segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Uganda: 15 anos de atividades
das Irmãs do Amor Divino

Há mais de 15 anos como missionária no Uganda, a Irmã Alaide Mior, gaúcha de Iraí, da Congregação das Filhas do Amor Divino, vive numa comunidade, em Ruskooka, na arquidiocese de Mbarara, distante da capital em torno de 500 km.

Sua atividade missionária sempre foi na Paróquia São Francisco, onde os freis franciscanos,como comunidade internacional de missionários, dedicam sua vida aos mais abandonados da humanidade e vivem uma pobreza extrema. Conta a Irmã Alaide: “cheguei em outubro de 1998 e até janeiro de 2013, trabalhei como Enfermeira. Era chamada a "dotora” da região, porque era a única pessoa habilitada para atender os doentes. Rushooka é um pequena aldeia, entre vales e montanhas, onde a maior riqueza são as crianças. Na época, não havia água, eletricidade, carro, moto, telefone, jornal, rádio e muitas outras coisas. Inicialmente moramos numa pequena casa, entre o povo na vila, comendo e vivendo como eles”.
Passados 13 anos, a situação melhorou. Como fala o nosso Arcebispo, Dom Paulo Bakyenga: "Agora em Rushooka, corre leite e mel. Enfrentando muitos desafios, mas animadas pelo único desejo de trazer ao povo sofrido, uma melhor qualidade de vida, humana e espiritual, hoje vemos o nosso objetivo alcançado.
Agora continuamos a apoiar e sustentar o povo na caminhada”. O vilarejo conta com água, trazida das montanhas, eletricidade, Unidade de Saúde cujo Laboratório é a referência para toda a região, especialmente para o tratamento da AIDS; casa de moagem; Centro da Mulher e trabalho com órfãos. As duas comunidades missionárias, a dos Franciscanos e a Congregação das Filhas do Amor Divino, são os "marcos referenciais convergentes" para todo o povo. 
São muitos os fatos acontecidos, mas menciona apenas alguns relativos à saúde. Faz questão  de retratar alguns fatos vividos no dia-a-dia, para vermos sua real existência: “As famílias diariamente trazem seus doentes graves, em padiolas, carregando-os entre quatro pessoas, subindo e descendo montanhas, caminhando, muitas horas. Chegam na Unidade de Saúde sem as mínimas condições: com fome, sem dinheiro, emagrecidos, mas com grande esperança
de que ali eles, encontrarão alívio e serão acolhidos.
Algumas vezes, os mais favorecidos, trazem uma cana de açúcar ou um ovo... e, se ajoelham na frente da gente para entregar a gratificação, rezam e agradecem de mãos postas. A maioria do povo faz uma refeição por dia, ali pelas 15 horas, a qual consiste num prato de banana, chamada matooke, que é cozida e esmagada, sem nada, feijão ou pocho, que é um mingau de farinha de milho, também sem nada misturado e sem sal. Em época de seca, eles se alimentam com folhas verdes, que chamam de Dodô que colhem onde as encontram. São cozidas somente na água. Carne, só quem tem melhores condições,.Fazem economia durante o ano para comprar um pouquinho de carne para o Natal e para a Páscoa. Uma das maiores alegrias deles é poder comer um pedacinho de carne. Nós, Irmãs, compramos dois quilos, no final de semana e a dividimos, entre 23 pessoas”.
Alegrias e dificuldades

Mas a vida não é um mar de rosas. Ir. Alaide aponta as principais dificuldades que enfrentam a cada dia. A principal delas é ver tanta gente morrendo por falta de recursos. Aí vem a corrupção governamental; a falta de maiores informações entre o povo; o alto índice de pessoas infectadas pela AIDS e a negação de ajuda por parte de pessoas com condições financeiras e de Instituições para sustentar os missionários que se dedicam inteiramente a missão.
A missionária aponta a força física e espiritual que nos sustenta o duro trabalho do dia. Ressalta o espírito de Ação de Graças do povo pela vida. Também quando se recebe alguma ajuda financeira para ajudar a sustentar a missão é uma alegria para todos. Mas sobretudo a proteção de Deus e sua presença sensível no meio do povo sofrido. Por isso, o bem que se consegue realizar a cada dia constitui uma realização para toda a comunidade.

Escolha de Deus

Penso que não foi escolha minha esta vocação para a Vida Religiosa. Senti que foi Deus que me escolheu e me enviou, ao ser lançado o convite para toda a Congregação, para ser missionária na Africa. No Brasil, onde trabalhava, nada me faltava e era feliz. Aqui, com todos os desafios da missão nunca me senti infeliz ou com vontade de retornar à minha pátria. Compreendo que em qualquer lugar posso ser missionária, fazendo aquilo que Jesus fazia. Por isso para mim ser missionária é seguir Jesus, o missionário do Pai, e fazer o que Ele fazia junto ao seu povo da época. Me apoio em Jesus Cristo para viver minha fé, assim como Jesus se apoiou no Pai até sua morte na cruz”. 
Esta comunidade do Amor divino está em constante contato com a Congregação, através dos meios de comunicação. Mas para Ir. Alaide “convicta de que fui escolhida e enviada, deixei tudo por amor a missão, mesmo com o coração sangrando. A experiência me faz sentir que as relações, os laços de amizade e afeto se tornaram muito mais fortes e profundos e de  qualidade, sem muita comunicação, mas com muita oração e unidade”. 

Mestra das Noviças

Hoje a atuação de Ir. Alaide é outra, sem deixar de ser missionária. “Desde Janeiro de 2011 fui
transferida para a Casa de Formação, que fica há 100 kilometros de Rushooka. Me ocupo com a formação para a Vida Religiosa das jovens africanas que desejam ser Filhas do Amor Divino. Minha missão atual é ser Superiora da comunidade e Mestra das Noviças. Atualmente temos sete candidatas. É mais uma rica experiência que me foi dada por pura gratuidade do Senhor” - termina Irmã Alaide.

Ir. Marlene Weber

Crianças da comunidade

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