A biografia dos dois pequenos santos
(ZENIT
-Roma, 13 Maio 2017).- O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, apresentou
hoje na Cova da Iria, a biografia oficial para a cerimónia de
canonização dos Santos Francisco e Jacinta Marto, os mais novos dos pastorzinhos.
Os
irmãos Francisco Marto e Jacinta Marto são os mais novos dos sete filhos de
Manuel Pedro Marto e Olímpia de Jesus, naturais do lugar de Aljustrel, paróquia
de Fátima, da diocese de Leiria-Fátima.
Francisco nasceu
em 11 de junho de 1908 e foi batizado no dia 20 desse mês, na igreja paroquial
de Fátima. Jacinta Marto nasceu em 5 de março de 1910, tendo sido batizada no
dia 19 desse mês, também na igreja paroquial de Fátima.
Cresceram num
ambiente familiar e social modesto, profundamente cristão. A sua educação
cristã simples, mas sólida, teve como principais agentes seus pais, que foram
para eles um exemplo de fé comprometida, de respeito por todos, de caridade
para com os pobres e os necessitados. Ainda muito novos, começaram a pastorear
o rebanho da família: Francisco tinha 8 anos e Jacinta 6. Passavam grande parte
dos dias na tarefa de acompanhar as ovelhas, juntamente com sua prima Lúcia.
Em 1916, na
primavera, no verão e no outono, veem o Anjo da Paz. Entre maio e outubro de
1917, em cada dia 13 (em agosto, no dia 19) foram visitados pela Virgem Maria,
a Senhora do Rosário. Na primeira aparição, em 13 de maio de 1917, a Santíssima
Virgem fez-lhes um convite: «Quereis oferecer-vos a Deus? ». Com sua prima,
Lúcia, responderam: «Sim, queremos». A partir dessa data viveram as suas vidas
entregues a Deus e aos Seus desígnios de misericórdia.
Do perfil de
Francisco sobressai o seu jeito pacífico e sereno. A partir das aparições do
Anjo e de Nossa Senhora desenvolverá um estilo de vida caracterizado pela
adoração e pela contemplação. Sempre que podia, refugiava-se num lugar isolado
para rezar. Frequentemente, passava longas horas no silêncio da igreja
paroquial, junto ao sacrário, para fazer companhia a «Jesus escondido». Na sua
intimidade com Deus, Francisco entrevê um Deus triste face aos sofrimentos do
mundo; sofre com Ele e deseja consolá-lo.
Sendo o mais
contemplativo dos três videntes, a sua vida de oração alimenta-se da escuta
atenta do silêncio em que Deus fala. Deixa-se habitar pela presença indizível
de Deus – «Eu sentia que Deus estava em mim, mas não sabia como era! » – e é a
partir dessa presença que acolhe os outros na oração.
Em outubro de
1918 adoece, vítima da epidemia bronco pneumônica. No dia 2 de abril de 1919
confessa-se e no dia 3 de abril recebe o viático. No dia seguinte, em 4 de
abril, pelas 22.00 horas, morre serenamente em sua casa, rodeado pelos seus
familiares.
Foi sepultado no
cemitério de Fátima, em 5 de abril de 1919. Em 13 de março de 1952 os seus
restos mortais foram trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário,
no Santuário de Fátima.
Jacinta tinha um
caráter carinhoso e expansivo. Tocada pelas aparições do Anjo e da Mãe de Deus
deixa-se impressionar, sobretudo, pelo sofrimento dos «pobres pecadores» e pela
missão e sofrimento do Santo Padre. De fato, após esses encontros com o Céu,
vive completamente esquecida de si, oferecendo orações e sacrifícios para o bem
de todos quantos sofrem. A sua espiritualidade é caracterizada pela entrega
generosa de si, como um dom para os demais.
Expressa
frequentemente o desejo de partilhar com todos o amor ardente que sentia pelos
corações de Jesus e de Maria. Todos os pequenos gestos do seu dia, inclusive as
contrariedades na doença, eram motivo de oferta a Deus pela conversão dos
pecadores e pelo Santo Padre. Partilhava a sua merenda com os pobres,
oferecendo o jejum em sacrifício como sinal da sua disponibilidade para ser
totalmente de Deus. Característica fundamental da sua espiritualidade era a
compaixão, especialmente pelos que sofriam e pelos que viviam afastados de
Deus.
No final do ano
de 1918, Jacinta adoece com a epidemia bronco pneumônica. Em janeiro de 1920 é
levada para Lisboa, para ser tratada no Hospital D. Estefânia. Na noite do dia
20 de fevereiro, às 22h30 morre, sozinha. É sepultada em 24 de fevereiro, no
cemitério de Ourém. Em 12 de setembro de 1935 os seus restos mortais são
trasladados para o cemitério de Fátima e em 1º de maio de 1951 para a Basílica
de Nossa Senhora do Rosário, no Santuário de Fátima.
Os traços de
espiritualidade dos dois irmãos assumem uma vocação inseparavelmente
contemplativa e compassiva, que os leva a ser espelho da luz de Deus na prática
das boas obras.
Francisco e
Jacinta Marto foram beatificados por S. João Paulo II, em Fátima, em 13 de maio
de 2000.
Recentemente,
Vossa Santidade autorizou que a Congregação para as Causas dos Santos
promulgasse o decreto do milagre atribuído à intercessão dos Beatos Francisco e
Jacinta. Por fim, no consistório de 20 de abril deste ano, Vossa Santidade
estabeleceu a data da Canonização destes mais jovens beatos da história da
Igreja para este dia 13 de maio de 2017, durante a peregrinação ao Santuário de
Fátima, na celebração do Centenário das Aparições da Santíssima Virgem, Senhora
do Rosário.
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