terça-feira, 3 de julho de 2012

Correspondência de Ir. Maria Clara, osc e Ir. Judith Farias, fdc


 



Muito querida Irmã Judith,

Imperdoável o meu silêncio! Peço-lhe desculpa.


Depois de um mês de ausência as coisas amontoam-se, a ressaca pesa e tudo vai lentamente. Vivi um mês muito intenso. Procurei observar quanto pude os sinais de Deus e isso desgasta pela responsabilidade de querermos acertar, num tempo como o que vivemos. Agora já me sinto dentro da normalidade. Aquele mês, com tantas emoções, o pobre computador cerebral ressentiu-se um pouco.

Já me recompus.

Querida Irmã, obrigada pela sua companhia e oração. Senti muito a presença de Deus que nos acolheu requintadamente dentro dos parâmetros da Missão. Um povo que vive a sua religiosidade e anseia pela nossa presença orante. O Senhor Bispo desdobrou-se em atenções e disponibilidade. Os Sacerdotes não sabiam o que fazer por nós. Enfim, um mundo feito coração e acolhimento, mas um mundo totalmente diferente do que estamos habituadas.

As crianças, como bandos de passarinhos, a correrem para nós tão frágeis e entregues a si próprias, de sorriso rasgado e canto sempre vibrante. Como são diferentes das nossas crianças portuguesas. Enfim, um mundo novo que os nossos olhos contemplaram e nos arrebatou o coração, mas um mundo extremamente carente. Uma Diocese que começa a organizar-se. Tem dois anos de vida, muito rica em fé e dignidade. Um mundo que nos cativou pelo facto de nos sentirmos chamadas, tal como a Igreja, a virarmo-nos para os mais pobres.

Ainda não sei o que vai acontecer. Deus, estou certa, continuará a sua obra no discernimento que temos de fazer. Ele agirá e decidirá por nós. Eu já não tenho dúvida alguma de que é para avançar, tão evidentes os sinais que captei da vontade de Deus. No entanto é bom fazer um discernimento calmo, sereno e responsável. É um tremendo desafio e por isso deve ser a Comunidade a assumir conscientemente essa tão grande responsabilidade.

Acho que o que mais importa é rezar e entregar as nossas vidas para que sejam um contínuo hino de louvor, desagravo e acção de graças por Deus estar presente e não desistir do homem que redimiu e continua a redimir.

Junto três fotos em anexo.

Beijinhos e a minha imensa gratidão

Irmã Maria Clara, osc



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