quinta-feira, 13 de outubro de 2016


NOSSA SENHORA APARECIDA E O CASAMENTO 



Na celebração da Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida é significativo
que o Evangelho fale do casamento em Caná, na Galileia. A princípio podemos achar estranho e podemos nos perguntar: o que este Evangelho tem a ver com Nossa Senhora Aparecida? No entanto, este Evangelho não somente tem tudo a ver com a Senhora Aparecida, mas também com a missão da Virgem Maria do desígnio divino da salvação da humanidade.

A presença materna de Nossa Senhora nas bodas de Caná, nos ajuda a compreender a importância da devoção mariana em nossas vidas. A Santíssima Virgem estava presente na festa de casamento como que para simbolizar a sua presença materna na vida da Igreja e de toda a humanidade, especialmente na constituição das famílias. Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil, é nossa Mãe e está atenta a todas as nossas necessidades. 

O encontro da pequena imagem de Nossa Senhora Imaculada Conceição nas águas do rio Paraíba do Sul e a pesca milagrosa que se seguiu nos ajudam a compreender a solicitude de Maria por cada um de seus filhos. Isto é o que vemos também nas bodas de Caná. Pois, quando a Virgem percebeu que o vinho havia acabado, intercedeu junto ao seu Filho: “Eles já não têm vinho” (Jo 2, 3). Jesus respondeu de forma até mesmo um pouco rude, como que para provar a fé de sua Mãe: “Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou” (Jo 2, 4). Apesar disso, a Virgem Maria não deixou de confiar e disse aos serventes: “Fazei o que ele vos disser” (Jo 2, 5).

Jesus então ordena aos serventes: “Enchei as talhas de água” (Jo 2, 7). Eles obedeceram à risca o pedido do Senhor, encheram todas as seis talhas até a boca. Este ato de encher as talhas simboliza, em primeiro lugar, uma atitude de fé, mas também um chamado a responder a Deus através da oração.

Os serventes foram obedientes, primeiramente a Maria, depois a Jesus, e o milagre da transformação da água em vinho aconteceu (cf. Jo 2, 8-10). Este primeiro milagre de Jesus é muito significativo sob a ótica da cultura judaica. Pois, o vinho faz parte da alimentação básica daquele povo e simboliza a alegria, que não poderia faltar em uma festa de casamento. No entanto, mais do que simplesmente suprir a falta do vinho, Jesus queria edificar a fé de seus discípulos: “Manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele” (Jo 2, 11). Da mesma forma, muitas vezes, Jesus e Maria realizam milagres em nossas vidas para edificar a nossa fé.

A Virgem Maria e as necessidades espirituais - O primeiro milagre de Jesus nas bodas de Caná torna-se ainda mais significativo se adentrarmos no seu sentido espiritual. Para tanto, recorremos a Santo Tomás de Aquino para compreender o significado espiritual do Matrimônio: “Quanto ao sentido místico, as núpcias significam a união entre Cristo e a Igreja, o – grande sacramento” (Ef 5, 32) de que fala o Apóstolo.

Esse matrimônio começou no útero da Virgem Maria, quando Deus Pai uniu a natureza humana ao seu Filho, na união hipostática. O tálamo dessa união foi, portanto, o útero da Santíssima Virgem: No sol colocou o seu tabernáculo” (Sl 18, 6). A essas núpcias faz referência a Parábola do Grande Banquete (cf. Mt 22, 2ss): o rei que casa o seu filho é Deus Pai que copula a natureza humana ao seu Verbo, no útero da Virgem. Essa união se fez pública quando a Igreja se uniu a Ele pela fé, como diz Os 2, 20: Desposar-te-ei na fé”, e se consumirá quando a esposa, isto é, a Igreja, for introduzida no tálamo do esposo, que é a glória celeste. Disso diz São João: Felizes os chamados à ceia de núpcias do cordeiro” (Ap 19, 9).

Muito mais do que prover as necessidades materiais de um casamento, que em si tem grande dignidade, Nossa Senhora quer nos ajudar a participar de outra festa, que é a nossa união definitiva com Deus, no Reino dos Céus. Nesse sentido, a Virgem quer nos revestir da veste nupcial (cf. Mt 22, 11), ou seja, quer nos purificar, lavar as nossas vestes e as alvejar no sangue do Cordeiro (cf. Ap 7, 14).

Por causa de sua missão materna no desígnio de salvação da humanidade, o “grande Dragão vermelho” (Ap 12, 3) se irritou contra a Mulher, que simboliza a Virgem Maria, e veio fazer guerra ao resto de sua descendência, aos que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus (cf. Ap 12, 17). Isto significa que Satanás, além da carne e do mundo, é inimigo daqueles que obedecem ao Senhor. Mas, o Inimigo é também um dos meios que Deus usa para a nossa purificação espiritual.


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