domingo, 10 de janeiro de 2016

A responsabilidade dos pregadores


Ninguém prega em seu próprio nome, mas é enviado pela Igreja; então, o pregador precisa ser fiel à Igreja que representa.

Em suas homilias sobre os Evangelhos, São Gregório Magno (540-604), papa e doutor da Igreja, nos deixa uma profunda reflexão sobre a missão de todo pregador da Palavra de Deus. (Hom. 17,3.14: PL 76,1139-1140.1146).

Ele começa lembrando as palavras do Senhor: “A messe é grande, mas poucos os operários. Rogai, portanto, ao Senhor da messe que envie operários a seu campo. São poucos os operários para a grande messe” (Mt 9,37-38).
Sem meias palavras ele critica os maus sacerdotes do seu tempo: “Não podemos deixar de dizer isto com imensa tristeza, porque, embora haja quem escute as boas palavras, falta quem as diga. Eis que o mundo está cheio de sacerdotes. Todavia na messe de Deus é muito raro encontrar-se um operário. Recebemos, é certo, o ofício sacerdotal, mas não o pomos em prática… Que a língua não se entorpeça diante da exortação, para que, tendo recebido a condição de pregadores, nosso silêncio também não nos imobilize diante do justo juiz. Com frequência, por maldade sua, a língua dos pregadores se vê impedida. Por sua vez, por culpa dos súditos, muitas vezes acontece que seus chefes os privem da palavra da pregação. Por maldade sua, com efeito, a língua dos pregadores se vê impedida… Por sua vez, por culpa dos súditos, cala-se a voz dos pregadores”.

Neste tempo de relativismo moral, em que nem sempre os pregadores obedecem aos ensinamentos do Magistério da Igreja, muito bem definidos no Catecismo da Igreja, preferindo às vezes ensinar os “seus” conceitos, São Gregório diz:

“Porque se o silêncio do pastor às vezes o prejudica, sempre causa dano ao povo, isto é absolutamente certo. Há ainda outra coisa, irmãos caríssimos, que muito me aflige na vida dos pastores… Um cargo nos foi dado pela consagração e, na prática, damos prova de outro. Abandonamos o ministério da pregação e, reconheço-o para pesar nosso… Aqueles que nos foram confiados abandonam a Deus e nos calamos. Jazem em suas más ações e não lhes estendemos a mão da advertência. Quando, porém, conseguiremos corrigir a vida de outrem, se descuramos a nossa? Preocupados com questões terrenas, tornamo-nos tanto mais insensíveis interiormente quanto mais parecemos aplicados às coisas exteriores.”


Prof. Felipe Aquino

Nenhum comentário:

Postar um comentário