelho "é, sem dúvida alguma, um serviço prestado não só à comunidade cristã, mas à humanidade inteira" (nº 1).
Gostaria de encorajar toda a comunidade eclesial a ser evangelizadora, a não ter medo de "sair de si mesma" para anunciar, confiando principalmente na presença misericordiosa de Deus, que nos guia. As técnicas são importantes, sem dúvida, mas nem mesmo as mais avançadas delas poderiam substituir a ação discreta e muito eficaz daquele que é o agente principal da evangelização: o Espírito Santo (cf. ibidem, 75). Precisamos ser conduzidos por Ele, mesmo que por estradas novas; precisam ser transformados por Ele, para que o nosso anúncio seja feito com a palavra sempre acompanhada pela simplicidade de vida, pelo espírito de oração, pela caridade para com todos, especialmente para com os pequenos e pobres, pela humildade e desprendimento de si mesmo, pela santidade de vida (cf. ibid., 76).
Um pensamento também sobre o Sínodo dos Bispos. Ele foi, com certeza, um dos frutos do concílio Vaticano II. Graças a Deus, nestes quase cinquenta anos, pudemos experimentar os benefícios desta instituição, que, de modo permanente, se coloca a serviço da comunhão e da missão da Igreja, como expressão da colegialidade. Isto eu posso testemunhar com base na minha experiência pessoal, por ter participado de várias assembleias sinodais. Abertos à graça do Espírito Santo, alma da Igreja, temos a confiança de que o Sínodo dos Bispos viverá novos desenvolvimentos para favorecer ainda mais o diálogo e a colaboração entre os bispos e entre eles e o bispo de Roma.
Queridos irmãos, o seu encontro nesta semana em Roma tem por finalidade ajudar-me na escolha do tema da próxima assembleia geral ordinária. Agradeço pelas propostas apresentadas pelas instituições com que a Secretaria Geral do Sínodo está em comunicação: os Sínodos das Igrejas Orientais Católicas sui iuris, as Conferências Episcopais, os Dicastérios da Cúria Romana, a Presidência da União dos Superiores Gerais. Tenho certeza de que, com o discernimento acompanhado pela oração, este trabalho trará frutos abundantes para toda a Igreja, que, fiel ao Senhor, deseja anunciar Jesus Cristo com renovada coragem aos homens e mulheres do nosso tempo. Ele é "o caminho, a verdade e a vida" (Jo 14, 6) para todos e cada um.
Confiando o seu serviço eclesial à intercessão maternal da bem-aventurada Virgem Maria, Estrela da Nova Evangelização, concedo de coração, a vocês, aos seus colaboradores e às suas Igrejas particulares, a bênção apostólica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário