terça-feira, 28 de março de 2017

A luta ente dois amores: amor e egoísmo



A batalha espiritual entre a Mulher revestida de sol e o Dragão vermelho pode ser compreendida como a luta entre dois amores: amor e egoísmo.
Santo Agostinho diz que a história da humanidade consiste na luta entre dois amores: amor e egoísmo. Esta batalha espiritual entre amor e egoísmo está presente simbolicamente no livro do Apocalipse, na Mulher revestida de sol e no grande Dragão vermelho.

Estas duas formas de interpretar a história da humanidade primeiramente nos ajudam a identificar de qual lado dessa batalha espiritual nós estamos lutando. A partir disso, somos chamados a fazer uma escolha entre o amor e o egoísmo, entre a Mulher e o Dragão. Pois, não há como conciliar essas realidades, pois são antagônicas, incompatíveis entre si.


A batalha espiritual entre a Mulher e o Dragão

Na sua célebre obra “A Cidade de Deus”, Santo Agostinho afirma que toda a história humana, a história do mundo, consiste na luta entre dois amores:
Dois amores fazem duas cidades: uma é terrestre, obra do amor de si até ao desprezo de Deus; a outra, celeste, obra do amor de Deus até ao desprezo de si. Fecerunt itaque civitates duas amores duo: terrenam scilicet, amor sui usque ad contemptum Dei; cœlestem vero, amor Dei usque ad contemptum sui[1].
Esta interpretação da história como luta entre dois amores: o amor e o egoísmo, aparece também no livro do Apocalipse de São João:

Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar à luz. Depois apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão vermelho, com sete cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas. Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu, e as atirou à terra. Esse Dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de que, quando ela desse à luz, lhe devorasse o filho (Ap 12, 1-4).
Nesta passagem das Sagradas Escrituras, estes dois amores aparecem representados por duas grandes figuras. Em primeiro lugar, há o grande Dragão vermelho, fortíssimo, com uma manifestação impressionante e inquietadora do poder sem a graça, sem o amor, do egoísmo absoluto, do terror e da violência. No contexto histórico em que São João escreveu o livro do Apocalipse, este Dragão fazia-se presente no poder dos imperadores romanos anticristãos, de Nero a Domiciano (de 54 a 96 a.C.). O poder do Império Romano parecia ilimitado. O poder militar, político, propagandístico do Império era tão grande, que diante dele a fé, a Igreja, poderia ser comparada com uma mulher indefesa, sem possibilidade de sobreviver, e muito menos de vencer. Quem poderia opor-se a este poder que parecia quase onipotente, capaz de realizar tudo? Entretanto, sabemos que, no final, a Mulher, aparentemente frágil e indefesa, venceu. O egoísmo não venceu, nem o ódio. Mas, o amor de Deus venceu, e o Império Romano abriu-se à fé cristã.


Nenhum comentário:

Postar um comentário