SIMPÓSIO
DE MISSIOLOGIA DESTACA HERANÇA DE DOM HELDER CÂMARA
Em sua
trajetória, dom Helder Camara viveu três etapas: “na primeira colocou-se aberto
ao mundo dos pobres; na segunda fez-se pobre com os pobres; por fim, levou a
Igreja a ser ‘em saída’ e como pobre
Por Jaime C. Patias
A herança espiritual de dom Helder Câmara e a
memória dos mártires para uma Igreja “em saída” foi tema de conferência
proferida pelo monge beneditino, teólogo e escritor, Marcelo Barros, no 6º
Simpósio de Missiologia. O evento realizado em Brasília (DF), dias 20 a 24 de
fevereiro, reuniu cerca de 70 pessoas entre teólogos, missiólogos,
pesquisadores, representantes de instituições e agentes de pastoral de todo o
Brasil. Contou também com a participação de um representante da missiologia do
México.
O tempo de Dom Helder como Arcebispo de Olinda e Recife (1964-1985)
coincidiu com o
período da repressão militar. O bispo logo deixou bem claro a
sua opção pelos pobres e o desejo de dialogar com todos. Essa posição irritou
os responsáveis pela ditadura militar. Para calar a sua voz, os opressores e
seus aliados difamaram Dom Helder na imprensa, o ameaçaram de morte, prenderam
lideranças ligadas a ele, assassinaram cruelmente o padre Henrique Pereira Neto
(1969), boicotaram suas quatro indicações ao Prêmio Nobel da Paz, entre outras
coisas.
Padre Marcelo Barros foi ordenado por Dom Helder Câmara (1969) e,
durante quase 10 anos, trabalhou como seu secretário e assessor para assuntos
ecumênicos. Ao ligar a profecia de Dom Helder, com o martírio e a proposta de
Igreja “em saída”, Barros recordou que a palavra mártir (do grego: marturia)
“significa testemunho do Reino que é o projeto de Deus no mundo. Os mártires
são testemunhas de uma missão que é compaixão. Seguem Jesus, dedicam a vida à
sua causa e por essa causa são mortos”.
O monge explicou também, que normalmente, mártires são “os que morrem
pela fé. Mas isso não é simples por que tem casos de pessoas mortas pelos que
acham que estão justamente defendendo a fé”. E alertou para não fazer “um
discurso triunfalista do martírio por que se o cristianismo é a religião que
mais têm mártires, ela é também a religião que mais fez mártires”. (Posted by NLira)
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