A
VOCAÇÃO DOS LEIGOS
Cristo chama o leigo a ser “sal da terra e luz do mundo”. O leigo chega
aonde o sacerdote não pode chegar.
Os leigos são todos os cristãos, exceto
os membros das Sagradas Ordens ou do estado religioso reconhecido na Igreja,
isto é, os que foram incorporados a Cristo pelo Batismo, que formam o Povo de
Deus, e que participam da função sacerdotal, profética e régia de Cristo.
Os cristãos leigos estão na linha mais
avançada da vida da Igreja; e devem ter uma consciência clara, não somente de
pertencerem à Igreja, mas de “serem” Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis na
terra sob a direção do chefe comum, o Papa, e dos Bispos em comunhão com eles.
Eles são a Igreja.
O leigo tem como vocação própria, procurar o Reino de Deus
exercendo funções no mundo, no trabalho, mas ordenando-as segundo o Plano e a
vontade de Deus. Cristo os chama a ser “sal da terra e luz do mundo”. O leigo
chega aonde o sacerdote não chega. Ele deve levar a luz de Cristo aos ambientes
de trevas, de pecado, de injustiça, de violência, etc. Assim, no mundo do
trabalho, levando tudo a Deus, o leigo contribui para o louvor do Criador. Ele
constrói o mundo pelo trabalho, e assim coloca na obra de Deus a sua
assinatura. Torna-se co-criador com Deus.
O Concílio Vaticano II resgatou a
atividade do leigo na Igreja: “Os leigos que forem capazes e que se formarem
para isto podem também dar sua colaboração na formação catequética, no ensino
das ciências sagradas e atuar nos meios de comunicação social. ” (CIC §906)
Sendo assim, todos os leigos são
encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação,
“eles têm a obrigação e gozam do direito, individualmente ou agrupados em
associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida
e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais
presente se levarmos em conta que é somente por meio deles que os homens podem
ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles
é tão necessária que sem ela o apostolado dos pastores não pode, o mais das
vezes, obter seu pleno efeito”. (CIC §900)
“Os leigos podem também sentir-se
chamados ou vir a ser chamados para colaborar com os próprios pastores no
serviço da comunidade eclesial, para o crescimento e a vida da mesma, exercendo
ministérios bem diversificados, segundo a graça e os carismas que o Senhor
quiser depositar neles. ” (CIC §910)
Os leigos podem cooperar juridicamente
no exercício do poder de governo da Igreja, participando nos concílios
particulares, nos sínodos diocesanos nos conselhos pastorais; do exercício do
encargo pastoral de uma paróquia; da colaboração nos conselhos de assuntos
econômicos; da participação nos tribunais eclesiásticos etc. (cf. CIC §911)
O Código de Direito
Canônico dá ao leigo o direito e o dever de dar a sua opinião aos pastores: “De
acordo com a ciência, a competência e o prestígio de que gozam, têm o direito
e, às vezes, até o dever de manifestar aos pastores sagrados a própria opinião
sobre o que afeta o bem da Igreja e, ressalvando a integridade da fé e dos
costumes e a reverência para com os pastores, e levando em conta a utilidade
comum e a dignidade das pessoas, deem a conhecer essa sua opinião também aos
outros fiéis. (CIC §907; Cânon 212,3). Assim, os leigos devem se manifestar aos
outros e aos pastores, quando observa que algo errado se passa na Igreja:
ensinamentos errados discordantes com o Magistério da Igreja, conduta incorreta
de pessoas do clero, etc.
Os leigos devem impregnar as realidades
sociais, políticas, econômicas, com as exigências da doutrina e da vida
cristãs. Os papas têm chamado os leigos a atuar especialmente na política, que
é boa, a arte do bem comum. O que não presta é a politicagem e o politiqueiro.
O Papa Francisco disse que a política
anda suja porque os cristãos se afastaram dela. E pede para que dela
participem. Vimos o povo nas ruas do Brasil, reclamando de tanta sujeira na
vida pública, tanta corrupção, imoralidade e malversação do dinheiro público.
Isso ocorre porque os cristãos leigos pecam por omissão política. Quantos
cristãos dão seu voto a pessoas que não são idôneas, que não comungam com os
valores cristãos! Muitos leigos ainda “vendem” o seu voto e a sua consciência,
por um favor recebido.
João Paulo II, na “Christifidelis laici”, disse que “os fiéis leigos não
podem absolutamente abdicar da participação na «política», ou seja, da múltipla
e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural,
destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum… a opinião muito
difusa de que a política é um lugar de necessário perigo moral, não justificam
minimamente nem o cepticismo nem o absenteísmo dos cristãos pela coisa pública”
(n.42).
O Papa Bento XVI pediu: “Reitero a
necessidade e urgência de formação evangélica e acompanhamento pastoral de uma
nova geração de católicos envolvidos na política, que sejam coerentes com a fé
professada, que tenham firmeza moral, capacidade de julgar, competência profissional
e paixão pelo serviço ao bem comum. ” (Discurso ao CPL, Vaticano, 15 de
novembro de 2008).
Mas, para que o leigo realize esta missão tão importante na Igreja, ele
tem de ser bem formado em sua fé, conhecendo bem a doutrina ensinada pelo
Magistério da Igreja, especialmente o Catecismo, e viva uma vida espiritual
sadia, com participação nos sacramentos, meditação da Palavra de Deus,
vida de oração, meditação, participação na pastoral, penitência e caridade.
Enfim, uma vida de santidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário