segunda-feira, 2 de julho de 2012


REFLEXÃO PATRÍSTICA 02/07/12

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo
(Serm. 47,1.2.3.6,De ovibus: CCL41,572-573.575-576)
(Séc.V)

É ele o Senhor, nosso Deus;
nós, povo de suas pastagens

As palavras que cantamos contêm nossa declaração: somos ovelhas de Deus, porque ele
é o Senhor nosso Deus, que nos fez. Ele é o nosso Deus, nós somos o povo de suas
pastagens e as ovelhas de suas mãos. Não foram os pastores que fizeram suas ovelhas,
não foram eles que criaram os animais que levam a pastar. Mas o Senhor, nosso Deus,
por ser Deus e criador, foi ele mesmo que fez para si as ovelhas que possui e que
apascenta. Não foi um a criar aquelas que ele apascenta, nem outro a apascentar as que
criou!

Declaramos, pois, neste cântico, que somos as suas ovelhas, o povo de suas pastagens,
as ovelhas de suas mãos. Ouçamos agora o que nos diz, a nós, a suas ovelhas. Primeiro,
ele falava aos pastores; agora, porém, fala às ovelhas. Postos entre os pastores, nós
ouvíamos as suas palavras com tremor, e vós, com segurança. Que acontece nestas
palavras de hoje? Será que por alternância, nós com segurança, vós, com tremor?
Absolutamente não. Primeiro porque, se somos pastores, o pastor ouve com tremor não
apenas o que é dito aos pastores, mas também o que se diz às ovelhas. Se ouve tranquilo
o que se diz às ovelhas, pouco se importa com elas. Em seguida, e já o dissemos à vossa
caridade, há duas coisas a considerar em nós: uma, que somos cristãos; outra que somos
prelados. Por sermos prelados, somos contados entre os pastores, se formos bons. Por
sermos cristãos, convosco também somos ovelhas. Portanto, quer fale o Senhor aos
pastores, quer fale às ovelhas, temos de ouvir tudo com tremor, sem que diminua a
solicitude de nosso coração.

Ouçamos então, irmãos, a razão pela qual o Senhor castiga as ovelhas más e o que
promete às suas. E vós, assim diz, sois minhas ovelhas. Antes do mais, que felicidade
ser do rebanho de Deus, tão grande que se alguém nela pensar, irmãos, até mesmo nas
lágrimas e nas tribulações de agora, lhe vem imensa alegria. De quem foi dito: Que
apascentas Israel, é aquele mesmo de quem se diz: Não cochilará nem há de dormir
quem guarda Israel. Por conseguinte, ele vigia sobre nós acordados, vigia sobre nós
adormecidos. Se, pois, o rebanho de um homem se sente seguro pelo pastor homem, que
segurança não deve ser a nossa por ser Deus mesmo que nos apascenta, e não apenas
porque nos alimenta, mas também porque nos fez?

Vós, ovelhas minhas, assim diz o Senhor Deus: eis que distingo entre ovelha e ovelha,
entre bodes e cabritos. Que fazem aqui no rebanho de Deus os cabritos? Nas mesmas
pastagens, nas mesmas fontes e, no entanto, cabritos destinados à esquerda se misturam
aos da direita. São tolerados antes de ser separados. Provam a paciência das ovelhas à
semelhança da paciência de Deus. Ele fará, sim, a separação, uns à esquerda, outros à
direita.

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