sábado, 21 de julho de 2012


REFLEXÃO PATRÍSTICA DIA 21/07/2012

Do Tratado sobre os Mistérios, de Santo Ambrósio, bispo

(Nn.52-54.58:SCh25 bis,186-188.190)
(Séc. IV)

Este sacramento, que recebestes,
tem por fonte a palavra de Cristo

Vemos que são maiores as obras da graça do que as da natureza. Entre as obras da
graça, incluímos a graça da bênção profética. Se a bênção humana teve a força de mudar
a natureza, que diremos da própria consagração divina, em que agem as palavras
mesmas do Senhor e Salvador? Porque este sacramento que recebes se realiza pela
palavra de Cristo. Se tanto pôde a palavra de Elias que fez o fogo descer do céu, não
terá a palavra de Cristo o poder de mudar a substância dos elementos? Já leste acerca da
criação do mundo inteiro que ele falou e tudo foi feito, ele ordenou e tudo foi criado.
Portanto a palavra de Cristo, que pôde do nada fazer o que não era, não poderá mudar o
que existe para aquilo que não era? Dar novas naturezas às coisas não é menos do que
mudá-las.

Mas por que apresentamos argumentos? Voltemo-nos para seus exemplos, confirmemos
pelos mistérios da encarnação a verdade do mistério. Acaso, quando Jesus nasceu de
Maria, foi observada a natureza comum? Normalmente, a mulher concebe pela união
com o homem. Está, portanto, bem claro que a Virgem gerou fora da ordem natural. E
este que consagramos é o corpo que proveio da Virgem. Por que exiges aqui que seja
segundo a natureza, quando foi além da natureza que da Virgem se deu o nascimento do
mesmo Senhor Jesus? É realmente a verdadeira carne de Cristo que foi crucificada,
sepultada; é verdadeiramente o sacramento desta carne. O próprio Senhor Jesus declara:
Isto é o meu corpo. Antes da bênção das palavras celestes era outra realidade; depois da
consagração, entende-se o corpo. Ele mesmo diz que é seu sangue. Antes da
consagração é outra coisa; depois da consagração, chama-se sangue. E tu dizes:
“Amém”; o que quer dizer: “É verdade”. Confesse o nosso interior o que proclamam os
lábios, sinta o afeto o que a palavra soa.

Vendo tão grande graça, a Igreja exorta seus filhos, exorta os amigos a que acorram ao
sacramento: Comei, amigos meus, bebei e inebriai-vos, meus irmãos. O que comemos, o
que bebemos, o Espírito Santo pelo Profeta o exprimiu: Provai e vede, como é suave o
Senhor; feliz de quem nele confia. Neste sacramento está Cristo porque é o corpo de
Cristo. Não é, por conseguinte, alimento corporal, mas espiritual. O Apóstolo, falando
da sua figura, dizia: Nossos pais comeram o pão espiritual e beberam da bebida
espiritual. O corpo de Deus é corpo espiritual; o corpo de Cristo é corpo do espírito
divino, porque Cristo é espírito, como lemos: O Espírito diante de nossa face, o Cristo
Senhor. E na carta de São Pedro encontramos: E Cristo morreu por vós. Por fim este
pão fortalece o nosso coração e esta bebida alegra o coração do homem; assim nos
lembra o Profeta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário