Papa em Santa Marta: passar da vida morna ao anúncio de
Jesus
Durante
a homilia da Missa celebrada nesta terça-feira (23), na Casa Santa Marta, o
Papa Francisco indicou que muitas pessoas consagradas foram perseguidas por
terem denunciado atitudes de mundanidade.
Em
sua homilia, o Pontífice comentou o capítulo dos Atos dos Apóstolos, que narra
Paulo e Silas em Filipos. Uma escrava que tinha um espírito de adivinhação
começou a segui-los e, gritando, os indicou como “servos de Deus”. Era um
louvor, mas Paulo, sabendo que esta mulher estava possuída por um espírito
maligno, um dia o expulsou. Paulo – notou o Papa – entendeu que “aquele não era
o caminho da conversão daquela cidade, porque tudo permanecia tranquilo”. Todos
aceitavam a doutrina, mas não havia conversões.
Isto
se repete na história da salvação: quando o povo de Deus estava tranquilo, não
arriscava ou servia – não “digo aos ídolos” – mas “à mundanidade”, explica
Francisco. Então o Senhor enviava os profetas que eram perseguidos “porque
incomodavam”, como ocorreu com Paulo: ele entendeu o engano e mandou embora
esse espírito que, apesar de dizer a verdade – isto é, que ele e Silas eram
homens de Deus – no entanto, era “um espírito de torpor, que tornava a igreja
morna”.
“Na Igreja – afirma – quando alguém denuncia tantos modos de
mundanidade é encarado com olhos tortos, não deve ser assim, melhor que se
distancie”: “Eu
lembro na minha terra, tantos, tantos homens e mulheres, consagrados bons, não
ideólogos, mas que diziam: ‘Não, a Igreja de Jesus…’ – ‘Ele é comunista, fora!
’, e os expulsavam, os perseguiam. Pensemos no beato Romero, não? o que
aconteceu por dizer a verdade. E muitos, muitos na história da Igreja, também
aqui na Europa. Por quê? Porque o espírito maligno prefere uma Igreja tranquila
sem riscos, uma Igreja dos negócios, uma Igreja cômoda, na comodidade do
torpor, morna”. “Quando
a Igreja está morna, tranquila, toda organizada, não existem problemas, mas
olhem onde há negócios”, afirmou Francisco.
Mas
além do dinheiro, há outra palavra ressaltado pelo Pontífice, que é a
“alegria”. Paulo e Silas são arrastados pelos patrões da escrava diante dos
juízes, que ordenaram que fossem açoitados e levados à prisão. O carcereiro os
leva para a parte mais escondida da prisão. Paulo e Silas cantavam. Por volta
da meia-noite, há um forte tremor de terremoto e todas as portas da prisão se
abrem. O carcereiro está para se matar antes que fosse assassinado por ter
deixado os prisioneiros escaparem, mas Paulo o exorta a não se machucar, porque
– disse – “estamos todos aqui”. Então o carcereiro pede explicações e se
converte. Lava as feridas deles, é batizado e fica cheio de alegria”.
“E
este é o caminho da nossa conversão diária: passar de um estado de vida
mundano, tranquilo, sem riscos, católico, sim, sim, mas assim, morno, a um
estado de vida de verdadeiro anúncio de Jesus Cristo, à alegria do anúncio de
Cristo. Passar de uma religiosidade que olha demasiado para os lucros para uma
religiosidade de fé e de proclamação: ‘Jesus é o Senhor’”.
“Uma
Igreja sem mártires não dá nenhuma confiança; uma Igreja que não se arrisca
provoca desconfiança; uma Igreja que tem medo de anunciar Jesus Cristo e
afugentar os demônios, os ídolos, o outro senhor, que é o dinheiro, não é a
Igreja de Jesus. Na oração pedimos a graça e também agradecemos o Senhor pela renovada
juventude que nos dá com Jesus e pedimos a graça que ele mantenha esta renovada
juventude. Esta Igreja de Filipos foi renovada e tornou-se uma Igreja jovem.
Que todos nós tenhamos isso: uma renovada juventude, uma conversão do modo de
viver morno ao anúncio alegre que Jesus é o Senhor”. (Fonte: Radio Vaticano)
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