O título de Nossa Senhora Rainha está intimamente
ligado com a realeza de seu Filho Jesus Cristo. O Papa Pio XI, na Carta Encíclica Quas Primas,
recordou-nos um precioso ensinamento da Igreja a respeito da pessoa de Cristo:
Ele é Rei do Universo. Justamente nesta realeza universal do Filho de Deus se
fundamenta a tradição da Igreja de atribuir a Santíssima Virgem Maria o título
de Rainha, cuja festa foi instituída pelo seu sucessor, o venerável Papa Pio
XII. Ademais, esta tradição a respeito da realeza de Nossa Senhora tem suas
raízes mais profundas nas Sagradas Escrituras.
Se Jesus, Deus feito homem, é o Rei, o Messias, profetizado e exaltado
desde o Antigo Testamento, Maria é a Rainha Mãe, a figura maternal, que aparece
junto dos reis nas Escrituras. O Povo de Israel conhecia as passagens a
respeito da figura da Rainha Mãe. Por isso, os apóstolos e discípulos de origem
judaica facilmente compreenderam a importância da figura da Mãe de Deus no
desígnio divino da salvação e transmitiram esse conhecimento aos demais
cristãos.
A origem bíblica da figura da Rainha Mãe
A figura da Rainha Mãe surge pela primeira vez na história do Povo de
Deus na descendência da casa da Davi, nos reinados que o sucederam. Salomão,
filho de Davi, ao ser entronizado como rei, determinou que sua mãe, Betsabé,
sentasse à sua direita: “Betsabé foi, pois, ter com o rei para falar-lhe em
favor de Adonias. O rei levantou-se para ir-lhe ao encontro, fez-lhe uma
profunda reverência e sentou-se no trono. Mandou colocar um trono para a sua
mãe, e ela sentou-se à sua direita” (1 Rs 2, 19). Depois da morte de
Salomão, houve uma divisão do Povo de Deus. O Reino do Norte se separou do
Reino do Sul e, por isso, perdeu a descendência de Davi.
No Reino do Sul, também chamado de Reino de Judá, o rei sempre reinava
juntamente com sua mãe. “Os 20 reis descendentes de Davi – que vieram após
Salomão – sempre são lembrados junto com suas mães. Isso comprova a afirmação
feita anteriormente: Sim, a Rainha Mãe é uma instituição típica da Casa de
Davi”. Esta tradição estava tão enraizada na cultura do Reino de Judá, que a
mãe do rei recebia um título próprio, em hebraico: gebirah, que
significa Rainha Mãe. Este nome aparece nada menos que 13 vezes no Antigo
Testamento, quando o texto diz respeito à Rainha Mãe. Esta tradição não era
exclusividade do Povo de Israel. No Egito e em outros povos da região também
havia esse costume. Dessa forma, compreendemos a importância da figura da
Rainha Mãe para a história da humanidade e também para a interpretação correta
das profecias sobre o Messias, o verdadeiro herdeiro do trono de Davi (cf. Lc
1, 32).
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