quarta-feira, 18 de julho de 2012


REFLEXÃO PATRÍSTICA DIA 18/07/2012

Do Tratado sobre os Mistérios, de Santo Ambrósio, bispo
(Nn.19-21.24.26-28:SCh 25bis,164-170)
(Séc. IV)

A água não purifica sem o Espírito Santo


Anteriormente fora-te recomendado não creres apenas no que vias, para que não viesses
a dizer: É só isto o grande mistério que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram
nem suspeitou o coração do homem? Vejo águas, eu as via diariamente. Águas assim,
onde tantas vezes entrei e nunca fui purificado, é que irão purificar-me? Por aí ficas
sabendo que a água sozinha, sem o Espírito Santo, não purifica.

Leste igualmente que os três testemunhos no batismo são um só: a água, o sangue e o
Espírito, porque se retiras um deles, já não há o sacramento do batismo. Pois, o que é a
água sem a cruz de Cristo? Um elemento comum sem qualquer força de sacramento!
Também sem água não há mistério de novo nascimento: Se alguém não renascer da
água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O catecúmeno já antes tinha fé
na cruz do Senhor Jesus e por ela fora assinalado. Mas se não for batizado em no medo
Pai e do Filho e do Espírito Santo, não poderá receber a remissão dos pecados nem
acolher o dom da graça espiritual.

Naaman, o sírio, no Antigo Testamento, mergulhou sete vezes; tu, porém, foste batizado
uma vez em nome da Trindade. Confessaste o Pai – lembra-te do que fizeste –
confessaste o Filho, confessaste o Espírito. Observa a ordem. Nesta fé morreste para o
mundo, ressuscitaste para Deus. Como que sepultado no elemento primordial do
mundo, morto ao pecado, ressuscitaste para a vida eterna. Crê, portanto, não se tratar de
simples águas.

Com efeito, mesmo o paralítico da piscina Probática esperava um homem. Que homem,
a não ser o Senhor Jesus, o nascido da Virgem, cuja mera sombra da vinda curava um
ou outro, mas cuja realidade agora já cura a todos? É Jesus a quem o paralítico esperava
para descer, aquele mesmo de quem disse o Pai a João Batista: Sobre quem vires o
Espírito descer do céu e repousar sobre ele, é este o que batiza no Espírito Santo. João,
também, deu-lhe testemunho, dizendo: Eu vi o Espírito descendo do céu em forma de
pomba e repousando sobre ele. Aqui, igualmente, nós nos perguntamos por que o
Espírito desceu qual uma pomba? Para que visses e compreendesses como também
aquela pomba, solta da arca pelo justo Noé, era figura desta que desceu sobre o Cristo, e
assim reconheceres o tipo do sacramento.

Há ainda algo que te faça duvidar? E, no entanto, o Pai te clama, com toda a evidência,
no Evangelho: Este é o meu Filho em quem pus minha complacência. Clama igualmente
o Filho, sobre quem o Espírito Santo se mostrou em forma de pomba. Clama do mesmo
modo o Espírito Santo que, qual pomba, desceu. Clama, por sua vez, Davi: Voz do
Senhor sobre as águas; o Deus de majestade trovejou; o Senhor sobre as muitas águas.
A Escritura te atesta que, diante das preces de Jerobaal, desceu o fogo do céu e, outra
vez, pelas súplicas de Elias, veio um fogo consagrar o sacrifício.

Não atentes para o mérito das pessoas, mas para o serviço dos sacerdotes. Ora, como
respeitas a Elias, considera também os méritos de Pedro ou de Paulo que nos
entregaram este mistério recebido do Senhor Jesus. Para os do Antigo Testamento era
enviado o fogo visível a fim de que cressem. Em nós, que cremos, o fogo opera
invisível. Para aqueles desceu o Espírito em figura, e, para nós, ele se torna realidade.
Crê, portanto que, invocado pelas preces dos sacerdotes, aí está presente o Senhor Jesus
que disse: Onde quer que estejam dois ou três, aí estou eu. Quanto mais onde está a
Igreja, na qual existem os mistérios, ele se dignará a conceder a graça de sua presença.

Desceste, pois, às águas do Batismo. Recorda-te do que respondeste: que crês no Pai,
crês no Filho, crês no Espírito Santo. Não disseste: creio no maior, no menor e no
último, mas com a mesma palavra te comprometeste a crer no Filho exatamente como
crês no Pai e a crer no Espírito exatamente como crês no Filho, com esta única exceção:
que confesses a fé na Cruz, que é só do Senhor Jesus.

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