terça-feira, 17 de julho de 2012


REFLEXÃO PATRÍSTICA DIA 17/07/2012 

Das Homilias de São João Crisóstomo, bispo

(Hom. De gloria in tribulationibus, 2.4:
PG 51, 158-159.162-164)

(Séc.IV)

Os sofrimentos e a glória dos mártires

Consideremos a sabedoria de Paulo. Que diz ele? Eu entendo que os sofrimentos do
tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em
nós (Rm 8,18). Por que, exclama, me falais das feridas, dos tormentos, dos altares, dos
algozes, dos suplícios, da fome, do exílio, das privações, dos grilhões e das algemas?
Ainda que invoqueis todas as coisas que atormentam os homens, nada podeis mencionar
que esteja à altura daqueles prêmios, daquelas coroas, daquelas recompensas. Pois as
provações cessam com a vida presente, ao passo que a recompensa é imortal,
permanecendo para sempre.

Também isto insinuava o Apóstolo em outro lugar, quando dizia: O que no presente é
insignificante e momentânea tribulação (cf. 2Cor 4,17). Ele diminuía a quantidade pela
qualidade, e alivia a dureza pelo breve espaço de tempo. Como as tribulações que então
sofriam eram penosas e duras por natureza, Paulo se serve de sua brevidade para
diminuir-lhe a dureza, dizendo: O que no presente é insignificante e momentânea
tribulação, acarreta para nós uma glória eterna e incomensurável. E isso acontece,
porque voltamos os nossos olhares para as coisas invisíveis e não para as coisas
visíveis. Pois o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno (cf. 2Cor 4,17-
18).

Vede como é grande a glória que acompanha a tribulação! Vós mesmos sois
testemunhas do que dizemos. Antes mesmo que os mártires tenham recebido as
recompensas, os prêmios, as coroas, enquanto ainda se vão transformando em pó e
cinza, já acorremos com entusiasmo para honrá-los, convocando uma assembléia
espiritual, proclamando o seu triunfo, exaltando o sangue que derramaram, os
tormentos, os golpes, as aflições e as angústias que sofreram. Assim, as próprias
tribulações são para eles uma fonte de glória, mesmo antes da recompensa final.

Tendo refletido sobre estas coisas, irmãos caríssimos, suportemos generosamente todas
as adversidades que sobrevierem. Se Deus as permite, é porque são úteis para nós. Não
percamos a esperança nem a coragem, prostrados pelo peso dos sofrimentos, mas
resistamos com fortaleza e demos graças a Deus pelos benefícios que nos concedeu.
Deste modo, depois de gozarmos dos seus dons na vida presente, alcançaremos os bens
da vida futura, pela graça, misericórdia e bondade de nosso Senhor Jesus Cristo. A ele
pertencem a glória e o poder, com o Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos.
Amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário